quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Ainda os leilões - Arte Latinoamericana

A arte latinoamericana também terá sua prova de fogo frente à crise financeira internacional. Sotheby's (18 e 19/11) e Christie's(19 e 20/11) realizarão seus leilões em Nova York, ambas com catálogos incluindo nomes fortes da arte latinoamericana como Rufino Tamayo, Diego Rivera, Torres-Garcia, Wilfredo Lam e outros. Dos brasileiros destaques para Portinari, Di Cavalcanti, Volpi, Sérgio Camargo, Cildo Meireles e a "coqueluche do momento" Beatriz Milhazes. Quanto a valores das obras de brasileiros, realce para o Trípitco 155, 156 e 157 de Sérgio Camargo na Sotheby's, com estimativa de US$ 300.000 a US$ 400.000. Abaixo, veja a imagem de um Di Cavalcanti, Favela, de pequenas dimensões mas muito bom, que vai a leilão na Christe's, com uma estimativa de US$ 30.000 a US$ 40.000. Na minha opinião, uma pechincha!




fonte: Christie's.com
As demais obras de artistas brasileiros também estão com estimativas bem razoáveis e só não serão vendidas se os efeitos da crise financeira forem ainda mais devastadores do que se mostraram até agora. Para aqueles que podem, é o momento certo de comprar. Vamos aguardar anciosos pelos resultados pois, sempre de alguma forma, eles influenciam nosso mercado interno de arte. Se você gosta, tem recursos e vontade de investir em arte de primeira linha, a hora é agora. Aconselhe-se bem, vá em frente e bons negócios!

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Leilões da Sotheby's e Christie's - Como serão?

Na próxima semana acontecem em Nova York, importantes leilões de arte moderna e impressionista nas famosas casas de leilões Sotheby's (dia 3/11) e Christie's(06/11). A expectativa é enorme pois, em meio a esta imensa crise financeira mundial, todos estão querendo saber o que vai acontecer, nesta que pode ser a primeira prova de fogo para o mercado de arte internacional. O pior, é que as coisas já não começaram bem: A obra abaixo de autoria de Pablo Picasso, entitulada Arlequim de 1909, cuja estimativa era da ordem de US$ 30 milhões, foi retirada do leilão da Sotheby's pois seu proprietário, alegando motivos particulares, teria mesmo é receio da eventual desvalorização em função da crise atual.


Fonte: CBC.Ca News

Além desta obra, ambas as casas oferecem uma série de trabalhos importantes e magníficos de artistas como Monet, Renoir, Braque, Leger, Kandinsky, Sisley e outros nomes importantes, além de vários Picasso. Vamos esperar e ver no que vai dar. Eu particularmente espero que seja um sucesso e que a máxima de que "as obras de arte são resseguro de crise" prevaleça.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Um breve passeio pelas Bienais do passado II

Continuando nosso passeio pelas Bienais e alguns de artistas delas participantes, me sinto na obrigação de falar de Arthur Luiz Piza, a quem já prestei uma justa homenagem lá embaixo neste blog, pelos seus 80 anos de vida. Piza foi sem dúvida um dos maiores participantes da Bienal de São Paulo, tendo suas obras sido expostas ao grande público nas edições de 1951 a 1963 e também na de 1967, conquistando ainda o Grande Prêmio Nacional de Gravura em 1959 e o Prêmio de Aquisição de 1967. Seus relevos, recortes e gravuras são hoje disputados por colecionadores ao redor do mundo, o que mostra que sua proposta e trabalho foram amplamente aceitos nos meios artísticos internacionais, sendo que suas obras integram os acervos dos maiores e mais importantes museus de arte moderna e contemporânea do mundo, como por exemplo o Art Institute of Chicago, o MoMa de Nova York, Museu Guggenheim EUA entre muitos outros. A obra abaixo, uma gravura executada em metal/goiva, é um exemplo característico do trabalho primoroso que Piza desenvolveu ao longo de sua brilhante carreira. Mais um caso em que a Bienal de São Paulo mostrou e premiou, e a crítica e o público foram unânimes em reconhecer em Piza um dos maiores artistas contemporâneos brasileiros.







Já que estamos no campo da arte abstrata, vou falar um pouco de Maria Leontina, uma das artistas que mais participou da Bienal de São Paulo, estando presente na I, III, IV, V, VI e IX edição da Bienal (entre 1951 e 1967), com prêmios de aquisição em 1951 e 1953 e isenção de juri em 1961. Esposa do famoso pintor Milton da Costa, Maria Leontina Franco da Costa faleceu em 1984 e teve vida artística intensa tendo participado inclusive da Bienal de Veneza de 1950 e do Salão de Maio de Paris de 1952. Da sua vasta produção, destacamos as obras por alguns chamadas de estilo "abstrato-expressionista", tendendo à geometrização da qual se utilizou em sua primeira fase, onde se tornaram famosos os "estandartes". A obra abaixo, um pastel sobre papel cartão preto, é um típico exemplo da obra de Maria Leontina, cujos trabalhos também complementam importantes coleções no Brasil e no exterior. Mais um caso em que o pessoal da Bienal só acertou......




