quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Uma pequena pintura atribuída a Renoir I - A small painting attributed to Renoir (part I)

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English Abstract
The text below and the three next posts are about a small painting attributed to Pierre-Auguste Renoir, one of the most important painters of the french impressionism. All the technical, stylistic and historical researches are briefly described, including some comments about the relationship with the Wildenstein Institute and other players of the international art market. It's about a painting that amazes for its perfection and beauty. Anyway the painting is for sale. Price upon request.
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Desde que publiquei minha singela contribuição ao Ano da França no Brasil, tenho recebido mensagens de pessoas curiosas sobre justamente a obra reproduzida acima, atribuída a Pierre Auguste Renoir, um dos mais importantes pintores impressionistas franceses, aliás, um dos fundadores do movimento. Alguns elogiam, outros estranham tamanha perfeição, mas o mais importante é a unanimidade com relação à beleza e execução magistral da pequena pintura, digna de mestres nada menores que Renoir. Esta pequena obra já nos consumiu duas décadas de estudos e pesquisas, cujos resultados sempre apontaram para a sua autenticidade. Ela foi levada inclusive para os EUA, onde foi tecnicamente analisada na McCrone Associates de Chicago, que ficou famosa quando da análise do Santo Sudário e do Mapa de Vinland. Os resultados foram perfeitos: paleta do pintor e época confirmadas, além de mostrar outros detalhes de execução que são quase que exclusivamente particulares de Renoir.


Esta pintura, veio da coleção de José Maria Lisboa Júnior, antigo proprietário do Diário Popular de São Paulo, que possuia um excelente acervo, composto por obras de artistas nacionais e estrangeiros de alto nível. No verso da pintura( vide abaixo), existe um endereçamento a Lisboa Junior - Diario Popular, com uma assinatura que nos parece Paul ou Paulo.

Pesquisas mais recentes, mostram que a assinatura no verso pode pertencer ao escritor, poeta e jornalista Paulo Setúbal, o qual também escreveu para o Diário Popular nas décadas de 20 e 30. É de conhecimento que Paulo Setúbal teve de ir várias vezes à Europa para tratamento de saúde, o que não o impediria de ter adquirido a obra para si ou mesmo para o próprio Lisboa a pedido. Infelizmente ainda não localizamos qualquer documento que possa comprová-lo. Fato interessante para mostrar os laços entre as famílias Lisboa e Setúbal, é que o retrato de Paulo Setúbal no acervo da Academia Brasileira de Letras, da qual ocupou a cadeira de número 31, foi pintado por Rodrigo Soares, que era cunhado de Lisboa Júnior. Saliente-se também que a família Setúbal foi vizinha da casa de Lisboa Júnior, na Rua Sergipe em Higienópolis, São Paulo. Acreditamos até, que proximidade era o que não faltava.

Nota acrescentada em 03/08/2015: Em pesquisa recente nos arquivos da Casa Paulo Setúbal, em Tatuí - SP, com a consulta a vários manuscritos do escritor, comprovou-se ser no texto do verso da obra a caligrafia e uma das assinaturas utilizadas por Paulo Setúbal. O mais interessante é que Tatuí, cidade natal de Paulo Setúbal, é vizinha a Itapetininga, onde moramos.

Voltando à análise da pintura, levamos a pequena obra a Paris, para que fosse analisada pelo Wildenstein Institute, cujos especialistas estão preparando o catálogo crítico de Renoir. A obra ficou lá alguns dias para depois disso eles emitirem uma nota dizendo que não encontraram documentos que pudessem permitir a autenticação. Com relação à pintura, nenhuma observação.
Realmente, o que assusta qualquer especialista, é a perfeição da obra. Executada em toques rápidos e precisos, é sem sombra de dúvida uma obra de mestre, de alguém que buscava a perfeição. Em futuras postagens, vou continuar com a história e dar mais detalhes dos estudos, pois são muito interessantes. E apenas para colocar um pouco de "pimenta" no assunto, deixo abaixo registrada a imagem do que consideramos ser a assinatura da obra.

E afinal, alguém vê semelhança com as assinaturas de Renoir? Até a próxima.

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