Já que estou percorrendo minhas memórias de viagem ao Ceará, alguns leitores do blog solicitaram a inclusão de alguma informação adicional sobre artistas cearenses. Como eles são muitos, aliás, o que não falta no Ceará é artista, vou então falar um pouco de cada um, em postagens diferentes, daqueles considerados principais ou maiores expressões. Desta feita, vou escrever algumas linhas sobre Raimundo Cela, artista dos mais conceituados, mas que ainda possui pouco reconhecimento( ou mesmo conhecimento) no circuito das artes plásticas nacional.
Engenheiro de profissão( falar dos meus colegas sempre me dá muito prazer, não sei porque...), Raimundo Cela nasceu em Sobral no Ceará em 1890, onde se iniciou na arte do desenho e pintura. Em 1910 veio para o Rio de Janeiro e ingressou na Escola Nacional de Belas Artes, onde foi aluno de Eliseu Visconti, João Zeferino da Costa e João Batista da Costa. Em 1917, com o quadro Último Diálogo de Sócrates, ganhou o Prêmio Viagem o que lhe permitiu partir para a Europa, onde morou por 5 anos, principalmente vivendo em Paris. Lá se aperfeiçoou e participou inclusive do Salão dos Artistas Franceses de 1922( Antonio Bandeira nascia) com uma paisagem. Este fato lhe valeu inclusive a inserção de um verbete no Benezit, o mais importante dicionário de artistas do mundo.
A obra acima, de autoria de Raimundo Cela, foi recentemente redescoberta e é uma das poucas naturezas-mortas realizadas pelo pintor. A outra que se tem notícia, está no acervo do MAUC em Fortaleza, que aliás possui uma excelente coleção, com inúmeros óleos e principalmente desenhos de Cela. O artista também foi um exímio gravador, tendo inclusive sido professor da cadeira de gravura na mesma ENBA a partir de 1930. Raimundo Cela faleceu em Niterói - RJ, em 1954, deixando uma obra caracterizada pelo retrato do povo e da paisagem cearense com seus barcos, pescadores, marinhas, jangadeiros e suas rendeiras de mãos fortes mas delicadas onde a luz amena e as cores relativamente pálidas de sua execução conferem todo um tom regional e nostálgico, mas de um realismo cativante, a cada peça realizada. Em tempos recentes, a Pinakotheque Cultural editou um catálogo, relativo à exposição por eles relizada sobre Raimundo Cela, com reproduções de obras e textos críticos e biográficos. Existem referências sobre o artista no Dicionário das Artes Plásticas no Brasil de Roberto Pontual e no Dicionário Brasileiro de Artistas Plásticos do MEC. É um artista cearense que vale a pena ser estudado e admirado.
Um comentário:
Excelente autor.Em 1974, fazendo uma visita ao Palacio do Governo do Ceará,residencia oficial,tomei conhecimento deste excepcional artista,quando me deparei com um acervo em nanquim,se não me falha a memoria,assinado por de Raimundo Cela.Era governador na época Dr. Cesar Calls.
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