Há um bom tempo que pretendo publicar um texto sobre Rubem Cassa, autor da paisagem reproduzida acima, pertencente ao nosso acervo. Não há uma biografia extensa sobre o artista em todos os compêndios pesquisados e sua cronologia vai até 1959, relativamente curta para um pintor que nasceu em 1905.
Nascido em São Paulo, Cassa mudou-se para o Rio de Janeiro em 1910, onde quinze anos mais tarde, já como pintor auto-didata, conheceu Portinari de quem foi aluno e assistente, juntamente com Burle-Marx e Enrico Bianco. Começou a participar de exposições coletivas em 1939, tendo participado do Salão Nacional de Belas Artes, no qual recebeu a medalha de prata em 1941, do Salão Nacional de Arte Moderna em 1953 entre outros. Teodoro Braga o citou em seu livro "Artistas Pintores no Brasil" e o historiador argentino Jorge Romero Brest fez-lhe referências inclusive reproduzindo o quadro "Flores", mostrado abaixo, em seu livro "La Pintura Brasileña Contemporânea", editado em Buenos Aires em 1945.
É relativamente fácil perceber o "impasto" generoso dos pigmentos aplicados sobre ambas as telas representadas como uma espécie de "fio condutor" entre os trabalhos, apesar de serem cronologicamente bem distantes uma execução da outra. Mas é nítido também o desenho elaborado e a utilização de uma paleta relativamente baixa, onde predominam os terras e marrons. O artista parece brincar com a luz, utilizando-se dela para realçar volumes e dar grande harmonia ao conjunto. Suas obras são vistas muito raramente. Uma das últimas vezes em que teve uma obra exposta foi na exposição "O olhar modernista de JK" em 2006, exposição esta comemorativa da exposição de modernistas patrocinada por Juscelino Kubitschek em 1944 em Minas Gerais, da qual Cassa havia participado. Apesar de poucas obras e informações disponíveis trata-se sem dúvida um grande artista.