sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Colete Pujol - Pequeno tributo a uma grande artista


Colete Pujol - Côtes Sauvages - década de 40 - coleção particular

                 É de certa forma até comum encontrarmos no mercado de arte obras de Colete Pujol. Pintora, desenhista e professora, nasceu em São Paulo em 1913. Desde muito cedo começou a desenhar e a pintar, tendo iniciado o aprendizado com Georges Pavec em Paris em 1925. Estudou posteriormente com Lucília Fraga e Antonio Rocco, tendo já na década de 40 exposto individual e coletivamente. Em 1942 vai para Salvador na Bahia, onde estuda com Presciliano Silva e executa paisagens de um colorido intenso, de contrastes harmoniosos, com um tratamento da luz em suas paisagens que traduzem todo seu talento e maestria de execução. A obra abaixo, de beleza ímpar, é um belo exemplo das obras pintadas na Bahia. Contemplada com uma bolsa de estudos do governo francês, Colete Pujol ruma para Paris em 1946 onde estuda na École de Beaux Arts e na Academia Julian, retornando ao Brasil em 1949. Na sua experiência francesa adquire um gosto todo especial pelo impressionismo, tendo produzido verdadeiras obras primas a "um toque", como a paisagem acima "Côtes Sauvages", executada na Bretanha em torno de 1948.

Colete Pujol - Azul e Sol - reprodução de autoria desconhecida - fonte : Itaú Cultural

                Estabeleceu-se posteriormente em São Paulo onde passou a dar aulas de desenho e pintura(deu aulas inclusive para Arcângelo Ianelli) , além obviamente de pintar e participar de diversas exposições. Com o tempo, suas obras passaram a apresentar formas mais definidas e um colorido mais suave, sem deixar contudo de apresentar grande harmonia e equilíbrio, conferidos por um enorme conhecimento da arte pictórica. Veio a falecer em 1999 em São Paulo, deixando uma obra extensa e de conteúdo marcante, onde predominam as paisagens e naturezas mortas. Não tenho dúvida de que o mercado de arte brasileiro vai "redescobrir" Colete Pujol muito em breve.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Pedra fundamental do MISP - Museu do Interior Sul Paulista

Hoje, 29 de junho de 2015, dia de São Pedro e São Paulo, além de fogueira, quentão e pipoca para festejar os grandes santos, dentro da antiga tradição brasileira, estamos comemorando o lançamento da pedra fundamental ( ainda digital), do Museu do Interior Sul Paulista, o MISP.

Era um sonho antigo da família poder compartilhar nosso pequeno acervo de arte com a coletividade, e proporcionar às pessoas interessadas o acesso a obras de artistas de renome internacional, nacionais e estrangeiros, participantes das mais diversas correntes artísticas, de acadêmicos a contemporâneos, de figurativos aos abstratos, de iconográficos a conceituais.

A maior parte das obras está no acervo da família há muitos anos e são procedentes de outras importantes coleções e de leilões de renome.

Disponibilizaremos também no futuro, o acesso à pequena biblioteca de arte da família, que possui hoje em torno de 1.000 volumes e contém algumas jóias em termos de edições especiais e catálogos, incluindo alguns catálogos raisonnés como os de Portinari e Iberê Camargo entre outros.

A intenção é a construção de um espaço próprio, em terreno a ser definido, no município de Itapetininga, que possa abrigar salas de exposição, acervo técnico, biblioteca e utilidades como atelier de restauro, salas de aula e um pequeno auditório. Como já foi dito, é um sonho que começaremos a tornar realidade.

Iniciaremos com exposições virtuais e paralelamente iremos informando a evolução do projeto. Quaisquer contribuições em idéias, experiências e dicas serão amplamente aceitas. Fiquem à vontade.


 Clóvis Graciano - Retirantes - óleo s/ papel - assinado e datado 1945 c.i.d - Obra do acervo

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Andre Derain - Desenhos ( Drawings )

English Abstract
This post in portuguese is related to two drawings of our family collection from the artist Andre Derain co-founder of the Fauve movement or Fauvism, with Matisse and Vlaminck. This drawings are probably preliminary studies for the illustrations of the book Pantagruel from Rabelais, edited by Albert Skira in 1943. Both came from the collection of Raymonde Knaublich, Derain's model and lover.
________________________________________________________


De personalidade forte mas conturbada, Derain morreu praticamente esquecido em Garches em Setembro de 1954, após viver os últimos anos em Chambourcy. Nascido em Chatou em 1880, Derain começou a vida artística relativamente cedo, aproximadamente aos 15 anos. Estudou na Academia Carrière em Paris, onde conheceu Henri Matisse, com quem juntamente a Maurice de Vlaminck co-fundaria o movimento Fauve ( feras), caracterizado por pinturas em cores puras e vibrantes. Foi também amigo de Picasso, com quem trabalhou na Catalunha em 1910, apesar de Picasso considerá-lo muito tradicionalista. Isto se deve ao fato de que Derain a partir daquela época, começou a se sentir atraído pelas obras dos mestres primitivos italianos e franceses, além dos primeiros renascentistas. Com isso, o desenho ganhou mais importância em sua obra, tendo o artista produzido figurinos e cenários de ballet e inúmeras ilustrações para livros famosos. Os desenhos abaixo são um bom exemplo dessa fase.


