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domingo, 22 de junho de 2025

Anita Malfatti - O Varal ou Roupas no varal

                          Anita Malfatti - O Varal ou Roupas no Varal

 A obra acima de Anita Malfatti, que podemos chamar de O Varal ou Roupas no varal, é um óleo sobre madeira de execução mesclada impressionista com um toque de expressão nos troncos das árvores à direita, o que talvez nos permita situar a mesma no período entre 1918 e 1922, após a fatídica exposição de suas obras expressionistas, "detonada" por assim dizer, pelo artigo de Monteiro Lobato, intitulado "Paranóia ou Mistificação". A pintura está delicadamente assinada em vermelho no canto inferior esquerdo com uma dedicatória " Ao Mario (Mario de Andrade?) Off. Anita C. Malfatti". 

Interessante perceber que a execução em grande parte impressionista, com impasto generoso, é extremamente precisa, com toques únicos, com nítida preocupação do realce da luz. A foto não consegue nem de longe, mostrar toda a beleza e qualidade da obra. É sabido que após o baque da crítica de Lobato e o encerramento da exposição, Anita se recolheu e sua pintura sofreu enormes modificações, deixando para trás a força do expressionismo de "O Homem Amarelo" , " O Japonês" , " A Boba" ou a "Estudante Russa". Esse dito retrocesso, teria deixado Mario de Andrade de certa forma desgostoso pois ele gostaria que Anita continuasse na sua ação de vanguarda. Em uma crônica de 1924, podemos destacar o seguinte trecho: "...Depois da exposição, Anita se retirou. Foi para casa e desapareceu, ferida. Mulher que sofre. Todo aquele másculo poder de deformação, que dirigira as pinceladas do Homem Amarelo, da Estudante Russa, desaparecera. Mulher que sofre. Quis voltar para trás e quase se perdeu. Começou, para contentar os silvícolas, a fazer impressionismo colorido". Estaria Mario de Andrade olhando para esse quadro, eventualmente a ele presenteado por Anita, quando escreveu estas palavras? Creio que a propabilidade seja enorme. O verso da obra contém uma pintura também com traços algo impressionistas de uma cena rural, possivelmente da Fazenda Santa Cruz das Palmeiras, local onde Anita passou uns tempos, experimentando novos rumos para sua pintura após a exposição de 1917/18. De qualquer forma, é perceptível os resquícios expressionitas na gestualidade das árvores e no contraste entre o verde e o amarelo para representar a luz do ambiente. Considero esta obra uma espécie de elo perdido entre o período expressionista  e a produção "amenizada" de Anita Malfatti pós artigo de Monteiro Lobato, que culminou com as paisagens e cenas da vida rural, repletas de poesia. Não poderia deixar de compartilhar esta magnífica pintura.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Ottone Zorlini redescoberto



Foi com grande emoção que encontrei a obra reproduzida acima, uma técnica mista sobre papel, já algo oxidado, tido na ocasião como de autoria desconhecida. Na verdade, o trabalho veio das mãos de Ottone Zorlini, artista de origem italiana que chegou ao Brasil no começo do século XX. Está inclusive assinado e datado de 4-11-60. Pintor, escultor, desenhista e ceramista, Zorlini é considerado por muitos, inclusive pelo saudoso Pietro Maria Bardi, como pertencente ao grupo Santa Helena, uma vez que pintou durante muito tempo nas décadas de 30 e 40 ao lado de Volpi, Zanini e Rebolo, membros máximos do referido grupo. O fato de sua obra também estar fundada nas paisagens, marinhas e figuras, endossa ainda mais a afirmação.

Ottone Zorlini nasceu em Gorgo al Monticano - Treviso, na Itália em 1891 e faleceu em São Paulo em 1967. Estudou na Academia de Belas Artes de Veneza e ainda na Itália, trabalhou como ceramista e escultor. Em 1927, quando chega ao Brasil, tem íntimo contato com a colônia italiana da cidade e já no ano seguinte realiza o famoso Monumento aos Heróis da Travessia do Atlântico. Por sua atividade intensa na área do desenho, pintura e escultura, participa inclusive da formação do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo. É sem sombra de dúvida um dos nomes mais importantes da pintura figurativa paulista, tendo participado de inúmeras exposições individuais e coletivas.

