quarta-feira, 11 de março de 2009

Mario Zanini

Mario Zanini é sem sombra de dúvida, um dos maiores artistas brasileiros. Foi dono de uma arte moderna, algo distante dos padrões da Semana de Arte Moderna de 1922, mas com certeza muito marcante. Sua origem humilde, vindo de um bairro operário paulistano, propiciou um aprendizado artístico bem diferente daquela elite que patrocinou e participou da "Semana de 1922". Focado inicialmente na pintura da paisagem paulista, Zanini mostra desde os primeiros trabalhos uma inquietação muito grande quanto às formas de expressão pictórica, sinal de quem já mostrava uma necessidade extrema de busca contínua pela evolução, dentro daquela arte que realizava com o esmero e cuidado de um bom artesão, fruto também dos estudos no Liceu de Artes e Ofícios, bem como com o mestre George Elpons. A posterior participação no Grupo Santa Helena, com o contato constante com artistas do porte de Alfredo Volpi, Francisco Rebolo, Rossi Osir e muitos outros, trouxe a Zanini não só boas e longas amizades mas também algumas respostas no campo da arte que tanto buscava. A liberdade no desenho, com traços soltos, de execução rápida e concepção moderna, conferiram à obra de Zanini uma característica própria, de estilo inconfundível e marcante. Suas figuras, como a obra reproduzida acima, "Mulheres Conversando", executada em várias versões, possuem uma mensagem de cunho social, sempre agregada ao trabalho e trabalho duro, sem que isso tirasse destas figuras, e mesmo dele, a alegria. Participou também da Família Artística Paulista, das Bienais de São Paulo de 1951, 1953 e 1959 e de outras inúmeras exposições.


Seus quadros são hoje disputados pelos bons colecionadores brasileiros e seu nome é sempre lembrado quando o assunto é a paisagem paulista, como a reproduzida acima, "Vista de Santa Cruz", em Itatiba - SP. Mario Zanini é um artista que também mereceria um trabalho de catalogação de sua extensa obra. Acredito que ainda veremos suas pinturas brilharem muito mais do que vemos hoje em dia.

domingo, 8 de março de 2009

Maria Leontina


Outra artista que impressiona pela biografia é Maria Leontina Franco Dacosta, ou simplesmente Maria Leontina, como costumava assinar suas obras. Esta paulista de nascimento, casada com o pintor Milton Dacosta, possui um curriculum invejável e é com certeza uma das maiores expressões da arte abstrata brasileira. Tendo participado de sete edições da Bienal de São Paulo entre 1951 e 1967, bem como da Bienal de Veneza de 1950 e do Salão de Maio de Paris de 1952, Maria Leontina amealhou durante sua carreira vários prêmios importantes, e mais que isso, o reconhecimento da crítica e do público pelo seu extenso e maravilhoso trabalho. Possuidora de uma paleta discreta, transmitia em suas obras um lirismo e uma poesia de características inconfundíveis, fossem nos óleos, aos quais pertencem naturezas mortas excepcionais, ou nos desenhos a giz e pastel, técnicas nas quais deixou obras figurativas e abstratas encantadoras, como o pastel reproduzido acima e o retrato abaixo, onde toda a força e ao mesmo tempo delicadeza da obra dessa grande artista está presente. Maria Leontina faleceu em 1984 e reputo como sendo uma das expressões da arte brasileira que mereceria um esforço sério de catalogação. Fica aí a sugestão. Até a próxima!

Maria Leontina, Retrato de Mulher, Pastel s/ papel.