Sempre tive uma admiração muito grande pelo trabalho de Sergio Telles, que além de artista foi diplomata de carreira, o que lhe permitiu viajar pelo mundo, acompanhado do cavalete, e registrar cenas maravilhosas, de um colorido quase sempre vibrante, que nos faz remontar aos "Fauves" franceses, até mesmo a Pissarro quando o assunto é Paris. Algumas obras passam por Kokoshka segundo alguns, e eu também vejo Valtat, Marquet, Matisse, Bonnard e Vuillard em muitas delas. Tudo isso só contribui para afirmar que Sergio Telles é um digníssimo membro da Escola de Paris, e o mais importante, reconhecido pelos prórpios franceses. Da minha parte, sou verdadeiramente "apaixonado" por algumas obras deste grande pintor. Uma delas, que está no livro/catálogo da exposição que Sergio Telles fez na Galeria Wildenstein, uma vista de Lisboa pintada em 1968, sempre me tira o fôlego e me faz sentir o calor do sol poente da capital portuguesa, através das pinceladas rápidas, nervosas e precisas, de "impasto" generoso, coisa de quem conhece o ofício de pintor, numa execução de raro talento. Pena a reprodução do livro abaixo não ser das melhores, mas permite ao leitor captar muito do clima transmitido pelo artista nesta obra magnífica.
Sergio Telles é também desenhista e gravador de primeira. Editou pela Wildenstein álbuns de águas-fortes, serigrafias e litografias, como "Portugal", "Póvoa do Varzim" e " A festa do Mangue". Nas pinturas, retratou, entre outros lugares, Paris, cidade onde viveu por muitos anos, Portugal, Itália, Bélgica, Holanda, Espanha, Uruguai, Argentina e o Brasil quase que de "cabo a rabo". Pintou em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Pará e Amazonas. A série de pinturas realizadas em Porto Seguro mereceram inclusive um livro com textos de Jorge Amado. Quanto aos motivos, paisagens, naturezas mortas e cenas de interior foram tratados com maestria pelas impacientes e hábeis mãos do pintor.
O artista completou em Abril de 2009, 73 anos de uma existência rica e extremamente produtiva. Sergio Telles trabalhou em quase tudo, pintou de tudo, viajou o mundo e deu às nossas vidas um novo colorido. Sua obra cheia de vigor e cor, nos faz sentir frio ou calor, ou ouvir os sons e burburinhos do Sena e seus transeuntes, ou do mar e seus banhistas inundados pela luz, de um sol para sempre a brilhar, agradecido aos pincéis de um artista que pinta o que gosta e gosta de pintar.