segunda-feira, 19 de abril de 2010

Portinari - O pintor, o muralista, o artista - "Portinari - The painter, the muralist, the artist

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English abstract
This post tells a little of Cândido Portinari, considered by many people the most important modern brazilian artist. As some of his paintings were stolen recently from museums, the real importance of the painter became the highlights of the midia worldwide, mainly due his work as a muralist, exemplified by the two big murals at the United Nations building in New York. On a short biography, something of his brilliant carrier is told till his death on 1962.
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Há pouco mais de dois anos, quando a obra acima "Lavrador de Café" de autoria de Cândido Portinari, foi roubada junto com outras peças do MASP em São Paulo, muitos se assustaram com o valor estimado da mesma, à época R$ 5 milhões. Me perguntavam se realmente valeria tudo aquilo e nas minhas respostas, dizia que em minha opinião, ainda estava aquém do que deveria valer. Não que a avaliação estivesse errada, longe disso, mas o artista, o qual considero o maior pintor do Brasil de todos os tempos, é que julgo ainda pouco reconhecido, principalmente se compararmos com outros expoentes da arte latinoamericana, como por exemplo os mexicanos Diego Rivera, Rufino Tamayo, o chileno Matta e o cubano Wifredo Lam. A exemplo de Rivera, Portinari também foi um excelente muralista, e a melhor amostra desse tipo de trabalho são os murais Guerra e Paz, que pertencem à ONU em Nova York. Como pintor foi sem dúvida genial.




Portinari nasceu em 30 de dezembro de 1903 em uma fazenda de café chamada Santa Rosa, em Brodowski, município da região de Ribeirão Preto no estado de São Paulo. Seus pais, Baptista e Dominga, eram imigrantes italianos da região do Vêneto, que vieram para o Brasil em busca de trabalho, e talvez, o legado de trabalho de seus pais, tenha sido a grande herança recebida por Portinari. Desde a infância e juventude, quando Portinari já auxiliava artistas viajantes italianos, que passavam pela região decorando igrejas das pequenas cidades do interior, já haviam relatos da dedicação e empenho com os quais se dedicava ao trabalho, sedento por aprender a arte e o ofício de pintor. Mudando depois para o Rio de Janeiro, frequentou o curso da Escola Nacional de Belas Artes, onde pode estudar com Lucílio de Albuquerque, Rodolpho Amoêdo e Baptista da Costa entre outros. Na década de 20, começa a participar de salões e exposições, tendo conquistado em 1928 o Prêmio de Viagem, que definitivamente transformou a vida de Portinari, em função do reconhecimento unânime da qualidade de seu trabalho. Viaja para a Europa em 1929, retornando ao Brasil em 1931. Aos poucos, vai realizando um trabalho pictórico cada vez mais voltado a retratar a realidade social que via e vivia. Desde os trabalhadores do campo e das fazendas de café aos retirantes miseráveis, como mostra o quadro reproduzido acima, que pertence ao acervo do MASP em São Paulo.




Realiza inúmeros murais, no Brasil e no exterior, onde seu estilo, caracterizado por um desenho preciso com traços fortes, aliado a uma paleta de extrema sobriedade, passa a ser inconfundível. Seus personagens, geralmente trabalhadores do povo, seja em representações históricas ou de temática cotidiana, passam a fazer parte da vida do brasileiro em painéis de repartições públicas e igrejas. Suas telas ganham as paredes de grandes e influentes colecionadores, inclusive no exterior, principalmente em função de suas inúmeras viagens. Militou na política filiado ao Partido Comunista mas não logrou sucesso. Seu destino seria mesmo denunciar as injustiças, com as quais não se conformava, com seus pincéis.


Cândido Portinari foi casado com Maria Portinari e teve um filho, João Cândido, que está à frente do Projeto Portinari há quase 30 anos, o qual cataloga a obra do artista, além de divulgá-la ao público em geral, num dos mais completos e sérios projetos de catalogação do mundo, tendo inclusive publicado o Catálogo Raisonné da obra do artista em cinco volumes ricamente ilustrados. Portinari faleceu em 1962, vítima de intoxicação pelas tintas que usava, principalmente o amarelo cádmio e branco chumbo, deixando um acervo com mais de 5.000 obras executadas, espalhadas pelo mundo a divulgar a gente, os costumes, a história e principalmente as cores do nosso imenso Brasil.