O Instituto Volpi (www.institutovolpi.com.br) divulga em seu site o Projeto Ottone Zorlini, que catalogará a importante obra do artista. Vale a pena acompanhar.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

É Zanini. Mas será que também pode ser Volpi?

Mario Zanini -  Pescadores -Máscara para pintura de azulejo - tmp - 15cm x 15cm

                     No ano passado, 2015, adquirimos num leilão uma peça interessante: Uma máscara para marcação do biscoito, nome dado ao azulejo antes da queima, de autoria de Mario Zanini(vide reprodução acima). Um desenho refinado  feito em sanguínea, cujas linhas foram perfuradas para "passar" a marcação do desenho sobre a base a ser pintada. Com certeza é da década de 40, período em que Zanini, assim como outros artistas do grupo Santa Helena, participaram da produção de azulejos na Osirarte de Paulo Claudio Rossi Osir, capitaneados por Volpi e o próprio Zanini, auxiliados por Hilde Weber e outros mais que tiveram passagem rápida pelo ateliê como Franz Krajcberg e Ernesto De Fiori.
                      Existem no mercado várias versões do azulejo, todas elas vindas dessa máscara, onde há entre elas variações das cores, detalhes das figuras e do fundo, mas sendo que as figuras são basicamente as mesmas. Abaixo temos a reprodução de uma dessas versões.

Mario Zanini - Pescadores - Azulejo Osirarte - 15cm x 15cm
                       O curioso da história desta aquisição é que localizei num catálogo de outubro de 2005 da Soraia Cals do Rio de Janeiro a imagem abaixo, de um desenho a carvão atribuído a Alfredo Volpi, procedente de uma coleção de peso, cujo motivo é exatamente, ou quase, o desenho da máscara que temos hoje no acervo. Sabe-se que Volpi e Zanini andavam sempre juntos à época e que muitos trabalhos na própria Osirarte foram feitos a quatro mãos, mesmo que a assinatura fosse apenas de um deles. Minha dúvida é se os desenhos tinham a mesma consideração e tratamento.

Alfredo Volpi - carvão sobre papel - 15cm x 15cm

É fácil perceber que as mínimas curvas estão presentes no carvão atribuído a Volpi. Será que foram daquelas obras feitas a quatro mãos? No mínimo, como já disse, é curioso e interessante.

sábado, 7 de maio de 2016

Pequeno Antonio Bandeira redescoberto



A obra reproduzida acima, foi encontrada em um leilão do interior de São Paulo, e, a princípio, tinha autoria desconhecida. Trata-se de uma técnica mista sobre cartão, com aproximadamente 6cm x 8cm, com uma assinatura e aparentemente datado de 1948. Uma análise mais minuciosa revelou se tratar de uma pequena peça de autoria de Antonio Bandeira de 1948, ano em que o artista estava na França. O contato com a escola francesa da época, em constante ebulição de idéias e estilos, gerou em Bandeira uma necessidade de expressão com refinada liberdade de formas do ser humano e seus objetos mais próximos. A estilização das figuras tornou-se uma característica marcante das obras do primeiro período francês do artista, entre 1946 e 1950,  apesar de que poucos conhecem as não muitas obras dessa fase.

Perambulando por catálogos antigos vemos alguns exemplares "irmãos" maiores da pequena peça reproduzida no introito:



 

As imagens acima foram retiradas dos catálogos de Soraia Cals/ Evandro Carneiro e da Exposição Desconfigurações, e são bom exemplo da temática e técnica utilizadas por Bandeira à época citada. Temos em mãos sem dúvida, uma pequena pérola da obra deste magnífico artista que foi Antonio Bandeira.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Simon Segal - Artista da Escola de Paris que passou por São Paulo


A obra reproduzida acima, de autoria de Simon Segal, foi mais um dos achados gratificantes no mercado de arte de São Paulo.

Simon Segal, artista de origem judaica da Escola de Paris, nasceu no ano de 1898 em Bialystok - hoje Polônia, mas que na época pertencia ao Império Russo. Emigrou para a França em 1925, vindo a se naturalizar em 1949. Começou a expor em 1935 em Paris, onde era amigo do marchand Bruno Bassano. Foi pintor, ilustrador e muralista, tendo inclusive trabalhado com o brasileiro Antonio Carelli nos murais da Catedral da Sé em São Paulo, após ter sido apresentado ao muralista brasileiro em Paris. Foi em São Paulo também onde Segal realizou uma exposição individual de seus mosaicos no MAM - Museu de Arte Moderna em 1960. Na pintura, executou retratos, paisagens, marinhas e quadros com motivos de animais, como o pertencente ao nosso acervo.

