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English abstract
This post in portuguese contains some aditional information about the stylistic and technical analysis of the painting attributed to Pierre-Auguste Renoir "Le Pont Alexandre III" , as the comparison to other famous landscapes from the artist, the technical results from the pigment analysis at Mc Crone Associates in Chicago, the X-ray analysis and the brushstrokes analysis. All the many coincidences with the way Renoir used to work are pointed. Includes also some comments about the materials, like pigments and wood as a support on Renoir's ouvre, based on a statement from Paul Renoir, grandson of the artist. Any way the painting is for sale. Price upon request.
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Gostaria antes de continuar com os estudos sobre nossa pequena pintura, de pedir desculpas e um pouco de paciência ao leitor, pois nem todos estão afeitos a análises de estilo e execução. A bem da verdade, o estudo deste quadro durante décadas, foi a semente que originou este blog além de toda uma série de anotações, arquivos e imagens sobre pintura impressionista e principalmente, é claro, sobre Renoir.
Para dar sequência à demonstração da autenticidade, é interessante compararmos a pequena pintura com outras paisagens de Renoir que não tenham pontes nem margens de rio, para que seja possível verificar a estrutura e forma de execução semelhante, de modo a confirmar que o estilo pessoal, ou seja, a mão do pintor, está presente na Ponte Alexandre III.
Na figura abaixo, é possível a comparação com a " Paisagem do Midi", um óleo sobre tela de aproximadamente 19cm x 32cm, reproduzido em livro de Ambroise Vollard sobre Renoir de 1919. Percebam a estrutura, o ponto de fuga e a fatura. Apesar de que as imagens não permitam grande nitidez, é fácil de se perceber as mesmas pinceladas nervosas, rápidas e curtas no caminho da paisagem e na margem do nosso quadrinho.
É perceptível que a diagonal ascendente tem praticamente o mesmo ângulo com relação a horizontal que na Ponte Alexandre III e que o ponto de fuga é também obtido à direita, através de uma diagonal descendente do canto superior esquerdo ao centro direito da figura. Interessante também é perceber que na paisagem do Midi as edificações de fundo estão também centradas na composição.
Agora, vejamos rapidamente a comparação com a paisagem "Route a Louveciennes", que pertence ao Museu de Lilles na França, já de dimensões maiores, 32 x 43 aproximadamente.
Neste caso percebemos não só a estrutura e tipo de pincelada mas também a paleta, que é praticamente a mesma que a utilizada no nosso quadrinho. Se percebermos bem, os amarelos, os laranjas e o cinza das árvores do fundo são idênticos. Na paisagem, os verdes do fundo, que teoricamente estariam à mesma distância do observador que os existentes na Ponte Alexandre III, possuem a mesma forma de execução em forma esfumada, com toques de azul e amarelo para o efeito claro-escuro. Coincidências interessantes!
Análise Técnica
Entrando agora mais a fundo na parte técnica, claro que de forma breve como nas outras demonstrações, pois se fôssemos entrar em mais detalhes e comparações seriam necessárias muitas outras postagens, sem que de qualquer forma esgotássemos o assunto e seríamos por demais enfadonhos.
Suporte
Falemos primeiro do suporte, madeira. São muitos os estudiosos de Renoir que afirmam que Renoir não pintou em madeira. Cheguei a ouvir isso do próprio pessoal do Wildenstein Institute de Paris, que autenticam as obras de Renoir, pasmem-se. Ao longo da pesquisa, encontramos vários exemplares de obras de Renoir pintadas sobre madeira, sendo que algumas delas são painéis semelhantes ao do nosso quadrinho. Na figura abaixo segue uma natureza morta, muito bem acabada, que pertence ao Fitzwillian Museum, executada em painel de madeira e quase que com as mesmas dimensões do nosso, 13cm x 20cm.
Interessante perceber que o impasto representando a toalha da natureza morta é muito parecido com o do céu da Ponte Alexandre III. Outro fato a se ressaltar é que Paul Renoir, neto do pintor, durante uma palestra em Amsterdã, Holanda, na década de 90, afirmou que Renoir, após começar a ser atingido pela artrite reumatóide, quando acordava à noite com dores, pedia aos da casa as tintas e pincéis, e executava pinturas em " pequenos pedaços de madeira", como o mostrado abaixo. Percebam que a execução é atípica e cheia de detalhes. É provável que Renoir buscava pintar detalhes menores , que exigiam mais dos movimentos, justamente para não perder a destreza com a artrite que o atingia.
