
Na foto, Renoir em 1904.
Renoir não suportou muito tempo a convivência com o velho mestre suiço e resolveu sair do ateliê de Gleyre. Juntamente com Monet, pegaram os cavaletes e foram pintar ao ar livre, como diria outro impressionista, Paul Cezanne, "sur le motif". Foi desse modo que Renoir e seus companheiros começaram a captar a luz plena das paisagens, em quadros que representavam um determinado instante da situação pintada, onde rios, matas e o céu ganhavam um colorido diferente, mais límpido e vivo. Mas longe de ter sido fácil serem entendidos. Com isso, Renoir não vendia muitos quadros e para se sustentar fazia retratos da burguesia da época. Muitas vezes teve que dar quadros em pagamento do aluguel, de comida e também dos materiais de pintura que utilizava. O retrato reproduzido abaixo, que mostra a Condessa de Pourtalès, pertencente ao acervo do MASP, é um bom exemplo dos retratos pintados por Renoir.



Após alguns anos, no final da década de 1880 e início da década de 1890, Renoir retorna ao estilo antigo mas desta vez um pouco suavizado. Impressionismo em alguns detalhes e melhor acabamento em outros. Nesta fase, Renoir pintou obras maravilhosas, onde prevalecem as suas famosas banhistas, cenas de jovens no campo com chapéus floridos, e paisagens executadas de uma forma mais suave, onde as pinceladas continuam sendo rápidas mas um pouco mais leves. Aparecem alguns verdes realizados de forma mais "esfumada", com toques de amarelo para a luz e de azul para indicar as partes sombreadas, tudo dentro de uma harmonia e um estilo inconfundível. A paisagem com ponte reproduzida abaixo, que pertence à Reunião dos Museus Franceses, é um exemplo desta pintura.

Em meados da década de 1890, Renoir começa a sentir os efeitos de uma doença que muito o abalou: a artrite reumática deformante. Sentia dores nas mãos e nas juntas, a ponto de quando, em função do incômodo que geravam, acordava durante a madrugada, pedia material de pintura e executava pequenas pinturas em madeira para suportar e tentar esquecer o mal que sofria. No Natal de 1898, foi acometido da sua mais forte crise de artrite, a ponto de não poder mexer as mãos e os braços. A partir deste momento, o estado de sua saúde só se agravou. Mas quem vê a pintura de Renoir, não consegue ver nela os efeitos de um homem doente e atormentado pela dor. Sempre pintou a alegria de viver. A estória de que ele amarrava os pincéis às mãos para pintar é pura fantasia. Sofria mas reclamava pouco, principalmente se tinha algum motivo para pintar.
Foi casado com Aline Charigot, que além de esposa lhe serviu de modelo, e com ela teve três filhos: Pierre, que foi ator famoso na França, Jean, que foi um dos mais renomados diretores de cinema do mundo e Claude, o mais novo, que se dedicou à cerâmica.
Pintou praticamente até o últimos dia de vida e faleceu em 3 de dezembro de 1919 em Cagnes sur Mer, para onde havia mudado em função do clima que lhe era mais favorável, deixando uma obra extensa e maravilhosa, estimada em mais de 6000 peças. Hoje sua catalogação é feita pelo Wildenstein Institute e pela Galeria Berheim-Jeune, sendo que François Daulte editou dois volumes do catálogo de figuras de Renoir. Em futuras postagens, comentaremos sobre outros importantes mestres impressionistas.
Um comentário:
Obrigada, ajudou muito no meu trabalho!
Postar um comentário