O artista veio a falecer em 1969 em Arcachon, onde está enterrado, e deixou uma obra de certa forma escassa. Do site da Sociedade dos Amigos de Simon Segal, entidade parisiense criada para difundir, estudar e catalogar a obra de Simon Segal, extraímos as exposições abaixo :

Em vida
  • 1935 — Paris – Billiet-Worms Gallery
  • 1950 — Paris – Drouant-David Gallery
  • 1951 — Toulon
  • 1953-55 — Paris – Bruno Bassano Gallery
  • 1956 — Albi – Musée Toulouse-Lautrec (retrospectiva)
  • 1957 — Paris – Bruno Bassano Gallery
  • 1959 — Paris – Musée Bourdelle (mosaicos)
  • 1960 — São Paulo – MAM - Museu de Arte Moderna (mosaicos)
  • 1961 — London – Grosvenor Gallery
  • 1963 — Milan – Stendhal Gallery
  • 1964 — Paris – Bruno Bassano Gallery
  • 1968 — Paris – Drouant Gallery
Póstumas

  • 1971 — Brest – Palais des Arts et de la Culture (retrospectiva)
  • 1972 — Valréas – Château de Simiane (retrospectiva)
  • 1982 — Paris – Salon de la Rose-Croix (retrospectiva)
  • 1989 — Paris – Musée du Luxembourg (retrospectiva, 160 obras)
  • 1990 — Paris – Salon du Dessin & de la Peinture à l'eau (30 obras)
  • 1997 — Arcachon (retrospectiva, 50 obras)
  • 1999 — Cherbourg – Musée Thomas Henry, Segal à La Hague (70 obras)
  • 2010 — Białystok – Muzeum PodlaskieThe secret child of Białystok (90 obras)

O artista e sua obra têm como especialista a senhora Nadine Nieszawer, expert nos artistas judeus da Escola de Paris, que gentilmente confirmou a autenticidade do quadro de Simon Segal exposto acima e que será exibido no MISP - Museu do Interior Sul Paulista. 

segunda-feira, 16 de março de 2009

O Wildenstein Institute


Como já havia dito em uma postagem anterior, vou aos poucos informando ao leitor alguns caminhos a seguir para aqueles que querem autenticar obras de artistas estrangeiros, principalmente os franceses ou que atuaram a maior parte do tempo na França, e que foram consequentemente "adotados" como o sendo pertencentes ao país.

Para começar, vou falar um pouco sobre aquele que é o responsável por uma parte considerável das autenticações de alguns dos maiores nomes da pintura e escultura européias. Trata-se do Wildenstein Institute, sediado em Paris à rua de La Boétie, 57, no coração dos Champs Elysées. Sucessor da Fondation Wildenstein, o instituto é hoje dirigido por Guy Wildenstein, e é composto por dois braços distintos: um de pesquisa, catalogação e certificação de obras de arte, e outro de publicações, principalmente dos catálogos raisonnés pelos quais são responsáveis. No prédio da rue de La Boétie, um enorme palacete do século 18, devem trabalhar no máximo umas quarenta pessoas, nos dois segmentos mencionados. Geralmente, os especialistas em cada artista, são convidados a trabalhar sob o patrocínio do Wildenstein Institute, que de certa forma, dá as cartas no processo de autenticação de cada obra.


Só para se ter uma idéia do poder que o instituto tem, segue abaixo uma relação de alguns nomes de artistas dos quais ele é o responsável pela catalogação, certificação e edição do respectivo catálogo raisonné:

- Gustave Caillebotte, Gustave Courbet, Paul Gauguin, Théodore Géricault, Ingres, La Tour, Edouard Manet, Claude Monet, Berthe Morisot, Odilon Redon, Auguste Rodin, Seurat, Velázquez, Pierre-Auguste Renoir, Fernand Léger, Albert Marquet, Amedeo Modigliani, Camille Pissarro, Kees Van Dongen, Maurice de Vlaminck, Édouard Vuillard e Francisco de Zurbarán, entre muitos outros.