As três formas de execução acima, combinadas em um mesma obra, formam um dos maiores argumentos em favor da autenticidade, pois são muito peculiares ao artista e estão descritas pelos maiores biógrafos do pintor. Albert André, pintor e amigo de Renoir, descreveu no livro das obras do atelier, que Renoir empregava o esboço em vermelho e depois ia adicionando os pigmentos e dando os volumes, sempre iniciando pelo branco prata. Jean Renoir, filho do pintor, por sua vez descreveu em seu livro, Renoir Meu Pai, que Renoir utilizava o preto marfim misturado a outras cores, com base numa experiência que o pintor havia tido na juventude, ao observar bem próximo as manchas pretas dos cavalos baios, que possuiam pêlos de outras cores além do preto. Não bastando isso, Jean Renoir diz que Renoir, mesmo no final de sua vida, sempre esteve aberto a experiências com outros pigmentos, tendo utilizado pigmentos que não constavam em sua paleta básica, cuja descrição está presente em muitas biografias. Coincidência?
Pincelada
Mesmo não tendo imagens muito nítidas, é possível se comparar algumas características de pinceladas do nosso quadrinho com as encontradas em quadros reconhecidamente catalogados como Renoir, como a paisagem de Cagnes. Nas figuras abaixo, o leitor pode fazer algumas observações importantes como por exemplo, a velocidade de execução, a quantidade de impasto, o ângulo de entrada do pincel na superfície, o comprimento e etc. As semelhanças são incríveis. Deve-se levar em consideração que a paisagem utilizada como base tem dimensões de 7cm x 14cm, ou seja, bem menor que nosso quadrinho.
Análise Técnica
Entrando agora mais a fundo na parte técnica, claro que de forma breve como nas outras demonstrações, pois se fôssemos entrar em mais detalhes e comparações seriam necessárias muitas outras postagens, sem que de qualquer forma esgotássemos o assunto e seríamos por demais enfadonhos.
Suporte
Falemos primeiro do suporte, madeira. São muitos os estudiosos de Renoir que afirmam que Renoir não pintou em madeira. Cheguei a ouvir isso do próprio pessoal do Wildenstein Institute de Paris, que autenticam as obras de Renoir, pasmem-se. Ao longo da pesquisa, encontramos vários exemplares de obras de Renoir pintadas sobre madeira, sendo que algumas delas são painéis semelhantes ao do nosso quadrinho. Na figura abaixo segue uma natureza morta, muito bem acabada, que pertence ao Fitzwillian Museum, executada em painel de madeira e quase que com as mesmas dimensões do nosso, 13cm x 20cm.
Interessante perceber que o impasto representando a toalha da natureza morta é muito parecido com o do céu da Ponte Alexandre III. Outro fato a se ressaltar é que Paul Renoir, neto do pintor, durante uma palestra em Amsterdã, Holanda, na década de 90, afirmou que Renoir, após começar a ser atingido pela artrite reumatóide, quando acordava à noite com dores, pedia aos da casa as tintas e pincéis, e executava pinturas em " pequenos pedaços de madeira", como o mostrado abaixo. Percebam que a execução é atípica e cheia de detalhes. É provável que Renoir buscava pintar detalhes menores , que exigiam mais dos movimentos, justamente para não perder a destreza com a artrite que o atingia.
Para os conhecedores da obra de Renoir, é difícil dizer que a pintura acima tenha vindo das mãos do pintor, mas veio e pertencia ao acervo do neto do artista, o já falecido Paul Renoir. Mera coincidência.
Pigmentos e datação
A obra Ponte Alexandre III foi levada no ano de 2000 até a McCrone Associates, empresa americana sediada em Chicago, especializada em análise forense, que desenvolveu um método sofisticado de análise de pigmentos, tendo inclusive participado das perícias no Santo Sudário de Turin e no Mapa de Vinland. Polêmicas à parte, eles são extremamente rigorosos. Foram extraídas 14 pequenas amostras de pigmento do quadrinho, com a utilização de uma agulha de tungstênio especial, em vários setores da pintura. A análise por espectroscopia de Raios-X e por Raios Ramam confirmou a paleta de Renoir, e em função dos pigmentos utilizados determinou a data aproximada da execução como sendo do final do sec.XIX e início do sec. XX, e mais que isso, mostrou ainda uma série de procedimentos que eram quase que exclusivos da forma de Renoir trabalhar.
