quinta-feira, 23 de abril de 2009

Albert Marquet - Um mestre da cor

Albert Marquet, artista ainda pouco conhecido no Brasil, nasceu em Bordeaux, cidade portuária do sudoeste da França, centro da região de mesmo nome, famosa pelos excelentes vinhos que produz. E foi o porto de Bordeaux a inspiração inicial de Marquet para a iniciação nas artes, principalmente quando ainda menino, se retirava ou mesmo se escondia, em um misto de revolta e de vergonha devido a um defeito físico na perna e pela pouca visão que possuía, e lá passava o tempo desenhando o cais, as embarcações e os personagens portuários. Seu pai Joseph, era funcionário da ferrovia, sujeito algo rude e mal humorado mas sua mãe Margueritte, era delicada e sensível e logo percebeu o talento do filho, se empenhando ao máximo para que o desenvolvesse. Para tanto, vendeu um terreno que lhe pertencia e com os recursos mudou com o já rapaz para Paris, abrindo para si uma loja e matriculando Albert na École Nationale des Arts Décoratifs, onde este veio a conhecer Matisse, com quem travou uma amizade sólida que duraria pelo resto de sua vida.
Em seguida, de 1894 a 1898, Marquet juntamente com o amigo Matisse, conseguem ser acolhidos no atelier de Gustave Moreau, na École des Beaux-Arts. Em 1899 Marquet expõe pela primeira vez, no Salão da Sociedade Nacional de Belas Artes e em 1902 tem a primeira exposição coletiva, juntamente com Matisse, na galeria de Berthe Weill em Paris, que é considerada um das "grandes descobridoras" da arte moderna. Em 1905, novamente com Matisse e mais Manguin, Camoin, Flandrin, Rouault, Valtat, Vlaminck, Friez e Van Dongen, participa do fatídico Salão de Outono, o qual pela crítica de Louis Vauxcelles lhe rende, bem como a seus companheiros, o apelido de "fauves"( selvagens, feras), numa clara alusão ao escândalo que suas obras representaram. A pintura reproduzida abaixo, "Vista de Agay, as rochas vermelhas", foi uma das obras expostas na ocasião.


Marquet viajou bastante. Pintou belas paisagens, portos e marinhas por quase toda a França, principalmente as vistas do Sena em Paris, e também na Inglaterra, Itália, Alemanha, União Soviética, Argélia, Noruega e até em Estocolmo na Suécia. Casou-se em 1923 com Marcellle Martinet, a quem conheceu em uma de suas idas à Argélia, para fugir do frio do inverno de Paris, que lhe custava resfriados intermináveis.
De sua fase "fauve", os nus que pintou de Yvonne, sua modelo predileta à época, são de uma força e de uma graça sensual maravilhosa, sendo que alguns deles, como " Nu no sofá vermelho" de 1913, reproduzido abaixo, nos fazem lembrar algumas obras semelhantes do companheiro Henri Matisse.

Albert Marquet foi também desenhista, escultor e gravador, e veio a falecer em 14 de junho de 1947, vítima de câncer, e seu corpo está sepultado no cemitério de La Frette, segundo Michèle Paret, uma de suas biógrafas, "num local escolhido por Marcelle sua esposa, no topo de uma colina dominando o Sena e as paisagens que ele tanto amou."

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Henri Matisse - Um dos mestres do "Fauve"

Em uma das postagens anteriores, comentei sobre as obras em leilão de Henri Matisse e Albert Marquet, dois dos representantes do grupo "Fauves", movimento cujo nome foi adotado a partir dos comentários feitos pelo crítico de arte francês Louis Vauxcelles, ao definir Matisse e seus companheiros pelas obras expostas no Salão de Outono de 1905. Claro que na verdade, o crítico ressaltava o escândalo que tais pinturas representavam.

Henri Matisse passou a ser a partir daquele momento, o lider do movimento "fauve" (selvagem, fera), que ainda reunia artistas como o já citado Marquet e também Manguin, Puy, Vlaminck, Derain, Friez, Van Donguen e Rouault.

Matisse nasceu em 31 de Dezembro de 1869 em Cateau Cambrésis, no norte da França, e tornou-se artista depois de ter cursado direito, para desgosto de seu pai, que o via como um homem de leis. Em Paris, frequentou a Academia Julian em 1891, onde estudou com Bouguereau. Em seguida, frequentou o atelier de Gustave Moreau na Escola de Belas Artes de Paris, onde encontra Rouault, Manguin e Camoin. Em seguida, conhece Rodin e Pissarro e se apaixona pela pintura impressionista. Logo em seguida, em contato com a obra de Signac, passa por um breve período pela pintura divisionista, mas com um traço pessoal onde as pinceladas eram retangulares e mais largas, com justaposição de cores puras complementares. A passagem para o estilo dos "fauves" foi uma mera evolução neste processo. Um colorido intenso unido a um domínio completo do desenho. O resultado foram obras de uma beleza extraordinária, sejam nas paisagens, nas naturezas mortas, nos retratos e principalmente nos nus femininos, onde toda uma sensualidade bem comportada exala das telas. O quadro reproduzido abaixo, Odalisca com faixa verde, pertencente ao Museu de Arte de Baltimore, é um exemplo claro dessa fase.


Matisse foi também escultor, desenhista, gravurista, ceramista e muralista, tendo inclusive desenvolvido toda a decoração, incluindo o crucifixo do altar e os paramentos da Capela do Rosario de Vence. Faleceu no dia 3 de Novembro de 1954 em Nice. Sem dúvida um mestre, um artista completo, e os preços alcançados recentemente por suas obras demonstram isso.

Para quem gosta do pintor e quer ter um pouco mais de intimidade com sua obra, ocorrerá de 13 de Setembro a 15 de Novembro de 2009, como parte das celebrações do Ano da França no Brasil, a exposição "Matisse Hoje", na Pinacoteca do Estado de São Paulo, com mais de 40 obras, muitas delas trazidas da França, que com certeza será imperdível.

Numa próxima postagem, comentaremos algo sobre Albert Marquet, outro grande pintor do movimento "fauve" francês. À bientôt!