Maria Leontina, Rosto de Mulher, Pastel sobre papel, Coleção Particular |
Em Março de 2009, escrevi um post sobre Maria Leontina e hoje coloco no ar mais um com algumas informações diferentes, até como homenagem e em memória aos 100 anos de nascimento da artista comemorados em 2017, quando inclusive a Dan Galeria produziu uma magnífica exposição com muitas obras inéditas da pintora. Apesar de alguns meses de atraso, como a arte é eterna, a homenagem ainda está em tempo.
Maria Leontina Mendes Franco da Costa nasceu em São Paulo em 1917, filha de família tradicional paulistana. Começou a se interessar pelas artes plásticas após visitar uma exposição de Fávio de Carvalho, tendo iniciado o aprendizado de desenho com Antônio Covello em 1938 e em seguida o de pintura com Waldemar da Costa. Em 1946 já no Rio de Janeiro, passa a frequentar o atelier de Bruno Giorgi e estuda Museologia no Museu Histórico Nacional entre 1946 e 1948. Em 1949 casa-se com o pintor Milton Dacosta. Começou a expor em 1942 no Salão Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro e desde então foram inúmeras as suas exposições individuais e coletivas, das quais podemos destacar a Bienal de Veneza de 1950, 1952 e de 1956, a I e III Bienal de São Paulo, I Salão Nacional de Arte Moderna do MAM Rio, o Salão de Maio de Paris de 1952 entre muitas outras. Entre os vários prêmios recebidos cabe citar o da Fundação Guggenheim em Nova York em 1960.
Considerada uma das melhores coloristas entre todos os artistas brasileiros, teve sua temática mais voltada ao expressionismo no começo de sua carreira. O desenho reproduzido acima é típico desta fase expressionista e demonstra a forma fluida do desenho de Leontina, aliás técnica que explorava muito bem e que mereceria melhor estudo pelos curadores e conservadores brasileiros. Com o tempo, após sua viagem à França na década de 50 como bolsista pelo governo francês, começa a migrar para a abstração, também sob forte influência do marido Milton Dacosta. Como consequência desse processo, enveredou pelo abstracionismo geométrico mas com características próprias e marcantes, principalmente por um colorido de bom gosto indiscutível tanto na utilização de uma paleta baixa como alta. Sua carreira culminou com a série dos "Estandartes" (vide um exemplar abaixo) , talvez a fase mais conhecida pelo mercado, durante a qual produziu óleos, desenhos e gravuras nos quais explorou o contraste e superposição de planos de cores ora vibrantes ora sombrios, mas sempre com resultado estético de grande qualidade. Até o final de sua vida, suas obras foram mostrando uma síntese de seu trabalho, nas quais linhas ligeiras acompanhavam planos coloridos, induzindo a formas que o observador as intuía com facilidade.
Maria Leontina, Estandarte, Pastel sobre Papel. Foto: Rômulo Fialdini. Fonte: Itaú Cultural |
Suas obras estão presentes nos mais importante museus brasileiros como o MNBA, MAM RJ, MAC USP entre muitos outros. Sem sombra de dúvida Maria Leontina deve constar da relação do seleto grupo dos grandes artistas brasileiros. Alexandre Dacosta, filho da artista, disse em 2017 que pretende iniciar os trabalhos de catalogação da obra da pintora, aliás sugestão que eu já havia dado em 2009 quando do primeiro post. O mercado vai agradecer muito.
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