quinta-feira, 7 de maio de 2009

Christie's New York - Resultados do leilão de arte moderna e impressionista

Ontem ocorreu o leilão de Arte Moderna e Impressionista de Christie's de Nova York. Desta vez quem brilhou foi Picasso, onde cinco telas do pintor foram vendidas, sendo a mais cara delas a obra "Mousquetaire à la pipe" de 1968, reproduzida abaixo, que foi arrematada por nada menos que US$ 14,6 milhões, quando a estimativa inicial era de US$ 12 - 18 milhões.


As vendas totais alcançaram a nada desprezível soma de US$ 102,7 milhões, quando 39 dos 50 lotes colocados à venda foram vendidos(78%). Várias obras alcançaram preços extraordinários como o pastel de Edgard Degas "Aprés le bain, femme s'essuyant", que foi arrematado por US$ 5,9 milhões e a obra "Portrait de Madame M." de Tamara de Lempicka, que foi vendida pelo valor de US$ 6,13 milhões.

Interessante notar que algumas obras de mestres impressionistas, da mesma forma como já ocorrera na Sotheby's no dia anterior, foram vendidas por preços bem acima de suas estimativas iniciais, indicando uma boa disputa e que talvez estejamos certos, quando dos comentários feitos sobre o leilão ocorrido na Sotheby's. Podemos citar como exemplo a obra de Camille Pissarro reproduzida abaixo, "La cuillette de pommes", que de uma estimativa inicial de US$ 1,4 a 1,8 milhões, foi vendida por US$ 3,33 milhões.


O que reforça nosso argumento da procura de qualidade por preço conveniente é que obras de artistas como Matisse, Gauguin, Gros e até pré-impressionistas como Corot, encontraram compradores, sendo que alguns deles até com boa disputa. Será interessante esperar e ver também como serão os leilões de arte latinoamericana das duas maiores casas, Sotheby's e Christie's, previstos para o final deste mês de maio. Temos a esperança de que os colecionadores internacionais voltem suas atenções para a arte latinoamericana, ainda, em minha opinião, pouco reconhecida dentro do contexto internacional do mercado de arte. A alta qualidade e importância histórica das obras latinoamericanas falar por si. Vamos aguardar.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Resultados do Leilão da Sotheby's New York

Ontem ocorreu em Nova York, o leilão de arte impressionista e moderna da Sotheby's, a tão esperada "evening sale", com as obras consideradas de maior importância e preço. Infelizmente, a estrela da noite e capa do catálogo, a pintura de Pablo Picasso "La fille de l'artiste à deux ans et demis avec un bateau" não foi arrematada. Outra peça cara da noite, uma escultura de Alberto Giacometti, "Le Chat", que possuía a mesma estimativa do Picasso, ou seja, US$ 16 a US$ 24 milhões, também não encontrou comprador, na noite em que as vendas totais chegaram a US$ 61,37 milhões e 29 dos 36 lotes oferecidos foram vendidos(80%). Não foi nada mau, mas poderia ter sido muito melhor se as duas obras mais caras da noite, descritas acima, tivessem sido vendidas. Em compensação, as obras do quarteto base do Impressionismo, Monet, Pissarro, Renoir e Sisley, encontraram compradores e com disputa, pois seus valores ultrapassaram, e bem, as estimativas iniciais. A obra reproduzida abaixo por exemplo, "Claude Monet e Mme Henriot", de autoria de Pierre-Auguste Renoir, cuja estimativa estava entre US$ 1,5 e US$ 2 milhões, foi arrematada por mais de US$ 3,2 milhões.



Outra obra que superou em muito as expectativas, foi "Composition in black and white with double lines", de autoria de Piet Mondrian, que de uma estimativa inicial de US$ 3 - 5 milhões, saltou para US$ 9,266 milhões. O que se pode concluir é que o mercado de arte fina mundial está realmente priorizando a qualidade, mas exigindo, no mínimo, estimativas mais adequadas à situação financeira mundial. Claro que sempre existe nessa exigência um "quê" de especulação, pois que tem dinheiro para investir em arte, vai tentar fazê-lo render ao máximo, colocando um pouco as paixões de lado. Em minha opinião, o mercado está começando a apresentar uma racionalidade salutar. Como consequência, vejo que obras de pintores impressionistas estão sendo consideradas "baratas" em função de sua importância dentro do contexto da arte mundial. Outro fator que indica esta tendência, está sendo a queda apresentada nas vendas de arte contemporânea, cuja solidez ainda está por ser testada. Vamos aguardar e ver o que no que vai dar mas se o leitor quiser arriscar, acredito que se comprar uma obra impressionista ou mesmo pós-impressionista ( Marquet, Matisse e etc), dificilmente deixará de ganhar um bom dinheiro no futuro, claro, se a intenção for investimento. Se o retorno esperado da compra for a contemplação, aí o retorno é incalculável.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Camille Pissarro - Um dos pilares do Impessionismo

Camille Pissarro foi também um dos fundadores do movimento impressionista francês, e segundo alguns críticos e estudiosos, um dos mais importantes. Sua pesquisa no campo pictórico talvez tenha sido a mais intensa de todas. Não tivesse ele migrado por um certo tempo para o pontilhismo, quem sabe não fosse ele considerado o pai do movimento, juntamente com Monet. Alguns pesquisadores mesmo assim, o consideram o primeiro impressionista.