A tabela abaixo mostra os resultados obtidos para as cores analisadas.
Apesar de não estar muito legível( poderemos enviar uma cópia do relatório a quem se interessar), os resultados fornecem informações interessantíssimas: 1) O pigmento vermelho, seja ele vermelhão ou mesmo laca de garança, está disseminado pela obra inteira. Em alguns locais, o vemelho é visto pincelado, o que indica que o provável esboço tenha sido feito com ele;2) O pigmento branco à base de chumbo ( branco prata) está presente mesclado em todas as cores;3) A cor preta está composta pelo preto de marfim, branco prata, azul de cobalto e amarelo cádmio.As três formas de execução acima, combinadas em um mesma obra, formam um dos maiores argumentos em favor da autenticidade, pois são muito peculiares ao artista e estão descritas pelos maiores biógrafos do pintor. Albert André, pintor e amigo de Renoir, descreveu no livro das obras do atelier, que Renoir empregava o esboço em vermelho e depois ia adicionando os pigmentos e dando os volumes, sempre iniciando pelo branco prata. Jean Renoir, filho do pintor, por sua vez descreveu em seu livro, Renoir Meu Pai, que Renoir utilizava o preto marfim misturado a outras cores, com base numa experiência que o pintor havia tido na juventude, ao observar bem próximo as manchas pretas dos cavalos baios, que possuiam pêlos de outras cores além do preto. Não bastando isso, Jean Renoir diz que Renoir, mesmo no final de sua vida, sempre esteve aberto a experiências com outros pigmentos, tendo utilizado pigmentos que não constavam em sua paleta básica, cuja descrição está presente em muitas biografias. Coincidência?
Pincelada
Mesmo não tendo imagens muito nítidas, é possível se comparar algumas características de pinceladas do nosso quadrinho com as encontradas em quadros reconhecidamente catalogados como Renoir, como a paisagem de Cagnes. Nas figuras abaixo, o leitor pode fazer algumas observações importantes como por exemplo, a velocidade de execução, a quantidade de impasto, o ângulo de entrada do pincel na superfície, o comprimento e etc. As semelhanças são incríveis. Deve-se levar em consideração que a paisagem utilizada como base tem dimensões de 7cm x 14cm, ou seja, bem menor que nosso quadrinho.
As imagens dentro dos retângulos, possuem grande semelhança. Se considerarmos as escalas, veremos que os comprimentos, larguras e ângulos são totalmente proporcionais. A execução esfumada dos verdes é mais um ponto em comum, aliás aparecendo constantemente nas obras de Renoir de pequeno formato. São apenas mais algumas coincidências.
Análise do Raio-X
Observando atentamente a imagem digitalizada do raio-x da Ponte Alexandre III que segue abaixo, poderemos ver coisas interessantes, que longe estão de serem como "nuvens no céu", como alguns poderiam pensar. As diferentes nuances na imagem são devidas aos elementos componentes dos pigmentos, que permitem em maior ou menor grau a passagem da radiação, imprimindo consequentemente no filme fotográfico o resultado desta "permeabilidade".
Percebe-se sem muito esforço, principalmente no campo de imagem relativo ao céu, uma série de "sombras" e riscos, indicando que o pedaço de madeira foi extensivamente usado, talvez como paleta de testes, muito comum no processo criativo de Renoir segundo alguns biógrafos. No centro do barco em primeiro plano, percebemos uma pequena figura humana que foi coberta pelo artista e por fim, no setor marcado com um retângulo, é possível ver um monograma em tonalidade escura. Esses são apenas alguns pontos. Na verdade, o raio-x também serve para mostrar que foi uma obra executada a um toque, de forma rápida e sem titubeios. Não houve qualquer hesitação. Coisas de um mestre ou coincidências?
Em apenas mais uma futura postagem, concluiremos o estudo resumido da obra atribuída a Renoir, Ponte Alexandre III, com mais algumas coincidências a serem apontadas, que somadas às que já mostramos, restringem em muito a gama de artistas por quem esta obra pode ter sido executada. O mais interessante é que não se encontram argumentos contra a atribuição. Tudo, como já dissemos, contribui para a autenticidade. Até a próxima!
Um comentário:
olá, sou de Belém e faço especialização em restauro, mais especificamente em métodos de datação de pigmentos. adorei seu post e gostaria de receber uma cópia da tabela anexada no artigo.
meu email é catarinec@gmail.com.
obrigada.
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