terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Catálogo Raisonné de Tarsila do Amaral "On Line"


O catálogo raisonné de Tarsila do Amaral já está "on line" no site da Base7 e o acesso é www.base7.com.br/tarsila/ . Com um arranjo cronológico dentro de cada tipo de atividade da pintora, as obras estão divididas em Pinturas, Aquarelas e Guaches, Desenhos, Ilustrações e estudos de ilustrações, Gravuras e Esculturas. Há também um arquivo em PDF contendo as obras "sem indícios suficientes para reconhecimento". Com certeza deve haver muita gente descontente por não terem trabalhos incluídos nesta fase. Mas a pesquisa, pelo que sei, continuará e quem sabe novos trabalhos serão acrescentados num possível futuro suplemento. De qualquer forma é um bom começo, pois uma artista da importância e da envergadura de Tarsila do Amaral merecia um trabalho sério de catalogação e ele foi feito. Na imagem acima, a gravura em ponta seca Crianças no Vilarejo de 1970, cuja série está reproduzida no catálogo. Percorram o catálogo e boa diversão a todos.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Exposição Retrospectiva de Burle-Marx


Começa hoje no Paço Imperial, que fica na Praça XV na cidade do Rio de Janeiro, a exposição "Burle Marx 100 Anos/ A Permanência do Instável". Com curadoria de Lauro Cavalcanti, a mostra possui um corte transversal sobre toda a obra do artista, que se notabilizou mundialmente por seus exuberantes jardins. Junto com Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, Burle Marx, este paulista de nascimento mas de coração carioca, formou o trio que deu uma nova feição ao modernismo brasileiro, principalmente no que tange à arquitetura e ao conceito de ocupação e preservação do espaço e do ecosistema(ele já discutia o tema preservação na dec.60/70). Com suas curvas sinuosas e mosaicos de plantas e vegetações tropicais, ele deixou seu nome gravado na história com projetos como o Aterro do Flamengo, o calçadão de Copacabana e muitos outros pelos quais hoje passamos e muitas vezes sequer imaginamos de quem seria a autoria. Como artista plástico, Burle Marx deixou uma obra extensa, e na exposição do Paço Imperial estarão a mostra 80 pinturas sobre tela, 16 sobre tecido e 95 guaches sobre papel, além de tapeçarias, projetos paisagísticos, maquetes e jóias. Há também na mostra a exibição de documentos, fotos e documentários. Só não vi menção sobre a obra gráfica de Burle Marx, que também é de suma importância, talvez por uma opção dentro do projeto de curadoria. Considero a mostra imperdível e todos temos até 22 de Março de 2009 para visitá-la e prestarmos uma homenagem a este grande nome da arte brasileira.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Exposição Bandeira premiada

A Exposição Antonio Bandeira, da qual já falei há poucos dias, acaba de ser agraciada com o prêmio de Melhor Retrospectiva de 2008 pela APCA ( Associção Paulista de Críticos de Arte). Quem quiser visitá-la, tem até o dia 20 de Fevereiro de 2009 para ir ao Centro Cultural da UNIFOR, em Fortaleza, e deleitar-se. Aproveitem e comprem o catálogo da mostra, cuja capa segue reproduzida acima, que passou a ser também excelente referência sobre a obra de Bandeira em todas as suas fases. Parabéns à Pinakotheke na pessoa de seu diretor Max Perlingeiro e a todos que participaram direta ou indiretamente desta bela relização. Estamos aguardando a próxima.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Catálogo Raisonné de Tarsila do Amaral



No próximo dia 13 de Dezembro, será lançado oficialmente na Pinacotesa do Estado de São Paulo, o catálogo Raisonné de Tarsila do Amaral, cuja organização ficou a cargo de Maria Eugenia Saturni, com edição da Base7, de São Paulo. A obra em três volumes, foi resultado de um extenso trabalho de pesquisa sobre a vida e a obra da artista, que faleceu em 1973. Segundo informações obtidas da própria Base7, todos os colecionadores que enviaram obras para a catalogação, receberão uma versão em CD-ROM do catálogo raisonné, sendo que a versão impressa será comercializada a um valor de R$ 390,00. No evento de lançamento, haverá um desconto promocional, e os colecionadores e apreciadores da arte de Tarsila do Amaral poderão levar o catálogo para casa por apenas R$ 300,00. Essa é daquelas obras que não pode faltar na biblioteca de quem gosta ou trabalha com arte.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Leilão da Bolsa de Arte em São Paulo

No próximo dia 9 de Dezembro, terça-feira, teremos o leilão da Bolsa de Arte do Rio de Janeiro, que desta feita será realizado na Rua Oscar Freire em São Paulo, no lugar do Hotel Copacabana Palace no Rio, onde ele geralmente ocorre. O catálogo do evento, executado na ótima qualidade de sempre, mostra 130 lotes, onde predominam as obras modernas e contemporâneas, com destaque para artistas como Di Cavalcanti, Guignard, Dacosta, Ismael Nery, Antonio Bandeira, Gerchman e o "fenômeno" Beatriz Milhazes, cuja obra " Os Filhos de Graham" tem cotação estimada entre R$ 550/750.000!!

Para os admiradores do "Grupo Santa Helena", o leilão apresenta boas obras de Zanini e Bonadei, além de duas têmperas de Volpi. Há ainda obras de Oiticica, Lygia Clark, Barsotti e geométricos de autores mais recentes como Judith Lauand e Eduardo Sued, entre muitos outros.

Para os amantes da pintura acadêmica, incluindo-se aqui até os de tendência impressionista, iremos encontrar no catálogo obras de Firmino Monteiro, Catagneto, Rodolfo Amoêdo e um Garcia Bento com trabalho de espátula magistral. Abaixo, um dos destaques do leilão, o Di Cavalcanti "Moça na Janela", de 1957, com estimativa de R$ 650/750.000, cujo futuro comprador não estará jogando dinheiro fora.



Vale a pena conferir e participar. A exposição em São Paulo vai até segunda-feira, dia 8 de Dezembro, na Rua Osacar Freire, 379. Bom leilão!!

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Raimundo Cela - Outro grande artista cearense

Já que estou percorrendo minhas memórias de viagem ao Ceará, alguns leitores do blog solicitaram a inclusão de alguma informação adicional sobre artistas cearenses. Como eles são muitos, aliás, o que não falta no Ceará é artista, vou então falar um pouco de cada um, em postagens diferentes, daqueles considerados principais ou maiores expressões. Desta feita, vou escrever algumas linhas sobre Raimundo Cela, artista dos mais conceituados, mas que ainda possui pouco reconhecimento( ou mesmo conhecimento) no circuito das artes plásticas nacional.