Nas próximas postagens, vou continuar a tratar de artistas de antigas Bienais. Não que o que esteja sendo mostrado atualmente não seja bom, longe disso, mas é que sinto uma saudade!! Principalmente porque naquela época não havia pixação deliberada nos pavilhões, por mais que ela também possa ser considerada como forma de expressão legítima e até de arte. Talvez os resultados das antigas bienais deveriam ter sido melhor divulgados e até ensinados nas salas de aula. Mas sou um otimista e acho que ainda dá tempo. Até a próxima!

Um breve passeio pelas Bienais do passado

Foi aberta no último Domingo, 26 de Outubro, a 28a. Bienal de São Paulo. Sob aplausos de uns e críticas de outros, o importante é que desde 1951, quando ocorreu a primeira delas, a cidade de São Paulo e também o Brasil, tem a oportunidade de travar contato com a chamada, digamos, "vanguarda atualizada" das artes plásticas mundial. Inegavelmente, alguns dos artistas que passaram por elas ao longo destes 57 anos, se transformaram em verdadeiros ícones das artes, geradores de tendências que foram seguidas por inúmeros outros jovens artistas ao redor do mundo. Hoje em dia, muito se questiona a razão da existência das bienais. A primeira delas, a de Veneza, que teve sua primeira edição em 1895, continua ainda a ser um grande peso no curriculum de quem nela teve a oportunidade de exibir seus trabalhos. A bem da verdade, com a Bienal de São Paulo não deixa de ser diferente, pois a mostra ganhou importância considerável no circuito das artes mundial, mesmo depois de algumas poucas edições. Suas salas especiais já dedicaram espaço e atenção a vários artistas, europeus e latinoamericanos como Picasso, Volpi e muitos outros, cujas obras hoje em dia, se tornaram verdadeiros objetos do desejo de muitos colecionadores e museus.


Das antigas bienais, cujas obras apresentadas ainda guardam maior identidade com a grande massa do público de hoje em dia, gostaria de lembrar de alguns artistas, os quais em minha opinião, marcaram suas presenças com propostas interessantes, algumas delas talvez, ainda não compreendidas:

Começo com Valdir Sarubbi, artista paraense, que participou das Bienais de 1972 e 1974(hors concurs). Sarubbi, que infelizmente morreu de forma precoce em 2000, era possuidor de um desenho de altíssima qualidade, reconhecido e premiado no Brasil e no exterior. Em suas diversas fases, trouxe para o plano da tela ou do papel, uma temática baseada na vida amazônica, enaltecendo a sua própria origem e dando o devido valor ao que é nosso, ao que é brasileiro. A obra acima, um estudo para a série "Este Rio é Minha Rua", exala uma certa "amazonicidade", se é que o vocábulo existe, nos transportando para um barco a percorrer os igarapés existentes na imensidão amazônica. As obras de Sarubbi, mesmo suas gravuras, são raríssimas e acredito que com o tempo, o reconhecimento desse grande artista virá.


Outro participante da Bienal de São Paulo(1994) que merece menção é Saint Clair Cemin. Este gaúcho de Cruz Alta, nascido em 1951, é hoje um dos mais destacados artistas brasileiros no exterior. Com ateliês no EUA e Europa e obras em vários museus e coleções particulares ao redor do planeta, Saint Clair vem realizando um trabalho marcante, principalmente no campo da escultura. Suas peças são disputadas nos melhores leilões de arte de Sotheby's e Christie's, atingindo algumas delas preços bem altos. Só para exemplificar, no próximo dia 20 de Novembro, uma escutura sua, executada em madeira e metal, vai a leilão na Christie's de Nova York com estimativa entre US$ 12.000 e US$ 18.000. A obra acima, é um desenho de Saint Clair da dec. 70, quando ele ainda estudava na França. Ainda vamos ouvir muito dele por aí....

Um artista do qual gosto muito do trabalho, autor da obra acima e que participou da Bienal de São Paulo de 1967, é Gilberto Salvador. Considero seu trabalho consistente e todas as suas fases possuem um fio condutor, que dá ao conjunto da obra uma coerência muito grande, sinal de evolução embasada em pesquisa e muito, mas muito trabalho. Hoje além das atividades de artista plástico, Gilberto Salvador criou uma fundação que leva seu nome, e que patrocina e gerencia uma série de eventos e atividades no âmbito da cultura. Mais um nome consagrado que passou pelos pavilhões do Ibirapuera.............
Na próxima postagem, vou selecionar mais alguns participantes de Bienal que vale a pena serem lembrados. Afinal, temos quarenta dias para falar e principalmente visitar a Bienal. Nem que seja por pura diversão.





segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Obra redescoberta de Paulo do Valle Junior



A paisagem acima, de autoria do artista paulista Paulo do Valle Junior, falecido em 1958 , foi redescoberta recentemente, na coleção de uma tradicional família paulistana. Pintada em 1911 durante sua estada na França, quando era pensionista do governo do estado de São Paulo, mostra todas as qualidades do grande mestre, mesmo contando ele à época com apenas 22 anos. Com uma paleta já madura e um desenho preciso, o pintor conseguiu trazer para a pintura todo o clima da Paris do começo do sec.XX e suas famosas pontes. Segundo nos foi contado, a obra está fora da moldura há muito tempo e foi guardada em uma gaveta com outros papéis da família, o que explica o bom estado de conservação da pintura, mesmo estando ela perto de completar 100 anos. Um raro trabalho digno de ser contemplado. Espero que gostem!!