quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Ano da França no Brasil

Neste ano de 2009, em retribuição ao Ano do Brasil na França de 2005, teremos o Ano da França no Brasil. A programação cultural é extensa, com eventos nas mais diversas modalidades como literatura, teatro, música, cinema e também artes visuais. Estão previstas exposições de Matisse, Chagall, Rodin e muitos outros, incluindo artistas contemporâneos franceses, cujos trabalhos são pouco divulgados e conhecidos no Brasil. A França é um dos países de maior diversidade e produção cultural do planeta e tem sido por séculos, o berço de muitos dos movimentos culturais que mais revolucionaram e marcaram o pensamento e as artes, em todas as suas modalidades, na história da humanidade. Tendo Paris, sua capital, como mãe adotiva de todos aqueles artistas que lá chegaram para estudar, incrementar, produzir e divulgar suas obras e propostas, a França irradiou para o resto do mundo as novas tendências, que foram ao longo do tempo sendo pensadas, desenvolvidas e divulgadas em seu seio, com um sotaque de elegância, sofisticação e charme que só ela tem. Não é à toa, que a grande maioria dos artistas que hoje são considerados "monstros sagrados" das artes em geral, por lá passaram ao menos uma vez. Podem conferir.


E como singela contribuição ao Ano da França no Brasil, este blog faz abaixo uma exposição virtual de obras de arte de artistas franceses e de artistas que passaram pela França, com obras de iconografia tipicamente francesa, pertencentes ao nosso acervo. Estamos tentando montar, durante este Ano da França no Brasil, uma exposição com estas mesmas obras em espaço aberto ao público em geral. Mas enquanto isso não acontece, mesmo porque não temos certeza se conseguiremos, pois pelas circunstâncias atuais está muito difícil de se produzir uma exposição por menor que seja, aquelas pessoas que tem acesso ao blog poderão admirar algumas peças, no mínimo, interessantes. Espero que gostem e " Vive la France!"

"Voilá!":


Esta primeira obra é atribuída a Pierre-Auguste Renoir, artista impressionista francês dos mais famosos, sendo considerado junto com Monet, Sysley e outros, um dos fundadores do movimento impressionista. Pertencente à fase em que Renoir ainda dispunha de saúde capaz de permitir uma execução primorosa e detalhada em conjunto com pinceladas extremamente rápidas e precisas, esta obra mostra a Ponte Alexandre III em Paris, o Rio Sena e a cúpula lateral do Petit Palais. A ponte, cuja conclusão data de 1898, é uma homenagem da França ao tratado Franco-Russo do final do sec. XIX, foi posteriormente ornada com esculturas e luminárias e inaugurada na Exposição Universal de 1900, juntamente com o Grand Palais e o Petit Palais, também em parte representado. É possível sentir na pintura todo o clima da " Belle Époque".



A obra acima, de autoria de Tadashi Kaminagai, pintor japonês mas que pertenceu à chamada "Escola de Paris", retrata uma paisagem francesa com ponte, possivelmente em Lehon na Bretanha. A riqueza de colorido e a precisão de execução, são testemunhas da influência de grandes mestres franceses na vida de Kaminagai, como Matisse e Marquet. A eles também, o artista deve um grande aprendizado na absorção do verdadeiro "clima" das paisagens francesas, as quais fez questão de pintar até o final de sua vida e com grande maestria.


A paisagem francesa com ponte acima, pintada em Moret sur Loing, é de autoria do artista paulista Paulo do Valle Júnior e foi executada em 1911, época em que morou em Paris e estudou na famosa Academia Julian. As paisagens francesas de Valle Jr. são raras e reconhecidas pelo seu excelente acabamento e maturidade de paleta, oriundos do aprendizado com mestres da estirpe de J.P. Laurens, M. Baschet e H. Royer. O refino e delicadeza franceses estão presentes nesta pequena pintura.







O desenho acima, de autoria do famoso mestre pós-impressionista francês Maximilien Luce, executado quando da época da Primeira Guerra Mundial, retrata um soldado francês ferido em campo de batalha. Luce era um anarquista por natureza e alimentava um sentimento de repulsa às guerras e ao mesmo tempo de compaixão por suas vítimas, tendo inclusive executado uma série de pinturas das estações de trem de Paris, as famosas "Gares de Paris", e os trens que chegavam do "front" de batalha, carregados de feridos. Num desenho preciso e refinado, é possível captar nas figuras o sentido de impotência e abandono frente à tragédia da guerra.



A litogravura acima, intitulada "Le Troupeau" ( O Rebanho), foi executada por Jacques Camus, importante gravurista francês, que também se dedicou à pintura e às artes decorativas. Executada possivelmente em torno de 1940, mostra um rebanho de cabras numa paisagem de montanhas tipicamente européia, e por que não dizer, francesa. Interessante salientar, que a maior parte da produção gravada de Jacques Camus, se encontra no "Cabinet des Estampes" do Museu do Louvre, o que reforça o carater raro desta obra, executada com um acento de modernidade indiscutível.


Temos agora uma gravura em metal/ponta seca, de autoria desconhecida mas muito característica dos gravadores do final do sec. XIX e começo do sec. XX da Bretanha, na França. A cena retrata a maré baixa em Douarnenez, cidade portuária da Bretanha, com grande concentração de atividade pesqueira. A execução mostra um desenho preciso, rico em detalhes, tendo o artista gerado inclusive relevos com o pigmento em alguns setores, conferindo ao trabalho uma riqueza, geralmente característica das obras únicas. Uma observação atenta desta gravura, nos transporta aos sons e odores da maré baixa, emoldurados pelo ruídos e vozes dos pescadores que se preparam para a próxima pescaria.




Esta belíssima obra, cheia de cor e luz, que retrata a comemoração do 14 de Julho na França, é de autoria de Rodrigo Soares, pintor português de reconhecida qualidade, que antes de 1900 já havia participado de três edições do Salão de Paris, o que por si já lhe confere grande importância. Radicado em São Paulo desde o final do sec. XIX onde montou atelier, retornou várias vezes a Paris para estudos e a trabalho. Alguns retratos por ele executados, fazem parte do acervo da Academia Brasileira de Letras, juntamente com obras de Portinari, Guignard e outros artistas de reconhecido valor.

Para encerrar a mostra, um belíssimo exemplar do período Neoclássico francês, numa execução atribuída a Pierre-Paul Prud'Hon, pintor cuja qualidade de desenho e de execução pictórica, situa-se entre as dos maiores mestres franceses. O motivo é o mitológico "Zephyr", do qual Prud'Hon realizou várias telas com múltiplas variações. Uma pintura de extrema delicadeza, onde a perícia do mestre se faz sem dúvida presente.

Espero que tenham apreciado esta pequena exposição. " À bientôt"

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