Quaglia possui uma qualidade de desenho ímpar e um trato da figura e das cores digna de mestre, daquele que conhece o ofício mas não se ufana por isso. Seus quadros aparecem constantemente em leilões mas não chega a ser dos artistas mais lembrados ou mesmo conhecidos. Sua postura é discreta como suas obras. É artista premiado e viajado. Aperfeiçoou sua pintura no Taller Boj em Madri, Espanha, e tanto conhece o assunto que se tornou professor. O auto-retrato abaixo mostra o refino da obra de Quaglia, tanto no desenho sutil como na paleta equilibrada e madura.
João Quaglia participou ao longo de sua vida de inúmeras exposições individuais e coletivas, no Brasil e no exterior, entre elas do Salão Nacional de Arte Moderna e da V Bienal de São Paulo de 1959. É também muralista, tendo executado os murais da Base Aérea de Salvador na Bahia, do edifício Suerdick na mesma cidade e da Embaixada do Brasil em Madri, na Espanha. Seus quadros já se encontram hoje em inúmeras coleções públicas e privadas, incluindo o Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, o Museu do Estado da Bahia, o Museu de Arte Moderna de Sergipe e o Museu da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
As telas de Quaglia tem como tema predominante a figura humana, retratada dentro de um expressionismo que adquire aspectos até dramáticos, onde homens, mulheres e crianças dotados de membros que demonstram uma liberdade nada convencional, conversam, trabalham e até se divertem, sempre com um ar de grande discrição. Mais raros são seus casarios, como o reproduzido acima, que também carregam sua marca de excelente desenho e paleta de muito bom gosto.
João Quaglia é sem dúvida um grande artista, um mestre de alto nível, cujo conjunto da obra merece ser cuidadosamente estudado e preservado, para que lhe seja conferido com o tempo, o seu devido valor e lugar na história da arte brasileira. Fica aqui a nossa mais sincera homenagem.