Foi aberta no último Domingo, 26 de Outubro, a 28a. Bienal de São Paulo. Sob aplausos de uns e críticas de outros, o importante é que desde 1951, quando ocorreu a primeira delas, a cidade de São Paulo e também o Brasil, tem a oportunidade de travar contato com a chamada, digamos, "vanguarda atualizada" das artes plásticas mundial. Inegavelmente, alguns dos artistas que passaram por elas ao longo destes 57 anos, se transformaram em verdadeiros ícones das artes, geradores de tendências que foram seguidas por inúmeros outros jovens artistas ao redor do mundo. Hoje em dia, muito se questiona a razão da existência das bienais. A primeira delas, a de Veneza, que teve sua primeira edição em 1895, continua ainda a ser um grande peso no curriculum de quem nela teve a oportunidade de exibir seus trabalhos. A bem da verdade, com a Bienal de São Paulo não deixa de ser diferente, pois a mostra ganhou importância considerável no circuito das artes mundial, mesmo depois de algumas poucas edições. Suas salas especiais já dedicaram espaço e atenção a vários artistas, europeus e latinoamericanos como Picasso, Volpi e muitos outros, cujas obras hoje em dia, se tornaram verdadeiros objetos do desejo de muitos colecionadores e museus.
Das antigas bienais, cujas obras apresentadas ainda guardam maior identidade com a grande massa do público de hoje em dia, gostaria de lembrar de alguns artistas, os quais em minha opinião, marcaram suas presenças com propostas interessantes, algumas delas talvez, ainda não compreendidas:
Começo com Valdir Sarubbi, artista paraense, que participou das Bienais de 1972 e 1974(hors concurs). Sarubbi, que infelizmente morreu de forma precoce em 2000, era possuidor de um desenho de altíssima qualidade, reconhecido e premiado no Brasil e no exterior. Em suas diversas fases, trouxe para o plano da tela ou do papel, uma temática baseada na vida amazônica, enaltecendo a sua própria origem e dando o devido valor ao que é nosso, ao que é brasileiro. A obra acima, um estudo para a série "Este Rio é Minha Rua", exala uma certa "amazonicidade", se é que o vocábulo existe, nos transportando para um barco a percorrer os igarapés existentes na imensidão amazônica. As obras de Sarubbi, mesmo suas gravuras, são raríssimas e acredito que com o tempo, o reconhecimento desse grande artista virá.
Outro participante da Bienal de São Paulo(1994) que merece menção é Saint Clair Cemin. Este gaúcho de Cruz Alta, nascido em 1951, é hoje um dos mais destacados artistas brasileiros no exterior. Com ateliês no EUA e Europa e obras em vários museus e coleções particulares ao redor do planeta, Saint Clair vem realizando um trabalho marcante, principalmente no campo da escultura. Suas peças são disputadas nos melhores leilões de arte de Sotheby's e Christie's, atingindo algumas delas preços bem altos. Só para exemplificar, no próximo dia 20 de Novembro, uma escutura sua, executada em madeira e metal, vai a leilão na Christie's de Nova York com estimativa entre US$ 12.000 e US$ 18.000. A obra acima, é um desenho de Saint Clair da dec. 70, quando ele ainda estudava na França. Ainda vamos ouvir muito dele por aí....
Um artista do qual gosto muito do trabalho, autor da obra acima e que participou da Bienal de São Paulo de 1967, é Gilberto Salvador. Considero seu trabalho consistente e todas as suas fases possuem um fio condutor, que dá ao conjunto da obra uma coerência muito grande, sinal de evolução embasada em pesquisa e muito, mas muito trabalho. Hoje além das atividades de artista plástico, Gilberto Salvador criou uma fundação que leva seu nome, e que patrocina e gerencia uma série de eventos e atividades no âmbito da cultura. Mais um nome consagrado que passou pelos pavilhões do Ibirapuera.............
Na próxima postagem, vou selecionar mais alguns participantes de Bienal que vale a pena serem lembrados. Afinal, temos quarenta dias para falar e principalmente visitar a Bienal. Nem que seja por pura diversão.
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