Engenheiro de profissão( falar dos meus colegas sempre me dá muito prazer, não sei porque...), Raimundo Cela nasceu em Sobral no Ceará em 1890, onde se iniciou na arte do desenho e pintura. Em 1910 veio para o Rio de Janeiro e ingressou na Escola Nacional de Belas Artes, onde foi aluno de Eliseu Visconti, João Zeferino da Costa e João Batista da Costa. Em 1917, com o quadro Último Diálogo de Sócrates, ganhou o Prêmio Viagem o que lhe permitiu partir para a Europa, onde morou por 5 anos, principalmente vivendo em Paris. Lá se aperfeiçoou e participou inclusive do Salão dos Artistas Franceses de 1922( Antonio Bandeira nascia) com uma paisagem. Este fato lhe valeu inclusive a inserção de um verbete no Benezit, o mais importante dicionário de artistas do mundo.

A obra acima, de autoria de Raimundo Cela, foi recentemente redescoberta e é uma das poucas naturezas-mortas realizadas pelo pintor. A outra que se tem notícia, está no acervo do MAUC em Fortaleza, que aliás possui uma excelente coleção, com inúmeros óleos e principalmente desenhos de Cela. O artista também foi um exímio gravador, tendo inclusive sido professor da cadeira de gravura na mesma ENBA a partir de 1930. Raimundo Cela faleceu em Niterói - RJ, em 1954, deixando uma obra caracterizada pelo retrato do povo e da paisagem cearense com seus barcos, pescadores, marinhas, jangadeiros e suas rendeiras de mãos fortes mas delicadas onde a luz amena e as cores relativamente pálidas de sua execução conferem todo um tom regional e nostálgico, mas de um realismo cativante, a cada peça realizada. Em tempos recentes, a Pinakotheque Cultural editou um catálogo, relativo à exposição por eles relizada sobre Raimundo Cela, com reproduções de obras e textos críticos e biográficos. Existem referências sobre o artista no Dicionário das Artes Plásticas no Brasil de Roberto Pontual e no Dicionário Brasileiro de Artistas Plásticos do MEC. É um artista cearense que vale a pena ser estudado e admirado.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Exposição Antonio Bandeira na UNIFOR

Continuando nosso roteiro cultural em Fortaleza, tivemos o prazer de ver uma exposição magnífica sobre a vida e a obra de Antonio Bandeira, no Centro Cultural UNIFOR. Com coordenação do competente Max Perlingeiro, a mostra que já havia sido apresentada na Pinakotheke de São Paulo, ganha outro charme quando vista na terra natal do artista. Afinal, algumas das paisagens, praias, jangadas e principalmente a gente cearense, que muito inspiraram Bandeira em suas obras e poesias, estavam a poucos metros dali. Com uma perfeita divisão cronológica, onde a obra do artista pode ser analisada fase a fase e o fio condutor que liga cada uma delas perfeitamente determinado, o visitante se deleita com uma riqueza de informação que inclui textos, cadernos de apontamentos, utensílios e obras, sim, muitas obras que fazem cada qual um papel ímpar no corte transversal que a exposição realiza sobre a vida do artista. Com alguns desenhos raros e desconhecidos, várias aquarelas e técnicas mistas além de óleos magníficos, selecionados para a mostra de forma criteriosa, a exposição tem tudo para transportar o visitante ao mundo mágico no qual Bandeira vivia. Curiosidade é a apresentação de um filme documentário sobre o artista, infelizmente incompleto devido à sua morte prematura, sendo talvez as únicas imagens em movimento do artista, e que foram recuperadas recentemente pela cineasta Margarita Hernandez. Há também um espaço lúdico, para que as crianças visitantes, inspiradas pela mostra, soltem um pouco do Antonio Bandeira que há dentro delas.








Ao percorrermos a exposição, juntamente com estudantes e outros visitantes de todos os níveis da cidade de Fortaleza, descobrimos em cada obra, um detalhe adicional do lirismo abstrato de Bandeira. Mesmo em suas primeiras paisagens, realizadas na terra natal, a inquietação que pulsava dentro do artista é nítida, tanto quanto sua forma até certo ponto lúdica e festiva de ver o mundo que o cercava, desde a Praia de Mucuripe e seus pescadores em Fortaleza, passando pelo porto de Capri na Itália, o ateliê de Copacabana e até a névoa e o frio deitados sobre a sua Paris que tanto amou, que lhe fez inclusive uma vez ouvir, de um parisiense qualquer, ao ver de passagem uma tela sua em plena execução numa praça na capital francesa, a expressão:"Vous n'avez pas besoin de beau temps pour faire beau temps"( você não precisa de bom tempo para que se faça bom tempo).

Acima, a bela obra Cercle de Feu, de 1965, que na mostra da UNIFOR o visitante se depara logo na sua chegada ao ambiente da mostra, é um excelente exemplo de que a expressão espontânea descrita acima, dita pelo parisiense surpreso, é pura verdade. Acredito ser essa uma das mais belas e completas exposições sobre Antonio Bandeira, este ilustre artista cearense, nascido com o modernismo brasileiro em 1922, que cresceu com o sol sempre na frente dos olhos, olhos que se cerraram de forma abrupta na sua plena maturidade, em 6 de outubro de 1967, num acidente cirúrgico durante uma operação de garganta para retirada de um pólipo. Aquele pequeno bilhete, encontrado em meio a seus papéis, sem identificação ou assinatura, onde se lia "et ta gorge?" ( e sua garganta?) continuará eternamente esperando uma resposta.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Fortaleza - Ceará - Polo Cultural do Nordeste

Acabo de voltar de uma viagem a Fortaleza, capital do Ceará, onde fui a trabalho mas claro, sem descuidar de visitar e conhecer o que há de melhor por lá. Falar das belas praias e da culinária rica e exótica é desenecessário e, pela essência do blog, vou comentar apenas alguns passeios culturais que fizemos(minha esposa obviamente foi junto), todos, sem exceção, de encher os olhos e elevar o espírito.

