Volpi era, além de um grande artista, um grande artesão e trabalhador. Fazia o que gostava e gostava do que fazia. Isso é perceptível em cada detalhe de seus quadros. A evolução de sua obra ao longo de sua carreira, mostra como a visão que o artista tem do mundo se transforma com o tempo, e o que das impressões que o meio lhe causam são transportadas para as telas. No caso de Volpi, o seu compromisso maior acabou sendo com a cor. A geometria obtida com as chamadas "bandeirinhas", foi o estágio final de uma linguagem que buscava transmitir sensações cromáticas equilibradas ao observador. A bem da verdade, só o próprio artista sabia no seu íntimo o que realmente via e buscava nas suas telas. As bandeirinhas eram na verdade, quadrados ou retângulos dos quais se tiravam um triângulo. Seus arcos talvez fossem estágios finais de uma visão dos arcos das portas de suas fachadas, que por sua vez foram paisagens e casarios que aos poucos perderam a perpectiva e ganharam representação em apenas duas dimensões. Uma vez questionado sobre as bandeirinhas que pintava, exclamou:"Mas eu não pinto bandeirinhas. Quem pinta bandeirinhas é o Pennacchi". Desta expressão podemos obter muitas respostas para entender quem foi Alfredo Volpi.
Muitas das pessoas que hoje conhecem ao menos o nome Volpi, o relacionam diretamente com as tais bandeirinhas, e não tem conhecimento do longo caminho trilhado pelo artista, que começou pintando figuras e paisagens em pedaços de papelão e tampas de caixas de charuto, como a reproduzida abaixo, possivelmente pintada em Itanhaém, na qual se percebe a maestria de execução. Pinceladas rápidas, precisas e com impasto generoso, extraindo da paisagem todas as impressões que lhe agradavam, com uma qualidade alcançada por poucos. Realmente coisa de mestre.
Na verdade, para os mais desavisados, é difícil estabelecer uma relação entre as paisagens e por exemplo a obra abaixo reproduzida, Menino Jesus com o globo na mão, onde a figura e a geometria se misturam.
E por fim, uma de suas composições com bandeirinhas, o seu estágio final, pelo qual Volpi se tornou mundialmente conhecido. Nesta obra, chamada de "Ogiva" vê-se o coroamento de uma carreira de mais de 70 anos de pintura, de um artista que amou intensamente o que fez e deixou um legado de trabalho expresso em telas, hoje muito disputadas por colecionadores do Brasil e do exterior.
Volpi é sem sombra de dúvida, um dos maiores artistas que este Brasil já viu, e sua obra, mesmo já tendo sido tão estudada, ainda com certeza merecerá novas análises, pois o conteúdo pictórico e o repertório de criação que carrega é quase que inesgotável.