E, como é de se esperar, com todos esse poder nas mãos, os Wildenstein vão ao longo do tempo, arrumando uma boa série de inimigos. Já existem vários processos contra o Wildenstein Institute correndo nas cortes parisienses, por parte de colecionadores que se acharam injustiçados pela não inclusão de suas obras em catálogos raisonnés editados, e muitos deles já transitaram em julgado com sérias derrotas impostas aos Wildenstein.


Da minha parte, o que posso dizer é da experiência pessoal que tive com eles em 1999. São difíceis, secos, impessoais e até grosseiros sob certo aspecto. Fui do Brasil para lá, e Daniel Wildenstein sequer quis me receber. Concordo que eles possuem um certo poder de Midas e que todo cuidado é pouco para não cometer erros, mas me senti constrangido( mas se eu fosse um banqueiro.....). Consegui passar pela terceira porta do instituto e ser recebido por Mme. Decroocq, que à época era responsável pelos catálogos Redon e Modigliani. Fui tratar do Renoir, do qual já postei o processo anteriormente, e confesso que me assustei quando me apresentaram a responsável pelo comitê Renoir naquele momento: uma jovem de vinte e poucos anos de nome Ruth Legrand, que não me inspirou grande confiança e muito menos deixou transparecer que tinha bom conhecimento sobre o artista. Na verdade, do que todos se valem ao se aproximar do instituto para lá trabalhar, são dos arquivos, um dos mais extensos e completos da Europa. Com isso, já dá para perceber que a última palavra sobre quais obras entram nos catálogos é mesmo dos Wildenstein. De qualquer forma, não consigo me acostumar com a idéia de que um dos maiores comerciantes de arte do mundo( eles possuem galerias em Nova Iorque, Tóquio e Buenos Aires, com acervo na casa de bilhões de dólares) possa ser certificador de obras tão raras, importantes e caras, e o pior, com a conivência de muita gente de peso do mercado. Mas, ouvi muitas pessoas do próprio mercado parisiense, dizer que já não aguentam mais a postura déspota dos Wildenstein. Seria muito bom se os comitês fossem totalmente independentes, fora dos muros do instituto, possivelmente encabeçado por gente da reunião dos museus franceses. Não que fosse melhorar muito mas já daria um toque de indepedência que hoje não existe. Com isso, todos os que têm alguma obra de algum artista dos citados acima para autenticação, preparem o estômago e boa sorte! Eles são duros de engolir. Para quem domina o inglês e deseja entender um pouco mais do que foi dito acima, assista o documentário no link abaixo feito pela BBC de Londres. É de chorar!
http://www.youtube.com/watch?v=SBCADQL7Nio

sexta-feira, 6 de março de 2009

Responsáveis pelas autenticações de obras de arte

Tenho sido questionado muitas vezes por colecionadores ou simplesmente possuidores de uma tela ou desenho, sobre como fazer para autenticar uma obra de arte. A questão é muito ampla, mas podemos dizer que para os principais artistas cujas obras são comercializadas no Brasil e principalmente no exterior, existem sempre pessoas ou instituições reponsáveis pela análise e certificação das obras a eles atribuídas. No Brasil, considero o trabalho pioneiro de certificação e catalogação como sendo o do Projeto Portinari, encabeçado pelo filho do artista, João Cândido Portinari, que por mais de 25 anos vem pesquisando e catalogando a obra daquele que é considerado por muitos como o mais importante pintor brasileiro. O resultado do trabalho foi compilado e publicado em um catálogo chamado raisonné, em cinco volumes, que contém aproximadamente 5.000 obras catalogadas do pintor de Brodowski. O contato pode ser feito pelo site http://www.portinari.org.br/ cuja página inicial se vê abaixo . As consultas são respondidas rapidamente e com extremo profissionalismo.