Começo pelas exposições que estão em cartaz no Centro Cultural Dragão do Mar, uma de brinquedos e outra sobre o Vaqueiro, este lendário herói do agreste. Uma exposição sobre arte pop havia terminado há pouco e o ambiente já se encontrava em obras para receber uma nova mostra. A de Sérvulo Esmeraldo também havia terminado por aqueles dias. A coisa lá não para.


Logo na entrada do Centro Cultural, voltado para a praça, se é recepcionado por um enorme e belo painel de Aldemir Martins(veja acima). Só por ele já vale o passeio. Sobe-se a rampa e por passarelas treliçadas se chega ao espaço de exibições, composto por várias salas e ambientes. Nos deparamos a princípio, no hall da livraria, com uma exposição de acesso gratuito da fotógrafa Fernanda Oliveira sobre mulheres líderes, com algumas imagens maravilhosas. Pequena mas muito interessante.
Seguindo pelo corredor, chegamos a duas salas onde por R$ 2,00 de ingresso, visitamos a exposição "Brinquedo - A Arte do Movimento", com peças procedentes da coleção Macao Goes e curadoria de Raul Lody. Uma delícia, pois tudo ali era arte. Brinquedos em madeira, metal, barro, pano, pet e outros materiais, utilizados e transformados pelas geniais e criativas mãos nordestinas, daqueles artesãos que colocam tudo de si no que executam. Um mundo todo recriado de bonecas, casas, aviões e outros objetos, nos quais se percebe o ser humano que há por trás da execução, em contraposição ao eletrônico, luzente e esquizofrênico mote inspirador dos "games" e parafernálias digitais da atualidade. O resgate do homem como ser que cria em função da sensibilidade, amor e emoção, é patente nesta bela exposição.



Acima e abaixo, algumas imagens da exposição onde casais de bonecos, casinhas, utensílios domésticos e até aviões, passando por carros, carrinhos e caminhões, convivem harmonicamente numa mostra de muito bom gosto, onde de certa forma, todo mundo vira criança e toda criança viaja o mundo.







Resgate também é o que se faz na exposição "Vaqueiros", cuja qualidade pode ser comparada às melhores do Brasil, daquelas que infelizmente só ocorrem no eixo Rio-São Paulo. Didática, simples mas rica em detalhes, traz em imagens, objetos e textos um apanhado geral da história e da tradição do vaqueiro cearense, que muito contribuiu no processo de desenvolvimento e integração do estado.



Com uma série de objetos expostos, desde vestimentas até a própria recriação de uma casa de vaqueiro, a exposição faz uma radiografia detalhada da vida e dos hábitos do vaqueiro, da sua comida à sua fé, da sua coragem às suas emoções, mostrando que por baixo daquela roupa de couro existe ainda um homem, que chora quando o gado morre, que tem fama de conquistador para muitos e de "cabra safado" e perigoso para outros. Todo o folclore que envolve o vaqueiro é comentado e suas festas e crenças cheias de sincretismo são especialmente mostradas( A Reisada, o Boi e etc). De qualquer forma esta excelente exposição, em minha opinião, exalta o humano e mostra o ser por trás do couro que hoje sucumbe ao ter pelo ter, do ouro.

Vale a pena conferir. Para alguns é só um "pulinho" até o Dragão do Mar, para outros vai custar um pouquinho mais, mas a recompensa pelo esforço é certa. Na próxima postagem vou comentar sobre a exposição "Antonio Bandeira", que se realiza no espaço da UNIFOR em Fortaleza. Até lá.





quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Arte Latinoamericana na Sotheby's

Como os ventos da crise já anunciavam, a venda de arte latinoamericana na Sotheby's New York não foi lá essas coisas, para não dizer que foi decepcionante. O total vendido alcançou US$ 19.765.625, já incluído o " buyers premium", quando se esperava no mínimo algo em torno de US$ 30 milhões. Muitos lotes ficaram sem encontrar comprador e podemos considerar Botero como o grande "empacado" do leilão. O resultado só não foi pior porque America, um painel de 4m x 14m de Rufino Tamayo, foi vendido por pouco mais de US$ 6,8 milhões, ainda assim abaixo da menor estimativa que era de US$ 7 milhões. E até que as obras de artistas brasileiros, apesar dos pesares, não fizeram feio: o óleo de Cândido Portinari, Homem com chapéu( vide imagem abaixo), saiu por US$ 218.000, mais do que o dobro da estimativa inicial( até US$ 100 mil).




Outra obra de artista brasileiro que aparentemente surpreendeu foi o desenho aquarelado "Mulatas" de Di Cavalcanti, executado na década de 20, que foi arrematado por US$ 134,5 mil. Obras de Volpi, Sérgio Camargo e Cildo Meireles também encontraram compradores e com valores razoáveis. O mais interessante é que uma única obra de Beatriz Milhazes, a sensação do momento, não encontrou interessado. Agora só nos resta esperar os resultados do leilão da Christie's New York, mas não devemos esperar coisa muito diferente.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Casteran - Mais um latinoamericano das antigas bienais

Um artista de quem gosto muito é o uruguaio Jorge Casteran. Tive a oportunidade de conhecê-lo durante de sua última estada pelo Brasil, há alguns anos, quando montou atelier e por aqui produziu a sua arte dita "dialética". Casteran, como assina, participou da Bienal de São Paulo de 1981, ano em que também expôs em Nova York, ao lado de expoentes como Andy Warhol e outros da Pop Art.



Casteran, se utiliza de uma técnica refinada, utilizando o silkscreen como elemento de desenho e aplicação de "impasto" em óleo ou tinta acrílica o qual combinado com uma utilização sóbria e precisa do aerógrafo alcança resultados surpreendentes. Poucos inclusive sabem, infelizmente, que Jorge Casteran foi o representante do Brasil no Salão de Outono de Paris de 2004, onde seus prismas e elementos abstratos, que dialogam entre si na obra de arte, foram enormemente elogiados. A obra acima, datada de 1990, é um exemplo simples do trabalho de Casteran. Espero que apreciem.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Leilão da Sotheby's New York - Segunda Parte

Realmente, como já havia dito em postagem anterior, a crise aportou no mercado de arte internacional. Exemplo disso, em minha opinião, foi o resultado da segunda seção dos leilões de arte impressionista e moderna ocorrida ontem em Nova York. Para resumir, foram oferecidos em duas seções 321 lotes, dos quais apenas 43% foram vendidos, perfazendo um total aproximado de US$ 26,8 milhões. O maior valor da noite foi alcançado pela escultura de Picasso "Le Hibou Gris", reproduzida abaixo, que foi arrematada por pouco mais de US$ 1 milhão.



