terça-feira, 31 de março de 2009

John Graz - Um artista extraordinário

Por fim, já que falamos de Antonio e Regina Gomide, somos compelidos a escrever um pouco sobre o último artista da Família Graz - Gomide: John Graz. Nascido em 12 de Abril de 1891 em Genebra- Suiça, John Louis Graz, ou simplesmente John Graz como assinava suas obras, entrou na Academia de Belas Artes por volta de 1908, onde estudou com Guilliard, Vernet e Edouard Ravel, mestres que além de sólidos conhecimentos de desenho e pintura, lhe transmitiram um ecletismo que John reproduziu em obras das mais variadas espécies ao longo de sua extensa vida criativa. Dono de um desenho sólido e solto, John Graz produziu pinturas, desenhos, esculturas, cerâmicas, vitrais, jóias e também peças de mobiliário de uma leveza surpreendente, onde as curvas e os ângulos de seu desenho estão sempre presentes.



A obra acima, Pescador, é um típico desenho de John Graz. Percebam a sinuosidade das curvas da figura dando a noção de movimento. John Graz, foi um dos pintores participantes da Semana de Arte Moderna de 1922, juntamente com Regina sua esposa, Di Cavalcanti, Anita Malfatti, Zina Aita e outros. Em 1970, A Fundação Armando Álvares Penteado organizou uma exposição retrospectiva de seu trabalho e em 1976 o Museu Lasar Segall na mostra "Família Graz-Gomide", expôs um bom número de suas obras.

Felizmente, a extensa produção de John Graz está sendo catalogada pelo Instituto John Graz, encabeçado pela Sra. Annie Graz, segunda esposa de John após este ter ficado viúvo de Regina Gomide em 1973, e as informações sobre certificação e catalogação podem ser obtidas no site www.institutojohngraz.org.br . Com certeza, este é um artista do qual ainda vamos ouvir falar muito no futuro.

Regina Gomide Graz - Uma Modernista

Na última postagem, comentei sobre Antonio Gomide, e com isso, faz-se necessário comentar também sobre sua irmã, Regina Gomide Graz. Nascida em Itapetininga - SP em 1897, Regina, como seu irmão, estudou artes decorativas na Escola de Belas Artes da cidade de Genebra, Suiça, onde morou de 1913 a 1920. Foi lá inclusive que Regina conheceu seu futuro marido, John Graz, e com o qual participou da tão famosa Semana de Arte Moderna de 1922 em São Paulo.

Regina se especializou em artes decorativas e seus trabalhos se concentraram nas tapeçarias e almofadas, itens indispensáveis na decoração estilo Art-Deco, do qual junto com seu marido e o próprio irmão, foi uma das precursoras na utilização no Brasil, sendo que alguns autores reputam a ela a introdução do artesanato no país. Regina montou inclusive uma pequena indústria de tapetes artesanais em São Paulo, na dec. de 50. Abaixo temos a reprodução de uma almofada de autoria de Regina Gomide, pertencente à coleção de Benjamin Steiner, que ilustra muito bem o trabalho realizado por ela nas décadas de 20 e 30.


Hoje no mercado, são raríssimos os trabalhos de Regina Gomide Graz, até mesmo pela friabilidade dos materiais utilizados, o que lamentavelmente pode ter gerado o desaparecimento de um importante acervo desta grande artista, que além da Semana de Arte Moderna, participou também do I Salão Paulista de Belas Artes e da coletiva Contribuição da Mulher às Artes Plásticas do País, promovida pelo MAM SP em 1961. Em 1976, o Museu Lasar Segall abrigou a exposição "A Família Graz-Gomide, O Art-Deco no Brasil", na qual várias obras de Regina foram mostradas. Existem referências suas no livro de autoria de Rita Cáurio - Artêxtil - Viagem pelo Mundo da Tapeçaria. O MAB FAAP possui em seu acervo vários esboços de tapetes realizados por Regina Gomide Graz, base e mostruário para as peças que confeccionava sob encomenda. A partir de agora, quando entrarem em uma casa antiga, decorada em estilo Art-Deco principalmente em São Paulo, tomem cuidado onde pisam.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Um pouco sobre Antonio Gomide

Nascido em Itapetininga, município onde resido, em 1895, Antonio Gonçalves Gomide pode ser considerado um dos principais artistas modernistas brasileiros. Dono de um estilo inconfundível, principalmente quanto às obras da dec. 20, com forte influência cubista, fruto da convivência com artistas da envergadura de Pablo Picasso, George Braque, Francis Picabia e Andre Lhote entre outros, durante sua estada em Paris, onde chegou a ter um ateliê na Rue Vercingétorix, 52. Nessa mesma época, chegou a expor no Salon des Indépendants e no Salon d'Automne de Paris. A obra abaixo, Pont Saint Michel, é um dos melhores exemplo dessa época.



Gomide, a bem da verdade, morou na Europa desde 1913, quando mudou com a família para Genebra, na Suiça. Lá estudou na Escola de Comércio de Genebra e na Escola de Belas Artes da mesma cidade. Na primeira conheceu Sergio Milliet e na segunda John Graz, que mais tarde se casaria com sua irmã Regina. Após várias idas e vindas da Europa, só retornaria definitivamente ao Brasil em 1929, quando instalou um ateliê na Alamenda Nothmann, na cidade de São Paulo.
Além da pintura e do desenho, Antonio Gomide executou decoração de interiores e também vitrais para decoração de igrejas para a empresa de Conrado Sorgenicht Filho, deixando sem dúvida, uma obra extensa e eclética. Apesar de ser dono de uma personalidade algo introspectiva, preferindo sempre o isolamento à exposição na mídia da época, Gomide participou de várias e importantes mostras no Brasil e no exterior, como a organizada em Nova York pelo International Art Center do Museu Roerich, bem como dos salões de Maio em São Paulo na década de 30 e da I Bienal de São Paulo de 1951. Em 1968, muda-se para Ubatuba no litoral de São Paulo, vindo a falecer em 1969, totalmente cego. Antonio Gomide foi muito bem retratado por Elvira Vernaschi em seu livro "Gomide", resultado de seu trabalho de mestrado na USP sob orientação do Prof. Walter Zanini, o qual também a credenciou como catalogadora e certificadora da obra deste grande artista.