Agora, que a poeira já abaixou, e as obras foram recuperadas, pensei que caberia fazer algumas considerações sobre o episódio. A facilidade do roubo realmente salta aos olhos de qualquer um, mais do que o " profissionalismo" de quem executou. Realmente, quem roubou os quadros do MASP, roubou obras de arte pela primeira vez, apesar de que pelo tempo em que fizeram a operação, parecia até que tinha sido ensaiado. O que mais estranho é que, em qualquer lugar do mundo onde casos semelhantes acontecem, dificilmente a obra fica na mesma cidade por tanto tempo. Geralmente, esse tipo de serviço é feito por encomenda, afinal, colecionador sem escrúpulos é o que não falta, ou então a título de sequestro, onde posteriormente se pede um resgate. Vingança ou mesmo tentativa de molestar o museu ou alguém que a ele pertença é uma alternativa que prefiro nem pensar pois seria tão baixo que , se fosse verdade, seu mentor deveria ser localizado e preso, mesmo que fosse um " figurão". Em nenhum dos dois primeiros casos entretanto, para um profissional, se correria o risco de ficar tão próximo às tentativas de busca e recuperação. Já na última hipótese aventada, tudo seria possível...........
Por mais que algumas pessoas não concordem com o modelo da atual administração do museu, achei de muito mau gosto o "apedrejamento" executado, pois atingiu de certa forma outras pessoas, que participam há anos da administração do MASP, com dedicação, carinho e competência. Pessoas como Luis Hossaka, Eugênia, Ivani e muitos outros, não podem ser esquecidos ou transformados em vilões ou mesmo profissionais incompetentes em função de um fato isolado, provocado sabe-se lá por que reais motivos.
Ouvi gente inclusive me questionando se as obras que retornaram são realmente as autênticas ( fato que me estimulou a escrever este texto), pondo em dúvida a competência e a qualidade profissional dos funcionários do quadro técnico do museu. Depois que se explica para os interessados a qualidade de quem está lá e os procedimentos que se levam a cabo nessas situações, as pessoas entendem que seria impossível, ou no mínimo uma possibilidade remotíssima.
Crucificaram a atual presidência do MASP, e aqui não vou entrar no mérito da agressão, mas não me lembro de ter lido nenhuma matéria nos jornais ou na Internet falando das qualidades da equipe técnica do museu. É uma pena que nessas horas, a mídia só vê a parte vazia do copo, e esquece, ou propositalmente não quer ver, a boa quantidade de vinho de primeira qualidade que ainda está lá. Temos que rezar e torcer para não transformarem o MASP em mais um trampolim político ou um buraco negro de nepotismo e clientelismo político. Toda essa estória só transpira vaidade, de um lado e do outro. Que as reais boas intenções para se manter ou melhorar este que é o melhor museu da América Latina apareçam. Mas as reais boas intenções. As outras que sumam. Visitem o MASP, ele merece.
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
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