sexta-feira, 22 de julho de 2011

Leilão Soraia Cals e Evandro Carneiro de Julho 2011

Acontecerá nos próximo dias 26 e 27 de Julho mais um leilão de Soraia Cals e Evandro Carneiro, que tem tudo para ser um sucesso. Os interessados deverão chegar cedo pois o pregão começa com uma série de desenhos, sobre certo aspecto de execução simples, de autoria de Di Cavalcanti, mercadoria escassa hoje em dia no mercado, principalmente quando se leva em conta qualidade e procedência. O artista está presente também com alguns óleos de muito bom gosto e preços interessantes.

O destaque da primeira noite ficará por conta de Antonio Bandeira, presente com dois óleos magníficos, estando o melhor deles reproduzido abaixo, denominado apenas por "Abstrato", uma tela com dimensões de 108 x 145 cm, assinada e datada de 1964, que irá para a parede do colecionador que desembolsar algo em torno de R$ 3 milhões para comprá-la. Pela escalada de preços das obras de Bandeira nos últimos anos, principalmente motivada pelo reconhecimento da importância do artista junto ao movimento do abstracionismo lírico, em companhia de Wols e outros, e pelas inúmeras exposições sobre o artista em tempos recentes no Brasil e mesmo no exterior, podemos dizer que o futuro comprador ainda dará boas risadas pela bagatela que vai pagar. Acredito que as obras de Antonio Bandeira ainda têm muito fôlego de valorização pela frente.



Outra peça que merece menção é a escultura em mármore de Maria Martins reproduzida abaixo, "Anna Maria", que possui estimativa de R$ 680 mil. Pela beleza e raridade da peça, somados à importância e envergadura da artista, considero até próximo de uma "pechincha". Minha opinião é que essa peça sai de lá vendida.





Claro que como nos demais leilões promovidos por Soraia Cals e Evandro Carneiro, há um corte longitudinal na produção artística brasileira de muito bom gosto, com obras para todos os "apetites". Marinhas de Garcia Bento e Castagneto, modernos como Goeldi, Cícero Dias e Portinari, ingênuos e naifs como os "Silva" José Antonio e Francisco, além é claro, de uma boa seleção de contemporâneos que inclui nomes como Daniel Senise, Gonçalo Ivo, Franz Krajcberg entre muitos outros. Vale a pena conferir.

sábado, 28 de maio de 2011

Jacques Douchez - Uma breve mas justa homenagem

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The post below is about the french born painter Jacques Douchez, who lives in Brazil since 1947, and dedicated his career to abstract works, mainly tapestry, where he explored the volume, on very beautiful works, exhibited all around the world, in an gourgeous abstract language, which made him one of the most famous contemporary brazilian artists.


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Há alguns dias, me senti atraído a adquirir um guache de um artista que considero excepcional: Jacques Douchez. Era uma obra daquelas que chamo "gostosa". Na minha interpretação da obra do artista, via dois peixes estilizados em formas geométricas, num colorido suave, quase frio, em tons de azul, verde e lilazes, que me fazia sentir tranquilo, calmo, exatamente o que muitos dizem que sentem quando vêem peixes em um aquário. Essa extraordinária capacidade de transmitir por uma obra de arte tais sensações é atributo inerente aos grandes mestres, denominação que veste de forma elegante este renomado artista. Não consegui comprar o guache mas minha admiração por Douchez só aumentou.

Jacques Douchez nasceu em Mâcon, França, no ano de 1921, e chega aos seus 90 anos com uma extensa obra onde prevalecem as gravuras, pinturas e principalmente as tapeçarias, como a reproduzida acima, arte na qual se especializou a partir de 1957, após ter participado do Atelier de Abstração de Sanson Flexor, tendo inclusive à época formado com Norberto Nicola o atelier Douchez-Nicola, no qual a tridimensionalidade da tapeçaria começou a ser explorada gradativamente, ao ponto de chegarem a ser consideradas "esculturas tecidas".




Participou de várias Bienais de São Paulo, sendo sua primeira exibição nesta mostra em 1953, na II Bienal, onde exibiu pinturas. Exibiu seus trabalhos, principalmente suas tapeçarias, em várias mostras individuais e coletivas no Brasil e no exterior. Em 1990, após longo período de concentração na arte da tapeçaria, volta a pintar, sempre de forma abstrata, reproduzindo alguns projetos antigos de suas formas tecidas.




Jacques Douchez chega aos 90 anos merecendo de todos os agentes do mercado de artes o reconhecimento, o respeito e a admiração por um trabalho coerente, consistente e acima de tudo de uma qualidade estética extraordinária, o que faz desse grande artista, por mais que nascido na França, um grande nome da arte abstrata brasileira.

sábado, 2 de abril de 2011

Painel de Di Cavalcanti sofre ato de vandalismo

O painel de Di Cavalcanti denominado " Imprensa", que pertencia ao antigo Hotel Jaraguá, no centro da cidade de São Paulo, foi cruelmente "ferido" por um vândalo, que aparentemente se denomina "Exorcista". Este infeliz deveria é então exorcizar a si próprio, pois só um demônio seria capaz de danificar uma obra importante de um dos maiores artistas brasileiros e da humanidade. E esse demônio tem nomes: falta de educação, falta de respeito, ignorância, desprezo pelo patrimônio público e privado entre outros. E o pior é que esta "besta" encarnada deve ter se divertido com isso, pondo seu apelido junto à assinatura de um dos mais célebres pintores que o mundo já produziu. Só podemos lamentar, quando não chorarmos de tristeza e desconsolo por termos um povo que desconhece totalmente a sua história. Isso talvez seja fruto de BBBs e outros achincalhes ao bom senso que existem disseminados pela mídia brasileira aliados a um total descaso das autoridades políticas brasileiras quanto ao nível de educação da nossa população.
A pichação no painel de Di Cavalcanti.

Este painel foi executado por Di Cavalcanti na década de 50 pelo processo de mosaico em pastilhas de vidro, o mesmo utilizado pelo artista em outros trabalhos da época, como a fachada do Teatro Cultura Artística de São Paulo, outro monumento maravilhoso, que esperamos seja sempre bem preservado. Abaixo, seguem duas imagens mais antigas do painel, assinatura e visão geral, antes do "atentado" . Percebemos que antes havia um espelho d'água, que de certa forma protegia o mosaico.
Esta é a assinatura do trabalho



Foto antiga do mural. Percebemos o espelho d'água que o protegia

crédito das imagens: Renato Wandeck e UOL/Folha


Que o ocorrido, além de trazer tristeza e lamentação, abra os olhos de nossos homens públicos, principalmente aos ligados à arte e cultura, para a necessidade de cuidado e preservação de verdadeiros tesouros que se encontram espalhados por muitas cidades do nosso país.