A escultura foi inclusive, capa do catálogo do leilão, o que sem dúvida facilitou a venda. Ficaram sem encontrar comprador obras importantes de artistas como Renoir, Picasso, Pissarro, Maximilien Luce e outros de mesma envergadura. Espero que o receio partilhado pelos compradores internacionais não contamine o nosso já debilitado mercado de arte brasileiro. O negócio é tomar fôlego e ir em frente. Hoje tem leilão da Christie's New York. Quem sabe seja diferente.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Mais um pouco sobre as antigas Bienais - Siqueiros

Um artista do qual gosto muito é David Alfaro Siqueiros, que junto com Orozco e Rivera, formou o importante grupo de muralistas mexicanos que de certa forma revolucionou a arte mural e gráfica latinoamericana. Siqueiros foi também um dos mais engajados politicamente e suas obras sempre possuiram um conteúdo social enorme. Ele participou da III Bienal de São Paulo de 1955 com 10 gravuras, em sua maioria litos. Acredito que um exemplar da gravura representada abaixo tenha participado da mostra com o título "Cão". As dimensões são bem próximas às descritas no catálogo e já tive a oportunidade de vê-la representada em mostras no México com o mesmo nome.

fonte: acervo Escritório de Arte Rui Dell'Avanzi Jr.
                                                                  
Na verdade esta gravura tem por título " La Hiena sobre Latinoamérica" ( a hiena que ruge em proteção aos oprimidos) e foi excutada em torno de 1953 e pertence ao período onde as obras de Siqueiros mais externavam críticas históricas, políticas e sociais. Aliás, a obra gráfica de Siqueiros mereceu belíssimo estudo de Elia Espinosa, um dos grandes pesquisadores mexicanos sobre arte latinoamericana, no qual conclui que a obra gráfica do artista não fica nem um pouco abaixo da sua obra mural e de cavalete. Siqueiros teve ainda trabalhos expostos nas Bienais de São Paulo de 1987 e 1998, sendo sem dúvida, um dos maiores nomes que já passaram pelos pavilhões do Ibirapuera.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Leilão da Sotheby's - Como foi?

Enfim, a primeira prova de fogo do mercado de arte internacional frente à crise, o leilão de Arte Impressionista e Moderna da Sotheby´s em Nova York ocorreu ontem, 3 de Novembro, e na minha opinião os resultados não foram tão desastrosos assim. Cerca de 65% dos lotes ofertados foram vendidos, perfazendo um total de US$ 223.812.500. Destaque da noite foi a Construção Suprematista de Kazimir Malevich( imagem abaixo), arrematado por um valor pouco acima de US$ 60 milhões.


fonte: Sotheby's
Outras obras importantes como o Vampiro de Edvard Munch, arrematado por aproximadamente US$ 38 milhões e Danceuse au repos de Edgard Degas, comprado por quase exatos US$ 37 milhões, geraram sem dúvida sensações fortes no pregão. Fato negativo a se notar é que algumas obras importantes de Van Gogh, Modigliani, Matisse, Monet e Picasso, que poderiam ter elevado o montante de vendas em mais de US$ 100 milhões, não encontraram compradores. Outra observação é que a grande maioria dos lotes vendidos teve o valor do arremate abaixo ou igual à estimativa mínima, o que pode representar um apetite contido dos potenciais compradores. O resultado não foi catastrófico como alguns esperavam mas sem dúvida, em minha opinião, a crise visitou a Sotheby's ontem a noite.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Um quadro de Prud'hon redescoberto

A obra reproduzida acima, com título " Esquisse du Zephyr", é uma atribuição a Pierre-Paul Prud'hon ( 1758 - 1823), pintor neoclássico francês, muito famoso por suas cenas históricas, mitológicas e retratos. É de pequenas dimensões( 25cm x 17cm) mas de uma qualidade de execução espetacular. A riqueza de detalhes, principalmente quanto a anatomia da figura, é de impressionar a qualquer um apaixonado por arte.

Este pequeno quadro, veio da coleção de José Pinto Vieira, falecido em 1924, que possuia uma coleção extensa, formada em boa parte quando de suas viagens à Europa, principalmente França( onde morou com a família de 1875 a 1890), coisa até certo ponto comum para a aristocracia e alta burguesia brasileira do final do século XIX e início do século XX.

O problema desta obra, a exemplo de muitas outras que estão pelo mercado, é a falta de documentação de origem : um recibo, certificado, catálogo ou qualquer outro documento de comprovação de procedência. São realmente raras as coleções antigas que possuem documentação em ordem.

Outro aspecto particular, era a diminuta dimensão e diferente disposição da figura, quando comparada a obras semelhantes de Prud'hon que estão em museus franceses, como a obra reproduzida abaixo, que pertence ao Museu de Dijon.



fonte: Base Joconde



A pintura do Museu de Dijon, possui dimensões de 130cm x 98cm, e como se vê, tem a figura "rebatida" e é de um acabamento finíssimo. Teria Prud'hon feito outras figuras semelhantes? Seria um estudo de um discípulo ou aluno no qual o mestre possa ter intervido?

Após uma exaustiva pesquisa na Biblioteca do Louvre, encontramos um catálogo de venda da coleção Victor Marguerite, importante escritor e colunista francês, que teria ocorrido em abril de 1914 no Drouot, em Paris. O leilão com 70 lotes, aparentemente não aconteceu por motivos ignorados, mas seu catálogo foi publicado. Vejam abaixo a reprodução do lote 61, de autoria de Prud'hon, também de pequenas dimensões(32cm x 24cm), apenas com o nome "Zephyr". Pedimos perdão pela qualidade da imagem, mas na biblioteca do Louvre só nos concederam uma cópia reprográfica.






