quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Leilão de Dezembro da Bolsa de Arte

No próximo dia 7 de Dezembro, ocorrerá em São Paulo, a primeira noite do último leilão do ano da Bolsa de Arte do Rio de Janeiro, contemplando a venda de obras de artistas acadêmicos, modernos e contemporâneos. Com uma seleção de muito bom gosto, serão oferecidas obras para todos os tipos de "apetite". Entre os artistas do sec.XIX, destaque para a obra de Castagneto "Barcos no Arsenal de Guerra do Império", um óleo s/ tela de 40x91cm, cuja estimativa está entre R$ 160.000 e R$ 220.000. Entre os modernos, saltam aos olhos as obras de Portinari, Guignard e Di Cavalcanti entre outras.
A estrela da noite é o tríptico "Sol sobre Paisagem" de Antonio Bandeira reproduzido abaixo, cuja estimativa está entre R$ 3,5 e 4,0 milhões. Se for vendido, e esperamos que seja, será com certeza um recorde para o artista.


fonte: Bolsa de Arte do Rio de Janeiro

O leilão traz boas oportunidades de compra. Uma delas é o pequeno óleo de Di Cavalcanti reproduzido abaixo, "Músicos", um óleo s/ tela de 24x33cm, que apesar de simples é bem característico e que pode se constituir ao futuro comprador, além do prazer da contemplação de uma obra de um dos maiores modernistas brasileiros, um excelente investimento.

fonte: Bolsa de Arte do Rio de Janeiro

Já no dia 9 de Dezembro, a Bolsa de Arte promove o leilão de Design, Fotografia e Arte Contemporânea, com excelentes oportunidades de compra para os amantes desses segmentos. Destaque para os móveis de Sergio Rodrigues e José Zanine Caldas, pinturas de Carlos Vergara, Antonio Dias e Waltercio Caldas, elementos escultóricos de Tunga e Luiz Paulo Baravelli e as fotografias de Otto Stupakoff. Vale a pena conferir.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Leilão de Arte Latinoamericana na Sotheby's

Ocorreu ontem a primeira noite do último leilão de Arte Latinoamericana da Sotheby's Nova York. Como de costume, foram poucas as obras de artistas brasileiros ofertadas. O destaque ficou para a obra "No. 232" de Sergio Camargo, reproduzida acima, que foi arrematada pela nada desprezível importância de US$ 482.500, já com as comissões incluídas

Outra obra de brasileiro vendida foi a tela acima de Di Cavalcanti, sem título, que pertencia ao ex-presidente da General Motors do Brasil, arrematada por US$ 104.500, esta sim, em minha opinião, uma "pechincha".

A estrela da noite acabou sendo a obra de autoria de Wifredo Lam "Les abalochas dansent pour Dhambala, diue de l'unité", que alcançou a soma de US$ 2.154.500, contribuindo para uma venda total no leilão de aproximadamente US$ 14,81 milhões. Nada mal.

Esperemos que arte brasileira conquiste mais espaço no mercado internacional. Qualidade para isso não falta.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

João Quaglia - Da Bahia para o mundo

João Garboggini Quaglia nasceu na Bahia em 1928, mais especificamente em Salvador, e como bom artista soteropolitano, vem desde o final da década de 40 realizando um obra extraordinária, principalmente no desenho, que teve como mestre Ado Malagoli, na pintura e na gravura, obtendo nesta última modalidade, na qual foi aluno de Mario Cravo, grande destaque e evidência em 1965, quando ilustrou o livro "A Morte" de Manuel Bandeira.
Quaglia possui uma qualidade de desenho ímpar e um trato da figura e das cores digna de mestre, daquele que conhece o ofício mas não se ufana por isso. Seus quadros aparecem constantemente em leilões mas não chega a ser dos artistas mais lembrados ou mesmo conhecidos. Sua postura é discreta como suas obras. É artista premiado e viajado. Aperfeiçoou sua pintura no Taller Boj em Madri, Espanha, e tanto conhece o assunto que se tornou professor. O auto-retrato abaixo mostra o refino da obra de Quaglia, tanto no desenho sutil como na paleta equilibrada e madura.




