quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Bruno Giorgi - Um Escultor do Modernismo Brasileiro


Na última postagem, falamos um pouco de Alfredo Volpi e suas badeirinhas, caminhando de forma bem superficial pela evolução de seu processo criativo. Dentro deste processo, uma figura que teve grande importância, e que merece um comentário específico é Bruno Giorgi, um dos nossos maiores escultores modernistas, cuja amizade com Volpi só foi interrompida pela morte.

Nascido em 1905 em Mococa, no estado de São Paulo, esse filho de imigrantes italianos, começou seus estudos artísticos pela dec. 20 em Roma, para onde a família havia se mudado, na Academia de Belas Artes, mas foi apenas em meados dec. de 30 que Bruno Giorgi se aproximou mais da atividade artística, em meio ainda a uma conturbada vida de ativista político, que lhe rendeu inclusive prisão e extradição da Itália. Após breve passagem pelo Brasil, volta à Europa e estava em Paris em 1937, em função de suas atividades políticas de conspiração contra o regime fascista italiano, quando começou a frequentar os ateliês livres da Grand Chaumière em Montparnasse e Ranson, onde assiste as aulas de modelo vivo com Aristide Maillol, que se tornou seu grande ídolo. É dessa época também o contato com o escultor e ex-assistente de Rodin, Charles Despiau. Em 1938 e 1939, já tem trabalhos expostos no Salão da Tulherias e no Salão de Outono da capital francesa. Em 1940, com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, volta ao Brasil acompanhado da esposa, Giuliana e do irmão Cesare.



Bruno Giorgi - Estudo para escultura
Morando em São Paulo, frequenta o Palacete Santa Helena e participa da Família Artística Paulista, solidificando a amizade com Joaquim Lopes Figueira Jr. e principalmente com Volpi, que conheceu em seu breve retorno de 1936. Começa a frequentar assiduamente o meio artístico paulista e brasileiro, participando de exposições em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Amplia o leque de amizades, travando conhecimento e expondo em conjunto com nomes como Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Rebolo, Brecheret, Tarsila e muitos outros. Com a amizade e o apoio de Mario de Andrade e outros intelectuais e críticos de arte, ascende, de forma justa, a um dos mais altos conceitos dentro da escultura brasileira.
Realizou muitas exposições, individuais e coletivas, no Brasil e no exterior, incluindo as Bienais de São Paulo e de Veneza, conquistando renome internacional. Realizou uma série de esculturas para Brasíia em 1959/1960, onde a obra "Candangos" , reproduzida abaixo, é um dos símbolos da cidade.

Bruno Giorgi - "Candangos" Fonte: O Globo
As obras de Bruno Giorgi estão hoje presentes em importantes museus no Brasil e no exterior e são disputadas por colecionadores de todo o mundo. Seus torsos, meteroros, labaredas e também propriamente os candangos, são presença obrigatória na relação de todos aqueles que querem formar uma boa coleção. Estarão sem dúvida adquirindo obras de um dos maiores artistas do modernismo brasileiro e internacional. Bruno Giorgi faleceu vítima de problemas cardíacos em 1993 no Rio de Janeiro, local que o acolheu carinhosamente como filho e morador na dec.50, inclusive outorgando o título de "Cidadão Carioca" ao paulista "vero italiano", da pacata "ma non tropo" Mococa.

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