O desenho acima, "Pagem" , executado em lápis sobre papel, procedente do atelier do artista e da coleção de Raymonde Knaublich, modelo e amante de Derain, é um provável estudo preliminar para as ilustrações de Pantagruel, livro de François Rabelais, editado por Albert Skira em 1943.



No desenho acima, a figura de características medievais, com traços faciais extremamente característicos da obra de Derain, é outro lápis sobre papel que provavelmente inspirou alguma das ilustrações de Pantagruel. Originária da mesma coleção, esta obra compõe com o "Pagem" um "pendant" interessante deste grande artista que foi Andre Derain, que o mundo da arte aprendeu a muito valorizar.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Picasso recordista - World record for a Picasso

English Abstract
This post in portuguese is related to the world record price obtained at Christie's Impressionist and Modern Art auction for the painting from Picasso "Les Femmes d'Alger". The amount of US$ 179,365,000 paid for the Picasso's rereading of a homonym painting of Delacroix probably means that the market is really "thirsty" for good works of the artist.
________________________________________________________ 
                Que tal ter na parede um Picasso? Deve ser muito gostoso poder apreciar de perto e de modo privado uma obra do mestre catalão não é verdade? E se ela custasse US$ 179,365,000? Mais emoção ainda pois estaríamos diante de um grande tesouro! Pois foi exatamente esta a cifra alcançada pelo quadro reproduzido acima "Les Femmes d'Alger", uma releitura de Picasso da obra de Delacroix, no leilão de ontem, 11 de maio de 2015, na Christie's de Nova York. É um novo recorde para as obras do artista e para o mercado de arte como um todo, passando a ser a obra em venda pública mais cara do mundo. Equivalente em terras tupiniquins a aproximadamente R$ 544 milhões! Esta obra havia sido negociada pela última vez no final da década de 90 por pouco mais de US$ 40 milhões. Nada mal como aplicação financeira também! 
                 Interessante é perceber que as obras de Picasso, juntamente com alguns impressionistas e modernos, atravessam os mares revoltos das crises mundiais com valorizações constantes. Por mais paradoxal que possa parecer, o exemplo mostra que obra de arte de qualidade será sempre resseguro durante crise, reserva de valor e garantia de valorização constante. Acredito que teremos ainda mais resultados excepcionais de outros artistas em breve. O mercado parece ávido e não é sempre que temos pinturas emblemáticas de grande qualidade a circular. Quando elas aparecem a disputa é acirrada. A de ontem levou mais de 11 minutos num rali com interessados na platéia e por telefone, superando ao bater do martelo em mais de US$ 30 milhões a estimativa inicial de US$ 140 milhões. É realmente para quem pode...



segunda-feira, 4 de maio de 2015

A polêmica sobre Romero Britto

                                                   fonte: website "Romero Britto"    

Tenho acompanhado recentemente, uma certa polêmica gerada em torno da obra de Romero Britto, onde o cerne reside na discussão se o que ele faz é arte ou não é arte. Antes de mais nada seria importante buscar uma definição de arte. Na minha modesta opinião, arte é a atividade humana relacionada a manifestações de ordem estética, nas quais o ser humano externa emoções, idéias e sensações, com a finalidade de registrar, expor, questionar e partilhar estas mesmas manifestações com um ( onde se inclui ele mesmo) ou mais observadores. A obra de arte em si, seja ela um quadro, escultura, instalação, música, peça teatral ou filme cinematográfico, é o registro físico dessa manifestação.

Dentro dessa ótica, o que Romero Britto faz é arte sim! É uma manifestação estética de espírito criador, com uma linguagem que foi criada e transformada dentro do meio no qual ele vive há anos (EUA - Miami), e que registra uma experiência pessoal que transborda alegria e cor. O sucesso que ele fez e faz com sua arte, principalmente nos Estados Unidos, é decorrente do uso de uma linguagem que possui estreita intimidade com a forma de ser e de pensar do norte americano médio, seu grande público consumidor( sim porque arte se consome), pautada por um gosto quiça infantil, mas não menos original que qualquer outro, por mais "erudito" que seja. A verdade é que como qualquer outra obra de arte, por ser manifestação estética, há quem goste e quem não goste. Admira, curte e compra quem gosta. Agora, se este tipo de arte vai permanecer, só o tempo vai dizer. Talvez, o que realmente incomode o mercado é o fato de Romero Britto ter desenvolvido um esquema próprio de venda e franqueamento que fatura milhões de dólares anualmente, dinheiro este que fica no seu bolso e não no de algum "marchand". Agora pergunto: será que Damien Hirst com seus touros e tubarões, Beatriz Milhazes com seus círculos de florzinhas coloridas e outros que poderia enumerar são mais artistas que Romero Britto? O leitor julgue.