João Quaglia participou ao longo de sua vida de inúmeras exposições individuais e coletivas, no Brasil e no exterior, entre elas do Salão Nacional de Arte Moderna e da V Bienal de São Paulo de 1959. É também muralista, tendo executado os murais da Base Aérea de Salvador na Bahia, do edifício Suerdick na mesma cidade e da Embaixada do Brasil em Madri, na Espanha. Seus quadros já se encontram hoje em inúmeras coleções públicas e privadas, incluindo o Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, o Museu do Estado da Bahia, o Museu de Arte Moderna de Sergipe e o Museu da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
As telas de Quaglia tem como tema predominante a figura humana, retratada dentro de um expressionismo que adquire aspectos até dramáticos, onde homens, mulheres e crianças dotados de membros que demonstram uma liberdade nada convencional, conversam, trabalham e até se divertem, sempre com um ar de grande discrição. Mais raros são seus casarios, como o reproduzido acima, que também carregam sua marca de excelente desenho e paleta de muito bom gosto.
João Quaglia é sem dúvida um grande artista, um mestre de alto nível, cujo conjunto da obra merece ser cuidadosamente estudado e preservado, para que lhe seja conferido com o tempo, o seu devido valor e lugar na história da arte brasileira. Fica aqui a nossa mais sincera homenagem.

sábado, 19 de junho de 2010

Modigliani na Christie´s Paris - Um recorde

No último dia 14 de Junho, em Paris, o mundo da arte assistiu a mais um recorde quebrado para um artista. Foi para uma obra de Modigliani. A escultura com título " Tête", reproduzida acima, alcançou a astronômica cifra de 43,185 milhões de euros, após uma autêntica guerra de lances presenciais e por telefone, na sede da Christie's em Paris. Modigliani, além da importância dentro do contexto da arte moderna internacional do começo do sec.XX, não produziu muitas esculturas, o que tornou o objeto em questão alvo de muitos colecionadores sedentos. Quinze deles haviam se identificado para dar lances antes do pregão, que começou com uma estimativa de 4,0 milhões de euros. O rali levou mais de dez minutos e ao final, o comprador, que não quis se identificar, arrematou a bela e importante obra, conferindo a ela um novo recorde para Modigliani e para a própria Christie's Paris, que ao contrário de seus escritórios em Londres e Nova York, nunca havia feito uma venda de tal valor. Aparentemente, o mundo da arte mostra que está realmente necessitado de obras raras e boas, o que deve fazer com que muitos trabalhos de vários artistas comecem a ser "redescobertos" e colocados à venda. É esperar para ver.


segunda-feira, 26 de abril de 2010

Leilões da Bolsa de Arte - Abril 2010


Nos próximos dias 29 e 30 de Abril, ocorrerão os leilões da Bolsa de Arte do Rio de Janeiro, sendo o do dia 30 concentrado em arte contemporânea, fotografia e design.
Com uma bela seleção de obras, o leilão tem tudo para ser um sucesso, mesmo dentro do clima de incertezas que ainda se vive atualmente. Na noite do dia 29, destaque para obras de Portinari, Ianelli, Helio Oiticica, Djanira, Ivan Serpa e Volpi, cuja obra "Cinéticos Mosaicos", reproduzida acima, vai a pregão com estimativa entre R$ 500.000 e R$ 600.000.
Na noite do dia 30, o destaque fica por conta de Cildo Meirelles, cuja obra "This is a canvas, This is a box" de 1996, vai a leilão com estimativa entre R$300.000 e R$ 400.000.
Ambos os leilões serão realizados na Rua Oscar Freire 379, nos Jardins em São Paulo, ao martelo da experiente leiloeira Vivian Perez. Vale a pena conferir.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Portinari - O pintor, o muralista, o artista - "Portinari - The painter, the muralist, the artist

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English abstract
This post tells a little of Cândido Portinari, considered by many people the most important modern brazilian artist. As some of his paintings were stolen recently from museums, the real importance of the painter became the highlights of the midia worldwide, mainly due his work as a muralist, exemplified by the two big murals at the United Nations building in New York. On a short biography, something of his brilliant carrier is told till his death on 1962.
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Há pouco mais de dois anos, quando a obra acima "Lavrador de Café" de autoria de Cândido Portinari, foi roubada junto com outras peças do MASP em São Paulo, muitos se assustaram com o valor estimado da mesma, à época R$ 5 milhões. Me perguntavam se realmente valeria tudo aquilo e nas minhas respostas, dizia que em minha opinião, ainda estava aquém do que deveria valer. Não que a avaliação estivesse errada, longe disso, mas o artista, o qual considero o maior pintor do Brasil de todos os tempos, é que julgo ainda pouco reconhecido, principalmente se compararmos com outros expoentes da arte latinoamericana, como por exemplo os mexicanos Diego Rivera, Rufino Tamayo, o chileno Matta e o cubano Wifredo Lam. A exemplo de Rivera, Portinari também foi um excelente muralista, e a melhor amostra desse tipo de trabalho são os murais Guerra e Paz, que pertencem à ONU em Nova York. Como pintor foi sem dúvida genial.