Outros esforços de catalogação das obras de vários artistas estão sendo levados a cabo no país, sejam por estudiosos e especialistas, sejam por instituições constituídas para esse fim. Citaremos abaixo algumas dessas iniciativas, com as respectivas formas de contato, para que o interessado que possua alguma obra atribuída a um dos artistas citados, possa dar início ao processo. São eles
Tarsila do Amaral - base7 - www.base7.com.br/tarsila
Iberê Camargo - Fundação Iberê Camargo - http://www.iberecamargo.org.br/
Inimá de Paula - Fundação Inimá de Paula www.inima.org.br/fundacao.htm
Anita Malfatti - Stella Maria de Mendonça - stella@portalartes.com.br
Leonilson - Projeto Leonilson - http://www.projetoleonilson.com.br/
Clóvis Graciano - Projeto Clóvis Graciano - http://www.projetograciano.com.br/
John Graz - Instituto John Graz - http://www.institutojohngraz.org.br/
Thomaz Ianelli - Instituto Cultural Thomaz Ianelli - São Paulo
Antonio Gomide - Dra. Elvira Vernaschi - São Paulo
Arcângelo Ianelli - Sra. Kátia Ianelli - São Paulo
Aldemir Martins - Sr. Pedro Martins - São Paulo
Francisco Rebolo Gonzales - Dra. Lisbeth Rebolo Gonçalves - São Paulo
Tomie Othake - Instituo Tomie Othake - http://www.institutotomieohtake.org.br/
Dos nomes citados acima, apenas Tarsila do Amaral( três volumes e um CD ROM), Iberê Camargo( um volume sobre as gravuras) e Inimá de Paula( dois volumes) já possuem catálogos raisonnés editados.
Dos principais artistas brasileiros hoje comercializados no mercado, salientamos que nomes como Di Cavalcanti, Alberto da Veiga Guignard, Ismael Nery, Bonadei, Djanira, Milton Dacosta, Maria Leontina e Ivan Serpa não possuem um trabalho de catalogação.
A catalogação da obra de Alfredo Volpi foi feita parcialmente, restando muitas obras por serem catalogadas, o que prejudica o conhecimento da real produção do artista, descaracterizando muito o seu mercado. Foram catalogadas aproximadamente 2.400 obras, quando estima-se em mais de 6.000 o total da produção do artista, que trabalhou por mais de 60 anos.
Nota acrescentada em junho de 2016: Mais recentemente foi criado o Instituto Volpi para promover a catalogação completa do artista, tendo como base o CD ROM já editado anteriormente. O acesso pode ser pelo site http://www.institutovolpi.com.br/ .

José Pancetti também é outro artista que mereceria um trabalho sério de catalogação. O livro sobre ele editado por José Roberto Teixeira Leite na dec. 70 continua sendo a melhor referência sobre as obras do artista, apesar de conter apenas uma parte delas.
Cícero Dias é um dos artistas que começará a ter a obra catalogada em breve, num esforço comandado pela esposa do pintor Sra. Raymonde Dias.
O Museu Lasar Segall chegou a cogitar o início de um trabalho de catalogação da obra de Lasar Segall, com vistas à edição de um catálogo raisonné. Hoje em dia, o museu só emite certificados para aquelas obras que estejam documentadas nos arquivos da instituição, ou seja, muito poucas. São várias as obras de Segall que esperam uma análise mais séria para a autenticação.
Por enquanto é só. Numa próxima postagem, citarei alguns comitês de certificação no exterior, onde o esforço para se autenticar uma obra de arte é bem maior. Até breve!

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Catálogo Raisonné de Tarsila do Amaral "On Line"


O catálogo raisonné de Tarsila do Amaral já está "on line" no site da Base7 e o acesso é www.base7.com.br/tarsila/ . Com um arranjo cronológico dentro de cada tipo de atividade da pintora, as obras estão divididas em Pinturas, Aquarelas e Guaches, Desenhos, Ilustrações e estudos de ilustrações, Gravuras e Esculturas. Há também um arquivo em PDF contendo as obras "sem indícios suficientes para reconhecimento". Com certeza deve haver muita gente descontente por não terem trabalhos incluídos nesta fase. Mas a pesquisa, pelo que sei, continuará e quem sabe novos trabalhos serão acrescentados num possível futuro suplemento. De qualquer forma é um bom começo, pois uma artista da importância e da envergadura de Tarsila do Amaral merecia um trabalho sério de catalogação e ele foi feito. Na imagem acima, a gravura em ponta seca Crianças no Vilarejo de 1970, cuja série está reproduzida no catálogo. Percorram o catálogo e boa diversão a todos.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Catálogo Raisonné de Tarsila do Amaral



