sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Sörensen - A poesia da cor

Carlos Haraldo Sörensen, ou simplesmente Sörensen, como assinava seus quadros, foi um artista brilhante, e mais que isso, um personagem das artes como um todo. Além de pintor, foi arquiteto, gravador, ilustrador, tapeceiro, poeta, ator, figurinista, cenógrafo e ceramista. Este "autêntico" dinamarquês nascido em Bauru - SP, fez de tudo um pouco no campo das artes, culminando como cenarista do programa "Fantástico" da Rede Globo, tendo antes disso passado pela Tupi, com incursões pela Record e Bandeirantes. Foi também carnavaleso premiado pelos figurinos da Portela e bailes de carnaval históricos no Rio de Janeiro. A breve descrição anterior já é suficiente para perceber que Sörensen podia ter tudo, menos preguiça.


No campo da pintura, estudou com Lhote e Gleizes na França e trabalhou com Di Cavalcanti e Santa Rosa no Brasil. É necessário falar mais alguma coisa? As cores quentes de seu país tropical, renderam-lhe o adjetivo dado por A. Lhote de "colorista" . Realmente as obras de Sörensen são poesias coloridas de uma vibração e intensidade sem paralelo. Suas pinceladas generosas, rápidas e nervosas, com precisão de quem conhece o ofício de pintor, retratam uma arte figurativa, cheia de paisagens, marinhas, casarios e naturezas mortas, muitas delas carregadas de flores multicoloridas, como a reproduzida acima, dentro de um ambiente artístico onde a abstração era (e ainda é) a "coqueluche" da intelectualidade, sem que isso o fizesse menor. Sua arte é densa, cheia de vida e calor. Experimentou também a geometrização, talvez resquício da convivência com o mestre Lhote, mas sem abrir mão daquilo que mais prezava em seus quadros: a cor.

Produziu também murais(junto com Di Cavalcanti) tapetes, cerâmicas e assemblages, estas últimas inclusive, com um "sotaque" de vanguarda de quem preza a liberdade e busca novas formas de expressá-la.

Participou de várias exposições individuais e coletivas, destacando-se a sala paralela da Bienal de São Paulo de 1963, e suas obras estão presentes em museus e coleções brasileiras importantes.
Faleceu em fevereiro de 2008 deixando saudades e um legado de alegria constante, irradiada pela luz sublime que emana de seus quadros, repletos de Brasil, de poesia, de calor e cor, muita cor.

3 comentários:

Unknown disse...

Pena que foi esquecido pelo meio artístico e galerias de arte brasileiros. Pena mesmo porque este pintor era genial, soube como poucos mostrar as cores do Brasil. Tenho a felicidade de ter uma obra dele.

Dalton Fugita

AHR disse...

Grande artista mesmo. As cores e o movimento de suas obras mostram claramente sua veia da escola de paris. Também tenho a felicidade de ter uma obra deste genial artista brasileiro. Alexandre.

Anônimo disse...

Sörensen foi mesmo um grande artista! Ele era um grande amigo do meu bisavô, e tenho um dos seus quadros.
Engraçado como rabiscos de um espanhol chamado Pablo Picasso podem ficar muito famosos enquanto obras de arte únicas são simplesmente esquecidas com o tempo.