Portinari nasceu em 30 de dezembro de 1903 em uma fazenda de café chamada Santa Rosa, em Brodowski, município da região de Ribeirão Preto no estado de São Paulo. Seus pais, Baptista e Dominga, eram imigrantes italianos da região do Vêneto, que vieram para o Brasil em busca de trabalho, e talvez, o legado de trabalho de seus pais, tenha sido a grande herança recebida por Portinari. Desde a infância e juventude, quando Portinari já auxiliava artistas viajantes italianos, que passavam pela região decorando igrejas das pequenas cidades do interior, já haviam relatos da dedicação e empenho com os quais se dedicava ao trabalho, sedento por aprender a arte e o ofício de pintor. Mudando depois para o Rio de Janeiro, frequentou o curso da Escola Nacional de Belas Artes, onde pode estudar com Lucílio de Albuquerque, Rodolpho Amoêdo e Baptista da Costa entre outros. Na década de 20, começa a participar de salões e exposições, tendo conquistado em 1928 o Prêmio de Viagem, que definitivamente transformou a vida de Portinari, em função do reconhecimento unânime da qualidade de seu trabalho. Viaja para a Europa em 1929, retornando ao Brasil em 1931. Aos poucos, vai realizando um trabalho pictórico cada vez mais voltado a retratar a realidade social que via e vivia. Desde os trabalhadores do campo e das fazendas de café aos retirantes miseráveis, como mostra o quadro reproduzido acima, que pertence ao acervo do MASP em São Paulo.




Realiza inúmeros murais, no Brasil e no exterior, onde seu estilo, caracterizado por um desenho preciso com traços fortes, aliado a uma paleta de extrema sobriedade, passa a ser inconfundível. Seus personagens, geralmente trabalhadores do povo, seja em representações históricas ou de temática cotidiana, passam a fazer parte da vida do brasileiro em painéis de repartições públicas e igrejas. Suas telas ganham as paredes de grandes e influentes colecionadores, inclusive no exterior, principalmente em função de suas inúmeras viagens. Militou na política filiado ao Partido Comunista mas não logrou sucesso. Seu destino seria mesmo denunciar as injustiças, com as quais não se conformava, com seus pincéis.


Cândido Portinari foi casado com Maria Portinari e teve um filho, João Cândido, que está à frente do Projeto Portinari há quase 30 anos, o qual cataloga a obra do artista, além de divulgá-la ao público em geral, num dos mais completos e sérios projetos de catalogação do mundo, tendo inclusive publicado o Catálogo Raisonné da obra do artista em cinco volumes ricamente ilustrados. Portinari faleceu em 1962, vítima de intoxicação pelas tintas que usava, principalmente o amarelo cádmio e branco chumbo, deixando um acervo com mais de 5.000 obras executadas, espalhadas pelo mundo a divulgar a gente, os costumes, a história e principalmente as cores do nosso imenso Brasil.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Aldemir Martins - O artista, o desenho e a cor



Aldemir Martins foi provavelmente um dos artistas mais prolíficos e criativos que o Brasil já teve. Genuinamente brasileiro, nascido no Ceará de praias paradisíacas e sertões tórridos, trouxe desse contraste para as telas e os papéis, as cores e os traços precisos, com uma obra, em todo o seu conjunto, de encher os olhos. Nascido em Ingazeiras no interior cearense, a 8 de novembro de 1922, ano da tão famosa Semana de Arte Moderna, Aldemir veio ao mundo com o selo da genialidade e da sensibilidade à flor da pele. Deixando a terra natal em 1945, após atividade artística já intensa como pintor e ilustrador, chega ao Rio de Janeiro, onde expôs na Galeria Askanasi e no Salão Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. No ano seguinte chega a São Paulo, terra que o adotou como filho dileto. Trabalhando muito, principalmente o desenho, e expondo constantemente, não demorou muito para que o reconhecimento viesse.