No próximo dia 13 de Dezembro, será lançado oficialmente na Pinacotesa do Estado de São Paulo, o catálogo Raisonné de Tarsila do Amaral, cuja organização ficou a cargo de Maria Eugenia Saturni, com edição da Base7, de São Paulo. A obra em três volumes, foi resultado de um extenso trabalho de pesquisa sobre a vida e a obra da artista, que faleceu em 1973. Segundo informações obtidas da própria Base7, todos os colecionadores que enviaram obras para a catalogação, receberão uma versão em CD-ROM do catálogo raisonné, sendo que a versão impressa será comercializada a um valor de R$ 390,00. No evento de lançamento, haverá um desconto promocional, e os colecionadores e apreciadores da arte de Tarsila do Amaral poderão levar o catálogo para casa por apenas R$ 300,00. Essa é daquelas obras que não pode faltar na biblioteca de quem gosta ou trabalha com arte.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Uma obra de Camille Pissarro Redescoberta



A obra de arte cuja imagem está acima, é um desenho a pastel de autoria de Camille Pissarro, um dos principais pintores impressionistas franceses, que junto com Monet, Sisley, Renoir, Cézanne e mais alguns, foi um dos responsáveis pelo movimento Impressionista, que revolucionou a arte mundial no século XIX.

Há uns meses, um conhecido meu de Israel, me enviou a imagem, já meio a título de desabafo, pois não conseguia dos certificadores na França, mais especificamente o Wildenstein Institute, o reconhecimento da autenticidade e a certificação da mesma.

Ao receber a imagem, uma espécie de " sininho" soou na minha mente, pois algo me dizia que eu já havia visto aquela imagem antes. Como pesquiso impressionismo há muitos e muitos anos, não seria difícil que talvez algo parecido tivesse passado diante dos meus olhos em algum dos milhares de livros e catálogos que consultei. O problema seria saber onde. Comecei uma pesquisa obviamente em minha pequena biblioteca pessoal, em todos os livros e catálogos antigos que possuissem o verbete Pissarro. Para minha surpresa, em algumas horas, encontrei um livro editado no Brasil há mais de trinta anos pela Editora Três, da série Biblioteca de Arte - Os Impressionistas, escrito por Charles Kunstler, membro do Institut de France, que possuia na página 34 a imagem abaixo:



Incrível e emocionante!! Era realmente a obra em questão. O que mais surpreende é que este livro possui uma edição francesa e que pasmem-se, foi patrocinada pela Fundação Wildenstein, os mesmos que têm o catálogo raisonné sob sua responsabilidade. Enviei a imagem para o meu conhecido em Israel e obviamente o "queixo caiu". Eu acabara de transformar o pastel dele em algumas dezenas de milhares de dólares. Mas o mais importante, é que uma obra autêntica de um dos maiores pintores da humanidade foi resgatada, redescoberta. Se trata de um patrimônio da humanidade e por mais que esteja em uma coleção particular, tem que ser reconhecida e preservada. A essa altura já deve ter sido vendida e com certeza está pendurada em uma parede de colecionador de porte em algum lugar do mundo onde haja dinheiro e bom gosto. Hoje em dia, poder ter uma obra dessas em casa é para poucos.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

A vontade de gerar este blog sobre a autenticação de obras de arte surgiu recentemente, quando olhando para o passado e vendo a experiência de mercado e de pesquisa em arte que adquirimos, aliados a acontecimentos historicamente recentes no âmbito das artes plásticas e processos de autenticação, nos veio a idéia de gerarmos uma espécie de forum permanente, onde as experiências e informações poderiam ser trocadas de forma a orientar, ensinar, ilustrar, comentar e também por que não, criticar de forma construtiva, os processos de autenticação e certificação de obras de arte e seus respectivos responsáveis, sejam eles pessoas físicas, fundações, institutos ou museus. A vontade é de servir e a intenção maior é de fazer com que o mercado de arte tenha transações cada vez mais transparentes e seguras, protegido da ação de falsificadores e golpistas. Da nossa parte, temos a princípio algumas experiências que serão aos poucos relatadas, referentes a processos de autenticação concluídos e em andamento de artistas como Pierre-Auguste Renoir, Camile Pissarro, Lasar Segall, Cândido Portinari, Anita Malfatti, Francisco Rebolo, John Graz, Iberê Camargo, Tarsila do Amaral, Oswaldo Goeldi e muitos outros. Temos a certeza de que será de grande valia. Contribuam à vontade. Abraço a todos. Rui