terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Fortaleza - Ceará - Polo Cultural do Nordeste

Acabo de voltar de uma viagem a Fortaleza, capital do Ceará, onde fui a trabalho mas claro, sem descuidar de visitar e conhecer o que há de melhor por lá. Falar das belas praias e da culinária rica e exótica é desenecessário e, pela essência do blog, vou comentar apenas alguns passeios culturais que fizemos(minha esposa obviamente foi junto), todos, sem exceção, de encher os olhos e elevar o espírito.

Começo pelas exposições que estão em cartaz no Centro Cultural Dragão do Mar, uma de brinquedos e outra sobre o Vaqueiro, este lendário herói do agreste. Uma exposição sobre arte pop havia terminado há pouco e o ambiente já se encontrava em obras para receber uma nova mostra. A de Sérvulo Esmeraldo também havia terminado por aqueles dias. A coisa lá não para.


Logo na entrada do Centro Cultural, voltado para a praça, se é recepcionado por um enorme e belo painel de Aldemir Martins(veja acima). Só por ele já vale o passeio. Sobe-se a rampa e por passarelas treliçadas se chega ao espaço de exibições, composto por várias salas e ambientes. Nos deparamos a princípio, no hall da livraria, com uma exposição de acesso gratuito da fotógrafa Fernanda Oliveira sobre mulheres líderes, com algumas imagens maravilhosas. Pequena mas muito interessante.
Seguindo pelo corredor, chegamos a duas salas onde por R$ 2,00 de ingresso, visitamos a exposição "Brinquedo - A Arte do Movimento", com peças procedentes da coleção Macao Goes e curadoria de Raul Lody. Uma delícia, pois tudo ali era arte. Brinquedos em madeira, metal, barro, pano, pet e outros materiais, utilizados e transformados pelas geniais e criativas mãos nordestinas, daqueles artesãos que colocam tudo de si no que executam. Um mundo todo recriado de bonecas, casas, aviões e outros objetos, nos quais se percebe o ser humano que há por trás da execução, em contraposição ao eletrônico, luzente e esquizofrênico mote inspirador dos "games" e parafernálias digitais da atualidade. O resgate do homem como ser que cria em função da sensibilidade, amor e emoção, é patente nesta bela exposição.



Acima e abaixo, algumas imagens da exposição onde casais de bonecos, casinhas, utensílios domésticos e até aviões, passando por carros, carrinhos e caminhões, convivem harmonicamente numa mostra de muito bom gosto, onde de certa forma, todo mundo vira criança e toda criança viaja o mundo.







Resgate também é o que se faz na exposição "Vaqueiros", cuja qualidade pode ser comparada às melhores do Brasil, daquelas que infelizmente só ocorrem no eixo Rio-São Paulo. Didática, simples mas rica em detalhes, traz em imagens, objetos e textos um apanhado geral da história e da tradição do vaqueiro cearense, que muito contribuiu no processo de desenvolvimento e integração do estado.



Com uma série de objetos expostos, desde vestimentas até a própria recriação de uma casa de vaqueiro, a exposição faz uma radiografia detalhada da vida e dos hábitos do vaqueiro, da sua comida à sua fé, da sua coragem às suas emoções, mostrando que por baixo daquela roupa de couro existe ainda um homem, que chora quando o gado morre, que tem fama de conquistador para muitos e de "cabra safado" e perigoso para outros. Todo o folclore que envolve o vaqueiro é comentado e suas festas e crenças cheias de sincretismo são especialmente mostradas( A Reisada, o Boi e etc). De qualquer forma esta excelente exposição, em minha opinião, exalta o humano e mostra o ser por trás do couro que hoje sucumbe ao ter pelo ter, do ouro.

Vale a pena conferir. Para alguns é só um "pulinho" até o Dragão do Mar, para outros vai custar um pouquinho mais, mas a recompensa pelo esforço é certa. Na próxima postagem vou comentar sobre a exposição "Antonio Bandeira", que se realiza no espaço da UNIFOR em Fortaleza. Até lá.





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