Em 1951, ganhou o prêmio de melhor desenhista na Bienal de São Paulo, obtendo a mesma premiação na Bienal de Veneza de 1956. Com premiações por toda parte e reconhecimento da crítica e do público, cresceu por demais o número das exposições e a demanda por obras de Aldemir, tanto no Brasil como no exterior. A obra reproduzida acima, Cavalo, pertence justamente a essa fase premiada do artista. É fácil perceber o estilo, a precisão de execução e a beleza obtida por traços a princípio simples, mas inegavelmente geniais.
Nos anos seguintes, principalmente nas décadas de 60, 70 e 80, foram inúmeras as exposições internacionais e obviamente o trabalho foi enorme. Aldemir desenhou, pintou, gravou, esculpiu e foi também um dos pioneiros no "merchadising", ou seja, na produção de obras especialmente feitas para itens de uso doméstico como toalhas de mesa, copos, pratos e utensílios, além de outros objetos. Seus traços limpos e precisos e suas cores vibrantes cheias de luz e vida, atraiam cada vez mais admiradores, tornado-o naquilo que podemos chamar de um "best seller".

Com o tempo, alguns temas foram se tornando mais recorrentes, principalmente em função do sucesso que faziam junto ao público. Seus cangaceiros, mulheres rendeiras, paisagens marinhas, naturezas mortas com frutas do cotidiano nordestino e bichos como peixes, aves e principalmente os gatos, ganhavam as paredes de colecionadores, as ilustrações de livros e também os acervos de museus. O gatinho abaixo, é um típico exemplo do colorido utilizado por Aldemir, mesmo pertencendo à sua última fase. Em suas obras, é sempre perceptível a utilização da veladura, da sobreposição de pigmentos, obtendo nuances, volumes e efeitos de grande beleza e harmonia.

Aldemir também foi muralista, e um bom exemplo é a imagem no topo desta postagem, que mostra o painel executado no Centro Cultural Dragão do Mar em Fortaleza, Ceará, cuja beleza é indiscutível. Difícil achar alguém que tenha representado de forma tão característica e autêntica a paisagem, a fauna, a flora e principalmente o povo nordestino, este povo alegre e acolhedor, que inspirou Aldemir Martins até os seus últimos dias de vida. A imagem abaixo é um esboço, um estudo rústico de painel executado pelo artista, talvez até mesmo para o painel descrito e mostrado acima. O leitor pode perceber que até no desenho mais simples a marca registrada do artista, o seu estilo, a sua linguagem estão presentes. A obra não precisaria nem estar assinada.


Aldemir Martins faleceu em fevereiro de 2006 e além de saudades deixou uma obra extensa e marcante, principalmente pelo carinho com que trabalhava na execução de um desenho estilizado e desinibido e na utilização de cores quentes e vibrantes, que traduziram em imagens de cangaceiros, rendeiras, frutas, flores e animais, o grande amor que ele, Aldemir, tinha pelo seu imenso Brasil. Graças ao esforço da família do artista, principalmente na pessoa do filho Pedro Martins, a obra de Aldemir vem sendo catalogada e acreditamos ser extremamente válida a iniciativa, pois dos pintores modernos brasileiros, a obra de Aldemir talvez seja uma das mais significativas e importantes. O cearense Aldemir Martins foi sem dúvida, um dos maiores artistas brasileiros.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Ermelindo Nardin - Um grande artista


Já há algum tempo que venho pensando e ensaiando uma postagem sobre este excelente artista chamado Ermelindo Nardin. Nascido em Piracicaba, interior de São Paulo em 1940, Nardin pode ser considerado, sem dúvida, um dos grandes nomes da arte contemporânea brasileira. Estudou na Escola de Belas Artes de São Paulo, no MAC USP e no Museu de Arte de São Paulo, o nosso MASP, onde tinha em Pietro Maria Bardi um amigo e admirador, sendo que inclusive lá expôs suas pinturas, hoje muito raras no mercado, em 1975 e 1983. Aliás, exposições é o que não faltam no extenso e rico currículo deste artista, que começou a mostrar seus trabalhos em 1968, e de lá até hoje, entre individuais e coletivas, entre Bienais e restrospectivas, já se foram mais de cem.



Dono de um desenho desinibido, solto e despojado, Nardin exprime com veemência em seus trabalhos, sua visão de um mundo em constante metamorfose. Suas pinturas, geralmente executadas em uma paleta baixa, apresentam contrastes de corpos rosa-alaranjados com suas sombras ocre-azuladas em posições que denotam movimentos inerentes à sensualidade do ser humano, mas retratados de forma um tanto "jornalística", ou seja, pinta o que vê em determinado momento, nua e cruamente.

