segunda-feira, 4 de maio de 2009

Camille Pissarro - Um dos pilares do Impessionismo

Camille Pissarro foi também um dos fundadores do movimento impressionista francês, e segundo alguns críticos e estudiosos, um dos mais importantes. Sua pesquisa no campo pictórico talvez tenha sido a mais intensa de todas. Não tivesse ele migrado por um certo tempo para o pontilhismo, quem sabe não fosse ele considerado o pai do movimento, juntamente com Monet. Alguns pesquisadores mesmo assim, o consideram o primeiro impressionista.

Camille Pissarro nasceu no dia 10 de julho de 1830, na ilha de Saint-Thomas no Caribe, filho de pais judeus que possuiam um estabelecimento comercial no porto de Charlotte-Amalia. Desde muito cedo o menino Camille demonstrou talento para o desenho. Passava horas, quando podia, a desenhar árvores, coqueiros e homens de chapéu "Bolivar". Em 1841, seus pais decidem mandá-lo para a França para estudar, mas ele gastava o tempo desenhando, não se importando muito com os estudos, o que lhe custou severa admoestação de seu pai. Passando seis anos na Europa, Pissarro volta para Saint-Thomas e acaba assumindo a função de controlador do negócio da família. Mesmo com tanta ocupação, os cinco anos que permaneceu na função não impediram que ele continuasse a desenhar a natureza da ilha, sempre sonhando em se tornar um pintor. Com a maioridade de Camille Pissarro, seu pai se convence de que não conseguirá fazê-lo desistir da idéia de se tornar um artista e acaba o apoiando. Após participar de uma expedição à Venezuela para documentação da paisagem, flora e fauna local, junto ao pintor Fritz Melbye, Pissarro ruma para Paris com a ajuda financeira do pai, lá chegando em 1855, poucos dias antes do encerramento da Exposição Universal. Lá, tem contato com as obras de Delacroix, Ingres, Millet, Courbet e Corot, com as quais fica deslumbrado pelas cores, o desenho e a graça das paisagens, principalmente as de Corot, que foi quem mais o influenciou. Em 1857, na Académie Suisse, conhece o jovem Monet, pintor dez anos mais jovem que ele, com o qual trava sólida amizade e verdadeira cumplicidade pictórica. Muitos historiadores da arte dizem que Monet deve muito a Pissarro e Pissarro muito a Monet. Com Monet, se juntam ao grupo Sisley e Renoir, e o quarteto é considerado pela história como sendo a base do impressionismo. Dentro da questão pictórica, talvez tenha sido Pissarro quem mais contribuiu.


Camille Pissarro - " Café au Lait" - acervo do Art Institute of Chicago

Pissarro pintou na Inglaterra, onde se estabelecera fugindo da guerra de 1870, lá reencontra Monet e vem a conhecer o marchand Paul Durand-Ruel, que logo lhe compra duas telas, aliviando as dificuldades do artista. Não é à toa que Durand-Ruel seria chamado mais tarde de o "São Vicente de Paulo dos Impressionistas".
Participa em 1874 com seus companheiros impressionistas da exposição no estudio do fotógrafo Nadar, e também recebe duras críticas, que muito o magoaram. Afinal, era um dos que mais pesquisava, experimentava e tentava captar a realidade das paisagens que pintava e não se conformava com a incompreensão do público e de boa parte da crítica. Mesmo assim, nunca parou de pintar e experimentar. Tinha um coração grande e sensível o que também fazia com que se preocupasse com os amigos, mesmo passando por sérias dificuldades materiais, como por exemplo com o pintor Guillaumin, que o tinha como um protegido. No campo pictórico, deu muitos conselhos a Cézanne, que o tinha como o maior conhecedor da técnica pictórica e a quem deve também o desenvolvimento de uma paleta espetacular.
Na década de 1880, da mesma forma como aconteceu como Monet e Renoir, Pissarro busca um novo estilo que o satisfaça, algo diferente que tranquilize seu espírito inquieto de contínua busca, experiência e aprendizado. Com isso atravessa um período pintando em estilo pontilista, com justaposição das pinceladas em forma de vírgula, decompondo os tons, algo baseado nas teorias de Chevreul, Maxwell e Road, onde as cores justapostas de um tom decomposto poderiam se fundir na retina do observador, obtendo assim o efeito visual desejado de unidade de tom. A experiência nesse estilo é relativamente curta, o que não o impediu de realizar belas obras.
Camille Pissarro "A Vista do meu jardim em Eragny"
Na década de 1890, Pissarro retorna ao estilo impressionista, com algumas obras apresentando uma execução mais suave mas com uma precisão de desenho extraordinária. As pinceladas ficam mais largas e a paleta tende à gama dos ocres. A obra reproduzida abaixo, " Horta em Eragny" é um bom exemplo desta última fase de Pissarro.

Nos últimos anos, até sua morte em 1903, Pissarro pintou em Eragny, em Dieppe e principalmente Paris, onde registrou em suas telas magnificas paisagens do Sena e algumas de suas pontes, em tons ocres a azuis suaves, de um encanto formidável.
Pissarro deixou também uma extensa obra gravada, onde em águas-fortes muito bem executadas e acabadas, registrou paisagens, cenas do cotidiano, principalmente dos camponeses, os quais fez questão de reproduzir em toda a sua rudez e naturalidade.
Hoje em dia, as obras de Camille Pissarro são destaque nos leilões internacionais e sempre disputadíssimas, o que faz com que seus preços cheguem a vários milhões de dólares. A obra reproduzida abaixo "LA VALLÉE DE LA SEINE AUX DAMPS, JARDIN D'OCTAVE MIRBEAU" é um exemplo. Foi arrematada ontem, 5 de maio de 2009, na Sotheby's de Nova York, por um pouco mais de US$ 2,5 milhões.

A certificação e catalogação da obra de Pissarro está também sob os auspícios do Wildenstein Institute de Paris, com isso já dá para imaginar a dificuldade que é para conseguir a certificação de uma obra desconhecida.

Em próximas postagens, voltarei a comentar sobre outros importantes artistas pertencentes ao movimento impressionista. Até breve!

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