Interessante se perceber que a posição e as proporções são as mesmas que as do nosso quadro e a imagem, apesar de ruim, permite ver inclusive alguns detalhes dos cabelos cacheados, das sombras, da margem do rio e da cachoeira ao fundo, tudo muito próximo ao do quadro em estudo. Ora, alguns podem dizer que mesmo assim seria uma cópia. Para ser uma cópia, teria que ser então contemporânea ao pintor, pois primeiro trata-se de uma obra totalmente desconhecida do meio e depois especialistas que trabalham na Europa, ao analisarem a obra, disseram que o betume utilizado é o mesmo utilizado por Prud'hon e aplicado da mesma forma que o mestre o fazia. Difícil acreditar que alguém de fora do seu atelier o teria feito.
Outro fator intrigante está no verso da obra. Trata-se de um selo de cera, possivelmente de nobreza, indicando a coleção à qual pertencia. O problema é que até agora não conseguimos identificar o brasão existente no selo, dentre os milhares existentes da Europa, principalmente na França, de onde imaginamos, a princípio, que a obra tenha vindo. Com certeza vai nos consumir um bom tempo para encontrá-lo.
Durante a pesquisa, conseguimos descobrir que em 1887( período que coincide com a residência de José Pinto Vieira em Paris), na venda do Barão Roger Portalis ( Seria dele o selo de nobreza? Não conseguimos encontrar nada até o momento), um quadro chamado apenas por "Le Zephir", foi vendido por 905 francos. É provável que tenha sido um quadro pequeno, pois logo em seguida, em 1888, uma pintura com dimensões de 44cm x 36cm, da coleção Duchatel, havia sido vendido por 1900 francos. Apesar de que isso pouco significa, pois quadros nunca foram vendidos por metro quadrado, mas, de qualquer forma, poder-se-ia ter uma pequena base. Ou não? E o leitor o que acha? Vamos conseguir provar que é um Prud'hon?
Estamos preparando uma documentação para enviar ao senhor Sylvain Lavessière, pesquisador e curador da Reunião dos Museus Franceses, considerado a maior autoridade em Prud'hon da atualidade, que eu espero que ainda esteja vivo e responda à consulta. Assim que tivermos qualquer novidade, ela vai para o ar.

domingo, 2 de novembro de 2008

E os leilões no Brasil? A crise vai afetar?

No Brasil, neste mês de Novembro, teremos também algumas provas de fogo para o mercado brasileiro de arte fina. Nos dias 18,19,20 e 21, será realizado o Leilão de Evandro Carneiro e Soraia Cals no Rio de Janeiro, que traz a pregão nada menos que a coleção Jorge Amado. A capa do convite é a obra reproduzida abaixo, o retrato de Jorge Amado feito por Flávio de Carvalho. Com certeza o acervo do falecido escritor baiano deve ser de primeira e deve atrair muitos compradores em busca de obras inéditas. Os catálogos estão a venda ao preço de R$ 125,00, com renda revertida em favor da Fundação Jorge Amado.


Na sequência, no dia 25 de Novembro, irá ocorrer o leilâo da Bolsa de Arte do Rio de Janeiro, que sempre apresenta grande qualidade na seleção das peças. Só nos resta esperar para conferir. De qualquer forma, continuo otimista e acho que as boas obras de arte mudarão de mãos para deleite, investimento e garantia de segurança em tempos de crise de alguns atentos colecionadores.

Vários outros leilões menores irão ocorrer em São Paulo e Rio de Janeiro. Eles também serão um termômetro de como anda o mercado frente a crise que já nos atingiu. Comentaremos no momento oportuno. Enquanto isso, recomendo ficarem atentos pois existem ótimas oportunidades no mercado. Boas compras!

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Ainda os leilões - Arte Latinoamericana

A arte latinoamericana também terá sua prova de fogo frente à crise financeira internacional. Sotheby's (18 e 19/11) e Christie's(19 e 20/11) realizarão seus leilões em Nova York, ambas com catálogos incluindo nomes fortes da arte latinoamericana como Rufino Tamayo, Diego Rivera, Torres-Garcia, Wilfredo Lam e outros. Dos brasileiros destaques para Portinari, Di Cavalcanti, Volpi, Sérgio Camargo, Cildo Meireles e a "coqueluche do momento" Beatriz Milhazes. Quanto a valores das obras de brasileiros, realce para o Trípitco 155, 156 e 157 de Sérgio Camargo na Sotheby's, com estimativa de US$ 300.000 a US$ 400.000. Abaixo, veja a imagem de um Di Cavalcanti, Favela, de pequenas dimensões mas muito bom, que vai a leilão na Christe's, com uma estimativa de US$ 30.000 a US$ 40.000. Na minha opinião, uma pechincha!




fonte: Christie's.com
As demais obras de artistas brasileiros também estão com estimativas bem razoáveis e só não serão vendidas se os efeitos da crise financeira forem ainda mais devastadores do que se mostraram até agora. Para aqueles que podem, é o momento certo de comprar. Vamos aguardar anciosos pelos resultados pois, sempre de alguma forma, eles influenciam nosso mercado interno de arte. Se você gosta, tem recursos e vontade de investir em arte de primeira linha, a hora é agora. Aconselhe-se bem, vá em frente e bons negócios!

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Leilões da Sotheby's e Christie's - Como serão?

Na próxima semana acontecem em Nova York, importantes leilões de arte moderna e impressionista nas famosas casas de leilões Sotheby's (dia 3/11) e Christie's(06/11). A expectativa é enorme pois, em meio a esta imensa crise financeira mundial, todos estão querendo saber o que vai acontecer, nesta que pode ser a primeira prova de fogo para o mercado de arte internacional. O pior, é que as coisas já não começaram bem: A obra abaixo de autoria de Pablo Picasso, entitulada Arlequim de 1909, cuja estimativa era da ordem de US$ 30 milhões, foi retirada do leilão da Sotheby's pois seu proprietário, alegando motivos particulares, teria mesmo é receio da eventual desvalorização em função da crise atual.