Camille Pissarro nasceu no dia 10 de julho de 1830, na ilha de Saint-Thomas no Caribe, filho de pais judeus que possuiam um estabelecimento comercial no porto de Charlotte-Amalia. Desde muito cedo o menino Camille demonstrou talento para o desenho. Passava horas, quando podia, a desenhar árvores, coqueiros e homens de chapéu "Bolivar". Em 1841, seus pais decidem mandá-lo para a França para estudar, mas ele gastava o tempo desenhando, não se importando muito com os estudos, o que lhe custou severa admoestação de seu pai. Passando seis anos na Europa, Pissarro volta para Saint-Thomas e acaba assumindo a função de controlador do negócio da família. Mesmo com tanta ocupação, os cinco anos que permaneceu na função não impediram que ele continuasse a desenhar a natureza da ilha, sempre sonhando em se tornar um pintor. Com a maioridade de Camille Pissarro, seu pai se convence de que não conseguirá fazê-lo desistir da idéia de se tornar um artista e acaba o apoiando. Após participar de uma expedição à Venezuela para documentação da paisagem, flora e fauna local, junto ao pintor Fritz Melbye, Pissarro ruma para Paris com a ajuda financeira do pai, lá chegando em 1855, poucos dias antes do encerramento da Exposição Universal. Lá, tem contato com as obras de Delacroix, Ingres, Millet, Courbet e Corot, com as quais fica deslumbrado pelas cores, o desenho e a graça das paisagens, principalmente as de Corot, que foi quem mais o influenciou. Em 1857, na Académie Suisse, conhece o jovem Monet, pintor dez anos mais jovem que ele, com o qual trava sólida amizade e verdadeira cumplicidade pictórica. Muitos historiadores da arte dizem que Monet deve muito a Pissarro e Pissarro muito a Monet. Com Monet, se juntam ao grupo Sisley e Renoir, e o quarteto é considerado pela história como sendo a base do impressionismo. Dentro da questão pictórica, talvez tenha sido Pissarro quem mais contribuiu.


Camille Pissarro - " Café au Lait" - acervo do Art Institute of Chicago

Pissarro pintou na Inglaterra, onde se estabelecera fugindo da guerra de 1870, lá reencontra Monet e vem a conhecer o marchand Paul Durand-Ruel, que logo lhe compra duas telas, aliviando as dificuldades do artista. Não é à toa que Durand-Ruel seria chamado mais tarde de o "São Vicente de Paulo dos Impressionistas".
Participa em 1874 com seus companheiros impressionistas da exposição no estudio do fotógrafo Nadar, e também recebe duras críticas, que muito o magoaram. Afinal, era um dos que mais pesquisava, experimentava e tentava captar a realidade das paisagens que pintava e não se conformava com a incompreensão do público e de boa parte da crítica. Mesmo assim, nunca parou de pintar e experimentar. Tinha um coração grande e sensível o que também fazia com que se preocupasse com os amigos, mesmo passando por sérias dificuldades materiais, como por exemplo com o pintor Guillaumin, que o tinha como um protegido. No campo pictórico, deu muitos conselhos a Cézanne, que o tinha como o maior conhecedor da técnica pictórica e a quem deve também o desenvolvimento de uma paleta espetacular.
Na década de 1880, da mesma forma como aconteceu como Monet e Renoir, Pissarro busca um novo estilo que o satisfaça, algo diferente que tranquilize seu espírito inquieto de contínua busca, experiência e aprendizado. Com isso atravessa um período pintando em estilo pontilista, com justaposição das pinceladas em forma de vírgula, decompondo os tons, algo baseado nas teorias de Chevreul, Maxwell e Road, onde as cores justapostas de um tom decomposto poderiam se fundir na retina do observador, obtendo assim o efeito visual desejado de unidade de tom. A experiência nesse estilo é relativamente curta, o que não o impediu de realizar belas obras.
Camille Pissarro "A Vista do meu jardim em Eragny"
Na década de 1890, Pissarro retorna ao estilo impressionista, com algumas obras apresentando uma execução mais suave mas com uma precisão de desenho extraordinária. As pinceladas ficam mais largas e a paleta tende à gama dos ocres. A obra reproduzida abaixo, " Horta em Eragny" é um bom exemplo desta última fase de Pissarro.

Nos últimos anos, até sua morte em 1903, Pissarro pintou em Eragny, em Dieppe e principalmente Paris, onde registrou em suas telas magnificas paisagens do Sena e algumas de suas pontes, em tons ocres a azuis suaves, de um encanto formidável.
Pissarro deixou também uma extensa obra gravada, onde em águas-fortes muito bem executadas e acabadas, registrou paisagens, cenas do cotidiano, principalmente dos camponeses, os quais fez questão de reproduzir em toda a sua rudez e naturalidade.
Hoje em dia, as obras de Camille Pissarro são destaque nos leilões internacionais e sempre disputadíssimas, o que faz com que seus preços cheguem a vários milhões de dólares. A obra reproduzida abaixo "LA VALLÉE DE LA SEINE AUX DAMPS, JARDIN D'OCTAVE MIRBEAU" é um exemplo. Foi arrematada ontem, 5 de maio de 2009, na Sotheby's de Nova York, por um pouco mais de US$ 2,5 milhões.

A certificação e catalogação da obra de Pissarro está também sob os auspícios do Wildenstein Institute de Paris, com isso já dá para imaginar a dificuldade que é para conseguir a certificação de uma obra desconhecida.

Em próximas postagens, voltarei a comentar sobre outros importantes artistas pertencentes ao movimento impressionista. Até breve!