As novas gerações, principalmente dos recém chegados ao mercado de arte, desconhecem quase que por completo o nome de Sophia Tassinari. Infelizmente. Talvez esta seja uma das maiores injustiças que o mercado e o mundo da arte cometem, justamente a uma artista que possuía uma enorme sensibilidade, sem contar é claro, dos grandes conhecimentos que tinha da técnica pictórica, do desenho, da escultura e também da cerâmica.

Dona Sophia, como eu costumava chamá-la, foi aluna de Anita Malfatti e Mario de Andrade. Pertenceu ao Grupo Guanabara, do qual faziam parte Fukushima, Mabe, Ianelli e outros, com os quais percorria os arredores da cidade de São Paulo, pintando paisagens pitorescas das chacrinhas, das várzeas, rios e outros motivos que eram retratados com desenho preciso, paleta suave e equilibrada e em toques rápidos, para não se perder o efeito da luz no ambiente e traduzí-lo da forma mais fiel possível, como na paisagem acima, que está reproduzida em seu livro "Sophia Tassinari e Sua Arte", editado quando da exposição no MASP na dec. de 80. Aliás, Pietro Maria Bardi, além de ter feito a introdução do livro, era fã declarado de D. Sophia.
Com o tempo, a artista foi crescendo mais e mais em sua arte. Começou a pintar e desenhar a figura humana com mais frequência e suas paisagens ganham cores um pouco mais vivas com um desenho mais solto ou "mais livre das formas" como ela mesma gostava de dizer.
Fundou e comandou por muitos anos a Galeria Azulão em São Paulo, por onde passaram muitos dos grandes artistas brasileiros e que também ficou famosa pelas "Feirinhas de Natal" que promovia, onde se podia comprar obras de arte de uma infinidade de artistas a preços módicos. Com isso D. Sophia ajudou a promover muitos artistas que hoje despontam no cenário artístico brasileiro e que, com certeza, lhe são muito gratos.
Sophia foi escultora pois "gostava de sentir as formas" e também gravadora, ceramista e muralista, tendo também executado jóias em prata e pedras semi-preciosas do Brasil. Enfim, uma experiência artística muito rica, cujo legado ainda será resgatado e amplamente difundido para que, finalmente, Sophia Tassinari tenha o lugar que merece no cenário da arte brasileira.