Fonte: CBC.Ca News

Além desta obra, ambas as casas oferecem uma série de trabalhos importantes e magníficos de artistas como Monet, Renoir, Braque, Leger, Kandinsky, Sisley e outros nomes importantes, além de vários Picasso. Vamos esperar e ver no que vai dar. Eu particularmente espero que seja um sucesso e que a máxima de que "as obras de arte são resseguro de crise" prevaleça.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Um breve passeio pelas Bienais do passado II

Continuando nosso passeio pelas Bienais e alguns de artistas delas participantes, me sinto na obrigação de falar de Arthur Luiz Piza, a quem já prestei uma justa homenagem lá embaixo neste blog, pelos seus 80 anos de vida. Piza foi sem dúvida um dos maiores participantes da Bienal de São Paulo, tendo suas obras sido expostas ao grande público nas edições de 1951 a 1963 e também na de 1967, conquistando ainda o Grande Prêmio Nacional de Gravura em 1959 e o Prêmio de Aquisição de 1967. Seus relevos, recortes e gravuras são hoje disputados por colecionadores ao redor do mundo, o que mostra que sua proposta e trabalho foram amplamente aceitos nos meios artísticos internacionais, sendo que suas obras integram os acervos dos maiores e mais importantes museus de arte moderna e contemporânea do mundo, como por exemplo o Art Institute of Chicago, o MoMa de Nova York, Museu Guggenheim EUA entre muitos outros. A obra abaixo, uma gravura executada em metal/goiva, é um exemplo característico do trabalho primoroso que Piza desenvolveu ao longo de sua brilhante carreira. Mais um caso em que a Bienal de São Paulo mostrou e premiou, e a crítica e o público foram unânimes em reconhecer em Piza um dos maiores artistas contemporâneos brasileiros.







Já que estamos no campo da arte abstrata, vou falar um pouco de Maria Leontina, uma das artistas que mais participou da Bienal de São Paulo, estando presente na I, III, IV, V, VI e IX edição da Bienal (entre 1951 e 1967), com prêmios de aquisição em 1951 e 1953 e isenção de juri em 1961. Esposa do famoso pintor Milton da Costa, Maria Leontina Franco da Costa faleceu em 1984 e teve vida artística intensa tendo participado inclusive da Bienal de Veneza de 1950 e do Salão de Maio de Paris de 1952. Da sua vasta produção, destacamos as obras por alguns chamadas de estilo "abstrato-expressionista", tendendo à geometrização da qual se utilizou em sua primeira fase, onde se tornaram famosos os "estandartes". A obra abaixo, um pastel sobre papel cartão preto, é um típico exemplo da obra de Maria Leontina, cujos trabalhos também complementam importantes coleções no Brasil e no exterior. Mais um caso em que o pessoal da Bienal só acertou......




Nas próximas postagens, vou continuar a tratar de artistas de antigas Bienais. Não que o que esteja sendo mostrado atualmente não seja bom, longe disso, mas é que sinto uma saudade!! Principalmente porque naquela época não havia pixação deliberada nos pavilhões, por mais que ela também possa ser considerada como forma de expressão legítima e até de arte. Talvez os resultados das antigas bienais deveriam ter sido melhor divulgados e até ensinados nas salas de aula. Mas sou um otimista e acho que ainda dá tempo. Até a próxima!

Um breve passeio pelas Bienais do passado

Foi aberta no último Domingo, 26 de Outubro, a 28a. Bienal de São Paulo. Sob aplausos de uns e críticas de outros, o importante é que desde 1951, quando ocorreu a primeira delas, a cidade de São Paulo e também o Brasil, tem a oportunidade de travar contato com a chamada, digamos, "vanguarda atualizada" das artes plásticas mundial. Inegavelmente, alguns dos artistas que passaram por elas ao longo destes 57 anos, se transformaram em verdadeiros ícones das artes, geradores de tendências que foram seguidas por inúmeros outros jovens artistas ao redor do mundo. Hoje em dia, muito se questiona a razão da existência das bienais. A primeira delas, a de Veneza, que teve sua primeira edição em 1895, continua ainda a ser um grande peso no curriculum de quem nela teve a oportunidade de exibir seus trabalhos. A bem da verdade, com a Bienal de São Paulo não deixa de ser diferente, pois a mostra ganhou importância considerável no circuito das artes mundial, mesmo depois de algumas poucas edições. Suas salas especiais já dedicaram espaço e atenção a vários artistas, europeus e latinoamericanos como Picasso, Volpi e muitos outros, cujas obras hoje em dia, se tornaram verdadeiros objetos do desejo de muitos colecionadores e museus.


Das antigas bienais, cujas obras apresentadas ainda guardam maior identidade com a grande massa do público de hoje em dia, gostaria de lembrar de alguns artistas, os quais em minha opinião, marcaram suas presenças com propostas interessantes, algumas delas talvez, ainda não compreendidas:

Começo com Valdir Sarubbi, artista paraense, que participou das Bienais de 1972 e 1974(hors concurs). Sarubbi, que infelizmente morreu de forma precoce em 2000, era possuidor de um desenho de altíssima qualidade, reconhecido e premiado no Brasil e no exterior. Em suas diversas fases, trouxe para o plano da tela ou do papel, uma temática baseada na vida amazônica, enaltecendo a sua própria origem e dando o devido valor ao que é nosso, ao que é brasileiro. A obra acima, um estudo para a série "Este Rio é Minha Rua", exala uma certa "amazonicidade", se é que o vocábulo existe, nos transportando para um barco a percorrer os igarapés existentes na imensidão amazônica. As obras de Sarubbi, mesmo suas gravuras, são raríssimas e acredito que com o tempo, o reconhecimento desse grande artista virá.


Outro participante da Bienal de São Paulo(1994) que merece menção é Saint Clair Cemin. Este gaúcho de Cruz Alta, nascido em 1951, é hoje um dos mais destacados artistas brasileiros no exterior. Com ateliês no EUA e Europa e obras em vários museus e coleções particulares ao redor do planeta, Saint Clair vem realizando um trabalho marcante, principalmente no campo da escultura. Suas peças são disputadas nos melhores leilões de arte de Sotheby's e Christie's, atingindo algumas delas preços bem altos. Só para exemplificar, no próximo dia 20 de Novembro, uma escutura sua, executada em madeira e metal, vai a leilão na Christie's de Nova York com estimativa entre US$ 12.000 e US$ 18.000. A obra acima, é um desenho de Saint Clair da dec. 70, quando ele ainda estudava na França. Ainda vamos ouvir muito dele por aí....