Mas é também na gravura em técnicas diversas, que Ermelindo Nardin nos brinda com trabalhos de resultados surpreendentes. Algumas delas como a reproduzida acima, Paisagem 41, possuem uma execução tão refinada, que em função dos movimentos e contrastes alcançados, partes da imagem parecem que "saltam" do plano do papel, conferindo um efeito de tridimensionalidade fantástico, às vezes até algo holográfico. Da contemplação atenta e demorada de suas gravuras, o observador obtém um sentido de fruição de uma viagem fantástica, quase onírica. Resultado como esse, só é obtido por quem tem sensibilidade à flor da pele, técnica de mestre e labor de artesão. Tudo isso transborda no ofício de Nardin, em trabalhos maravilhosos e de elevado valor artístico. Não é à toa que seus trabalhos hoje habitam em boas e grandes coleções privadas e em alguns dos principais museus do Brasil e também no exterior. Ermelindo Nardin é um artista que merece toda a atenção de quem gosta e admira a boa arte.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Sophia Tassinari - Um tributo a esta grande artista

As novas gerações, principalmente dos recém chegados ao mercado de arte, desconhecem quase que por completo o nome de Sophia Tassinari. Infelizmente. Talvez esta seja uma das maiores injustiças que o mercado e o mundo da arte cometem, justamente a uma artista que possuía uma enorme sensibilidade, sem contar é claro, dos grandes conhecimentos que tinha da técnica pictórica, do desenho, da escultura e também da cerâmica.



Dona Sophia, como eu costumava chamá-la, foi aluna de Anita Malfatti e Mario de Andrade. Pertenceu ao Grupo Guanabara, do qual faziam parte Fukushima, Mabe, Ianelli e outros, com os quais percorria os arredores da cidade de São Paulo, pintando paisagens pitorescas das chacrinhas, das várzeas, rios e outros motivos que eram retratados com desenho preciso, paleta suave e equilibrada e em toques rápidos, para não se perder o efeito da luz no ambiente e traduzí-lo da forma mais fiel possível, como na paisagem acima, que está reproduzida em seu livro "Sophia Tassinari e Sua Arte", editado quando da exposição no MASP na dec. de 80. Aliás, Pietro Maria Bardi, além de ter feito a introdução do livro, era fã declarado de D. Sophia.
Com o tempo, a artista foi crescendo mais e mais em sua arte. Começou a pintar e desenhar a figura humana com mais frequência e suas paisagens ganham cores um pouco mais vivas com um desenho mais solto ou "mais livre das formas" como ela mesma gostava de dizer.
Fundou e comandou por muitos anos a Galeria Azulão em São Paulo, por onde passaram muitos dos grandes artistas brasileiros e que também ficou famosa pelas "Feirinhas de Natal" que promovia, onde se podia comprar obras de arte de uma infinidade de artistas a preços módicos. Com isso D. Sophia ajudou a promover muitos artistas que hoje despontam no cenário artístico brasileiro e que, com certeza, lhe são muito gratos.
Sophia foi escultora pois "gostava de sentir as formas" e também gravadora, ceramista e muralista, tendo também executado jóias em prata e pedras semi-preciosas do Brasil. Enfim, uma experiência artística muito rica, cujo legado ainda será resgatado e amplamente difundido para que, finalmente, Sophia Tassinari tenha o lugar que merece no cenário da arte brasileira.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Lasar Segall - Gravura desaparecida



Na última sexta-feira, encontrei D. Ana. Ela é funcionária dos Correios aqui em Itapetininga e foi quem me comunicou o roubo do caminhão dos Correios, na região de Campinas, em Dezembro de 2007, no qual viajava uma gravura de Lasar Segall que pertencia ao nosso acervo, e que retornava de São Paulo onde havia mostrada. A carga inteira do caminhão desapareceu, numa ação dos bandidos que não durou mais que 40 minutos. Difícil saber o que esse pessoal pode ter feito com a obra, uma xilo de Segall pertencente ao famoso álbum Mangue, de 1943. A gravura havia passado por um processo de limpeza recente, e a documentação fotográfica está guardada para eventuais comparações, caso encontremos peças semelhantes em circulação pelo mercado.
Lasar Segall deixou uma extensa obra gravada, onde as xilogravuras tem papel de destaque. Esta peça que nos foi roubada, está inclusive reproduzida no Dicionário das Artes Plásticas no Brasil de Roberto Pontual. Uma perda e tanto.