Um artista do qual gosto muito do trabalho, autor da obra acima e que participou da Bienal de São Paulo de 1967, é Gilberto Salvador. Considero seu trabalho consistente e todas as suas fases possuem um fio condutor, que dá ao conjunto da obra uma coerência muito grande, sinal de evolução embasada em pesquisa e muito, mas muito trabalho. Hoje além das atividades de artista plástico, Gilberto Salvador criou uma fundação que leva seu nome, e que patrocina e gerencia uma série de eventos e atividades no âmbito da cultura. Mais um nome consagrado que passou pelos pavilhões do Ibirapuera.............
Na próxima postagem, vou selecionar mais alguns participantes de Bienal que vale a pena serem lembrados. Afinal, temos quarenta dias para falar e principalmente visitar a Bienal. Nem que seja por pura diversão.





segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Obra redescoberta de Paulo do Valle Junior



A paisagem acima, de autoria do artista paulista Paulo do Valle Junior, falecido em 1958 , foi redescoberta recentemente, na coleção de uma tradicional família paulistana. Pintada em 1911 durante sua estada na França, quando era pensionista do governo do estado de São Paulo, mostra todas as qualidades do grande mestre, mesmo contando ele à época com apenas 22 anos. Com uma paleta já madura e um desenho preciso, o pintor conseguiu trazer para a pintura todo o clima da Paris do começo do sec.XX e suas famosas pontes. Segundo nos foi contado, a obra está fora da moldura há muito tempo e foi guardada em uma gaveta com outros papéis da família, o que explica o bom estado de conservação da pintura, mesmo estando ela perto de completar 100 anos. Um raro trabalho digno de ser contemplado. Espero que gostem!!

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

30 Anos da mostra "15 Jovens Artistas do Brasil"




A fotografia acima, extraída do catálogo da mostra " 15 Jovens Artistas do Brasil ", que teve a curadoria de Carlos von Schmidt , mostra vários personagens cujos nomes se tornaram celebres no cenário artístico brasileiro. Alguns deles inclusive, serão olhados com saudades, pois já no deixaram com destino a eternidade, onde com certeza, continuam fazendo arte da melhor qualidade. Afinal, arte é vida e vida é arte.


Participaram da mostra Takashi Fukushima, Cláudio Tozzi, Aldir Mendes de Souza, Luiz Gregório Correa, Newton Mesquita, Marcelo Nitsche, Luiz Paulo Baravelli, Gilberto Salvador, Marcos Concílio, Juarez Magno, Dimitri Ribeiro, Ignácio Rodrigues, Rubens Gerchman, Antonio Sérgio Benevento e Ivald Granato.


A exposição que ocorreu em 1978 no MAB FAAP e no Museo de Arte Moderno de Buenos Aires, está fazendo 30 anos, e como é idade de número redondo, é sempre bom de se lembrar e comemorar.

Aldir e Gerchman faleceram recentemente e deixaram um legado de trabalhos artísticos marcantes executados em carreiras brilhantes, com reconhecimento de público e de crítica no cenário artístico nacional e internacional, com obras em vários museus e também disputadíssimas por inúmeros colecionadores. Marcos Concílio redirecionou as atividades e praticamente não expôs mais. Dimitri, Luiz Gregório, Ignácio, Benevento e Juarez Magno pouco se vê ( pelo menos eu por aqui). Em compensação, Fukushima, Newton Mesquita, Gilberto Salvador, Nitsche, Ivald Granato e principalmente Tozzi e Baravelli, levam adiante carreiras artísticas magníficas com reconhecimento no Brasil e no exterior.


Depois de trinta anos, os sinais do tempo em seus rostos, corpos e movimentos, são aparentes sem dúvida, mas suas obras continuam jovens e esbeltas, sinal da alta qualidade do trabalho que sempre fizeram com muito amor e dedicação, levando cada uma delas suas mensagens e visões particulares do mundo que nos cerca, renovando valores, desnudando as próprias almas e descobrindo novas formas de expressão em duas ou mais dimensões. Parabéns a todos e comemoremos esta brilhante safra de artistas!!




Aldir Mendes de Souza - Cinético Azul - TST
Acervo Escritória de Arte Rui Dell'Avanzi Jr.


Newton Mesquita - Tuba- TMSTCP

Acervo Escritório de Arte Rui Dell'Avanzi Jr.


Gilberto Salvador - Lagoa com Vitória Régia TMSTCP
Acervo - Ana Roso

domingo, 19 de outubro de 2008

Tadashi Kaminagai recuperado


A obra acima, de autoria de Tadashi Kaminagai, pintor japonês também pertencente à Escola de Paris, foi encontrada num antiquário no interior do estado de São Paulo, em estado de conservação extremamente precário, mas com a camada pictórica perfeita. O artista, que morou no Brasil durante anos, passou uma parte de sua vida na França( onde inclusive veio a falecer em 1982) , e influenciado por muitos dos artistas franceses com os quais convivia, como Matisse, Marquet entre outros, para os quais executava também molduras entalhadas primorosas( hoje disputadíssimas pelo mercado), pintou muitas paisagens francesas, principalmente do interior como da Bretanha e de La Frete sur Seinne. A obra em questão, depois de devidamente restaurada, foi mostrada a Yo Kaminagai, filho do artista que reside na França, e este em tom emocionado, disse que se recordava de que seu pai havia feito esta pintura quando ele, Yo, era bem pequeno, em Lehon na Bretanha. A obra é sem dúvida magnífica, com influência dos pós-impressionistas, e executada com "impasto" generoso, a um toque. Coisa de mestre. Espero que apreciem mais esta pintura redescoberta.




sexta-feira, 25 de julho de 2008

Quadro de Anita Malfatti redescoberto

A imagem acima é de um pequeno óleo de Anita Malfatti, recentemente redescoberto, que estava esquecido em uma coleção no interior do estado de São Paulo. Ela tem dimensões aproximadas de 15cm x 23cm e possui uma execução em estilo impressionista, com pinceladas rápidas e justapostas, feitas a um toque, com um "impasto" generoso, coisa de quem conhece muito a arte do cavalete. Levada a Elisabeth Cecília Malfatti, sobrinha e curadora da obra da artista, foi identificada como sendo a chacrinha de Diadema, onde Anita passou bons períodos durante os últimos anos de sua vida. Pessoalmente, a obra apesar de impressionista, é de um realismo fantástico, quase fotográfico. É mais uma prova inconteste da genialidade daquela que foi a precursora do modernismo brasileiro. Uma pequena jóia.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

2008 - Arthur Luiz Piza - 80 Anos





Na imagem acima, vemos Arthur Luiz Piza, um dos mais importantes artistas plásticos brasileiros da atualidade, que completa 80 anos em 2008. Nascido em São Paulo em 1928, estudou com Antonio Gomide, e após expor na I Bienal de São Paulo e de realizar algumas individuais na capital paulista, mudou-se para Paris, França, onde vive e trabalha até hoje. Na capital francesa, frequentou o atelier de Johnny Friedlaender, tendo aulas de gravura em metal, que veio a se tornar uma de suas especialidades. Em 1953 participa com suas esmeradas gravuras da II Bienal de São Paulo, quando recebe o Prêmio Aquisição. Seguindo, a partir de então, para a gravura em relevo, executa peças primorosas de excelente acabamento. O crescimento da qualidade de sua técnica e linguagem são patentes e culminam com o Prêmio de Melhor Gravura na Bienal de São Paulo de 1959. Como evolução natural, Piza começa a executar relevos em papel, com cortes, ranhuras e elementos aquarelados. Executa também relevos com elementos colados ao suporte, obtendo obras de uma plasticidade e linguagem únicas, que fizeram com que as mesmas corressem o mundo em exposições individuais e coletivas. Entre as muitas exposições, participou da Documenta de Kassel e das Bienais de Paris, Veneza e Cracóvia. Possui gravuras, relevos e elementos escultóricos em diversas coleções particulares e museus ao redor do mundo. Sem sombra de dúvida, a arte brasileira internacional tem em Arthur Luiz Piza uma de suas maiores expressões. Parabéns Piza!!
Veja abaixo algumas obras de Arthur Luiz Piza:



La Lune au Carré - Gravura em metal/goiva




Marola La Coruña - Gravura em metal/goiva

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Uma obra de Camille Pissarro Redescoberta



A obra de arte cuja imagem está acima, é um desenho a pastel de autoria de Camille Pissarro, um dos principais pintores impressionistas franceses, que junto com Monet, Sisley, Renoir, Cézanne e mais alguns, foi um dos responsáveis pelo movimento Impressionista, que revolucionou a arte mundial no século XIX.

Há uns meses, um conhecido meu de Israel, me enviou a imagem, já meio a título de desabafo, pois não conseguia dos certificadores na França, mais especificamente o Wildenstein Institute, o reconhecimento da autenticidade e a certificação da mesma.

Ao receber a imagem, uma espécie de " sininho" soou na minha mente, pois algo me dizia que eu já havia visto aquela imagem antes. Como pesquiso impressionismo há muitos e muitos anos, não seria difícil que talvez algo parecido tivesse passado diante dos meus olhos em algum dos milhares de livros e catálogos que consultei. O problema seria saber onde. Comecei uma pesquisa obviamente em minha pequena biblioteca pessoal, em todos os livros e catálogos antigos que possuissem o verbete Pissarro. Para minha surpresa, em algumas horas, encontrei um livro editado no Brasil há mais de trinta anos pela Editora Três, da série Biblioteca de Arte - Os Impressionistas, escrito por Charles Kunstler, membro do Institut de France, que possuia na página 34 a imagem abaixo:



Incrível e emocionante!! Era realmente a obra em questão. O que mais surpreende é que este livro possui uma edição francesa e que pasmem-se, foi patrocinada pela Fundação Wildenstein, os mesmos que têm o catálogo raisonné sob sua responsabilidade. Enviei a imagem para o meu conhecido em Israel e obviamente o "queixo caiu". Eu acabara de transformar o pastel dele em algumas dezenas de milhares de dólares. Mas o mais importante, é que uma obra autêntica de um dos maiores pintores da humanidade foi resgatada, redescoberta. Se trata de um patrimônio da humanidade e por mais que esteja em uma coleção particular, tem que ser reconhecida e preservada. A essa altura já deve ter sido vendida e com certeza está pendurada em uma parede de colecionador de porte em algum lugar do mundo onde haja dinheiro e bom gosto. Hoje em dia, poder ter uma obra dessas em casa é para poucos.

Roubo no MASP

Agora, que a poeira já abaixou, e as obras foram recuperadas, pensei que caberia fazer algumas considerações sobre o episódio. A facilidade do roubo realmente salta aos olhos de qualquer um, mais do que o " profissionalismo" de quem executou. Realmente, quem roubou os quadros do MASP, roubou obras de arte pela primeira vez, apesar de que pelo tempo em que fizeram a operação, parecia até que tinha sido ensaiado. O que mais estranho é que, em qualquer lugar do mundo onde casos semelhantes acontecem, dificilmente a obra fica na mesma cidade por tanto tempo. Geralmente, esse tipo de serviço é feito por encomenda, afinal, colecionador sem escrúpulos é o que não falta, ou então a título de sequestro, onde posteriormente se pede um resgate. Vingança ou mesmo tentativa de molestar o museu ou alguém que a ele pertença é uma alternativa que prefiro nem pensar pois seria tão baixo que , se fosse verdade, seu mentor deveria ser localizado e preso, mesmo que fosse um " figurão". Em nenhum dos dois primeiros casos entretanto, para um profissional, se correria o risco de ficar tão próximo às tentativas de busca e recuperação. Já na última hipótese aventada, tudo seria possível...........
Por mais que algumas pessoas não concordem com o modelo da atual administração do museu, achei de muito mau gosto o "apedrejamento" executado, pois atingiu de certa forma outras pessoas, que participam há anos da administração do MASP, com dedicação, carinho e competência. Pessoas como Luis Hossaka, Eugênia, Ivani e muitos outros, não podem ser esquecidos ou transformados em vilões ou mesmo profissionais incompetentes em função de um fato isolado, provocado sabe-se lá por que reais motivos.
Ouvi gente inclusive me questionando se as obras que retornaram são realmente as autênticas ( fato que me estimulou a escrever este texto), pondo em dúvida a competência e a qualidade profissional dos funcionários do quadro técnico do museu. Depois que se explica para os interessados a qualidade de quem está lá e os procedimentos que se levam a cabo nessas situações, as pessoas entendem que seria impossível, ou no mínimo uma possibilidade remotíssima.
Crucificaram a atual presidência do MASP, e aqui não vou entrar no mérito da agressão, mas não me lembro de ter lido nenhuma matéria nos jornais ou na Internet falando das qualidades da equipe técnica do museu. É uma pena que nessas horas, a mídia só vê a parte vazia do copo, e esquece, ou propositalmente não quer ver, a boa quantidade de vinho de primeira qualidade que ainda está lá. Temos que rezar e torcer para não transformarem o MASP em mais um trampolim político ou um buraco negro de nepotismo e clientelismo político. Toda essa estória só transpira vaidade, de um lado e do outro. Que as reais boas intenções para se manter ou melhorar este que é o melhor museu da América Latina apareçam. Mas as reais boas intenções. As outras que sumam. Visitem o MASP, ele merece.